Categories
Journal Articles

A Europa em tempo de crise

I. Em tempo de ditadura da Troika
Ao longo de 2007, os EUA sofreram uma das piores crises financeiras da história, que logo envolveu também a Europa, e que precipitou uma dura recessão. Devido ao pesado aumento da dívida pública e do consequente perigo de insolvência, muitos países tiveram de recorrer a empréstimos junto ao grupo constituído pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional, isto é a chamada Troika.

Os créditos às nações com risco de default foram concedidos em troca da introdução de inflexíveis políticas de austeridade, em relação às quais as pesadas “reestruturações” dos anos de 1990 pareceram medidas moderadas. A partir de 2008, foram implementados treze programas de resgate (bailout programs): na Hungria (2008-11), na Letônia (2008-11) [1], e três na Romênia (2009-15), na área da União Europeia, além dos três da Grécia (2010-2018), o da Irlanda (2010-2013), o de Portugal (2011-14), os dois de Chipre (2011-16) e o da Espanha (2012-13), dentro da eurozona.

A própria expressão “reformas estruturais” acabou sofrendo uma radical transformação semântica. O termo, que pertencia ao léxico do movimento operário, para indicar a lenta, mas progressiva, melhoria das condições sociais, tornou-se, ao contrário, sinônimo de destruição do welfare state. Este tipo pseudorreformas, que na verdade são verdadeiras involuções, tem cancelado numerosas conquistas do passado e tem estabelecido condições legislativas e econômicas que recordam as do capitalismo rapaz do século XIX.

Neste quadro, abriu-se um terrível ciclo recessivo, do qual a Europa, que hoje está lutando contra o espectro da deflação, ainda não saiu. A forte compressão salarial determinou a queda da demanda, com a consequente queda do produto interno bruto, e o desemprego alcançou níveis nunca registrados no segundo pós-guerra. De 2007 a 2014, o desemprego passou de 8.4% para 26.5% na Grécia, de 8.2% para 24.5% na Espanha, de 6.1% para 12.7% na Itália e de 9.1% para 14.1% em Portugal. Em 2014, a falta de trabalho para uma geração inteira de jovens alcançou níveis epidêmicos: 24.1% na França, 34.7% no Portugal, 42.7% na Itália, 52.4 na Grécia e 53.2% na Espanha. De fato, supera o milhão o número de jovens desses países – trata-se sobretudos dos mais qualificados e que possuem uma melhor instrução – que foram obrigados a emigrar[2].

Estamos diante de uma nova modalidade de luta de classes, conduzida com grande determinação pelas classes dominantes contra as subalternas, cuja resistência foi frequentemente débil, desordenada e fragmentada [3]. Isso ocorreu tanto nos centros capitalistas mais desenvolvidos, onde a redução dos direitos dos trabalhadores atingiu níveis inimagináveis trinta anos atrás, quanto nas periferias do mundo, onde as empresas, muitas vezes multinacionais, exploram de forma extrema a mão de obra e continuam a depredar o território de seus preciosos recursos naturais.

Esses processos geraram um enorme aumento das desigualdades e uma significativa redistribuição das riquezas em favor da parte mais rica do planeta. As próprias relações sociais passaram por profundas mudanças, marcadas por uma precariedade incondicional, por uma extrema concorrência entre os trabalhadores, por uma mercantilização de diversos âmbitos da existência, por uma guerra social entre as classes mais pobres e por um novo e mais invasivo capitalismo, que corrompe de forma inédita as consciências e as vidas.

A crise na Europa transferiu-se rapidamente para a dimensão política. Nos últimos vinte anos, o poder de decisão passou cada vez mais da esfera política para a esfera econômica. A economia tornou-se um campo separado e imutável onde se tomam as decisões mais importantes, cada vez mais subtraídas ao controle democrático. Essas, que não muito tempo atrás eram consideradas medidas políticas, tornaram-se hoje incontestáveis imperativos económicos que, sob a máscara ideológica da apoliticidade, ocultam, ao contrário, um sistema perigosamente autoritário e um conteúdo totalmente reacionário.

O caso mais emblemático é representado pelo Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governança da União Econômica e Monetária . Entrado em vigor em 2013, o chamado fiscal compact impôs a introdução do equilíbrio orçamentário nas constituições dos países da União Europeia. Isto significa que cada nação assume a obrigação de permanecer, num período de vinte anos, dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Tratado de Maastricht em 1993, ou seja, que a dívida pública não poderá ultrapassar o limite de 60% do PIB. Esta proporção, de acordo com as estatísticas de 2014, atualmente é de 92% na zona euro (de 74,4% na Alemanha e 89,4% no Reino Unido, o país que, como a República Checa, não assinou o acordo), com pontas máximas na Bélgica de 106,5%, em Portugal de 130,2%, na Itália de 132% e na Grécia de 177%.

Esta decisão representa um muro erguido para impedir aos diferentes parlamentos, também aos futuros, escolhas autônomas sobre o tipo de política econômica a ser implementada. Ela implica a destruição do estado de bem-estar nos países mais endividados e, nesta fase econômica, ela pode agravar ainda mais a atual recessão. Dentro desta ofensiva mais geral, assim como havia acontecido em alguns países anglo-saxões, na França desde 2007, e na Itália a partir de 2011, foram introduzidas novas figuras, responsáveis por “racionalizar” a despesa pública: os comissários para a spending review. As medidas que eles propuseram, em vez de reduzir o desperdício, como havia sido anunciado, resultaram em uma diminuição na quantidade e na qualidade dos serviços. A etapa seguinte deste projeto prevê a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (PTCI), um acordo entre a União Europeia e os EUA em torno do qual estão em curso negociações confidenciais, as quais levariam a uma maior desregulamentação do comércio, à primazia do lucro das empresas sobre o interesse geral e ao consequente aumento da concorrência, o que geraria novas reduções salariais e menos direitos para os trabalhadores.

A transferência de poder desde os parlamentos – já esvaziados de seu valor representativo pelas mudanças introduzidas nos sistemas eleitorais, assim como pelas revisões da relação entre o poder executivo e o legislativo – para as instituições oligárquicas internacionais, cujas diretivas neoliberais favorecem o domínio incondicional do mercado, constitui o ataque mais grave à ordem democrática do nosso tempo [4]. Revela o rosto de um capitalismo em grave crise de consenso e incompatível com a democracia. Por outro lado, nos poucos referendos convocados após da aprovação do Tratado de Maastricht, as decisões dos poderes tecnocráticos dominantes na Europa foram muitas vezes derrotadas pelo voto popular. Isso aconteceu na França e na Holanda em 2005, em relação aoTratado sobre a Constituição Europeia [5]; e, posteriormente, também na Irlanda em 2008, contra o Tratado de Lisbo [6]

Os índices da bolsa, as avaliações das agências de entre as taxas dos títulos de Estado, são enormes fetiches da sociedade contemporânea, que adquiriram um valor maior do que a vontade popular. As escolhas que mais prejudicam as massas são apresentadas como necessidades imprescindíveis para “restabelecer a confiança” dos mercados.

No melhor dos casos, a política é chamada a sustentar a economia, como aconteceu depois de 2008, tanto nos EUA quanto na Europa, quando foram realizados os resgates bancários. Os representantes da grande finança necessitaram da intervenção política do Estado para mitigar os estragos produzidos pela mais recente crise capitalista, mas eles recusaram-se a renegociar as regras e as escolhas econômicas gerais. Nem sequer a substituição de governos de centro-direita por governos de centro-esquerda alterou o panorama econômico-social, uma vez que é a economia que está determinando, cada vez mais, a formação, a composição e a finalidade dos executivos que assumem o poder. Se, no passado, isto se realizava através da grande quantidade de dinheiro alocada pelo poder econômico a governos ou partidos políticos a serem controlados e pelo condicionamento dos meios de comunicação, no século XXI acontece por decreto das instituições internacionais.

Este fenômeno teve sua manifestação mais evidente com a breve onda de “governos técnicos”. No espaço de uma semana – entre os dias 11 e 16 de novembro de 2011 – Lucas Papademos e Mario Monti, representantes exemplares do poder econômico dominante (o primeiro tinha sido vice-presidente do Banco Central Europeu de 2002 a 2010), foram nomeados sem escrutínio popular, primeiros-ministros da Grécia e da Itália. Papademos permaneceu no cargo por apenas sete meses, enquanto Monti, graças ao apoio determinante do Partido Democrático (PD), por um ano e meio. Campeões de austeridade, eles implementaram, contemporaneamente, drásticos cortes de gastos e ulteriores sacrifícios sociais. Suas experiências políticas revelaram-se breves, já que ambos foram drasticamente derrotados assim que a palavra foi devolvida aos eleitores, mas a atuação de seus governos foi deletéria, tanto pelas escolhas feitas no plano econômico, quanto, e talvez mais, por causa do vulnus democrático representado pelas modalidades de sua investidura.

Algumas das forças da Internacional Socialista tomaram, nos últimos anos, um caminho que teve um resultado semelhante ao dos “governos técnicos”. Armados pela convicção ideológica de que não há alternativa ao neoliberalismo – embora a crise de 2008 tivesse mostrado os desastres que esse tinha sido capaz de produzir, e a administração Obama, com o American Recovery and Reinvestment Act de 2009, tivesse realizado escolhas diferentes – elas se aliaram com as forças do Partido Popular Europeu (PPE), o grupo que reúne partidos europeus de centro-direita, aceitando acriticamente suas principais orientações econômico-sociais. O protótipo desta tendência foi a Grande Coalizão na Alemanha, o acordo através do qual o Partido Socialdemocrata Alemão, apoiando a chanceler Angela Merkel de 2005 a 2009 e de 2013 até hoje, praticamente abriu mão de sua própria autonomia.

Outros experimentos de “unidade nacional” surgiram na Europa meridional. Na Grécia, de 2012 a 2015, o Movimento Socialista Pan-helênico (PASOK), e, por um tempo, também a Esquerda Democrática (DIMAR), apoiaram o primeiro-ministro do partido Nova Democracia (ND), Antonis Samaras. Na Itália, após as eleições de 2013, o Partido Democrático assumiu o governo – chefiado pelo seu vice-secretário Enrico Letta – juntamente com a coalizão de centro-direita do Povo das Liberdades (PDL), liderada por Silvio Berlusconi. Em 2014, ele foi substituído pelo jovem neo- blairiano Matteo Renzi, que criou um governo com o Novo Centro-Direita (NCD) – formado por um grupo que havia abandonado de movimento de Berlusconi –, com o qual encontrou um acordo sobre algumas significativas “reformas” eleitorais e constitucionais. Com a eleição de Jean-Claude Juncker7 [7] como presidente da Comissão Europeia, a grande coalizão entre o Partido Popular Europeu e o grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e dos Democratas (S&D) hoje governa também as principais instituições da EU.

As medidas adotadas na política externa desses governos socialdemocratas confirmaram a descontinuidade com o passado. De fato, em 1999, o governo liderado pelos Democratas de Esquerda (DS), os herdeiros do velho Partido Comunista Italiano, autorizou a segunda intervenção militar da história italiana, após 1945: os bombardeios da OTAN no Kosovo, conhecidos também pelo uso de munições de urânio empobrecido. Em 2003, os trabalhistas ingleses juntaram-se ao republicano George W. Bush na Segunda Guerra do Golfo contra o “Estado bandido” iraquiano, falsamente acusado de possuir armas de destruição de massa [8]. Entre estes dois conflitos, nenhuma força do socialismo europeu se opôs à intervenção no Afeganistão, aos devastadores “efeitos colaterais” causados à população e, mais em geral, à campanha Enduring Freedom (“Liberdade Duradoura”) promovida pelo governo dos Estados Unidos da América.

Mesmo a questão ecológica, por fim, foi muitas vezes relegada a declarações de princípio, que raramente foram traduzidas em medidas legislativas eficazes para resolver os principais problemas ambientais. Para isso contribuiu o giro moderado da maioria dos partidos verdes que, ao decidirem formar alianças governamentais tanto com as forças de direita quanto com as de esquerda, transformaram-se em partidos “pós-ideológicos” e abandonaram a batalha contra o modo de produção existente.

II – Antipolítica, populismo e xenofobia
A substancial e nociva uniformidade dos partidos políticos em suas linhas política e econômica, confirmada, também, por escolhas realizadas na França a partir de 2012 na presidência de François Hollande e, mais em geral, a crescente hostilidade de boa parte da opinião pública em relação à tecnocracia de Bruxelas, contribuíram a produzir uma nova – a segunda depois do de 1989 – grande mudança no contexto político europeu. Ao longo dos últimos anos, em todo o “velho continente”, desenvolveu-se um sentimento de profunda aversão para tudo aquilo que tem a ver com a política, a qual se tornou sinônimo de usufruto do poder e não, ao contrário, de compromisso e de interesse coletivo para transformar a sociedade, como tinha acontecido nas décadas de 1960 e 1970. Este fenômeno afetou, em particular, mas não apenas, as gerações mais jovens e favoreceu uma apatia generalizada e uma redução dos conflitos sociais, por causa do desapego para com as organizações sindicais, percebidas cada vez mais como homologadas pelo poder. Em muitos países, essa onda de antipolítica envolveu também as forças da esquerda radical, consideradas responsáveis, especialmente por causa das medíocres experiências de governo, de terem adaptado-se ao contexto existente e terem abandonado progressivamente as propostas antagônicas das quais eram portadoras.

Significativas foram as mudanças nas relações de força preexistentes dentro da cena europeia. Bipartidarismos consolidados como os da Espanha e da Grécia – países nos quais, após o fim das ditaduras, a soma das forças socialistas e as de centro-direita haviam atingido constantemente cerca de três quartos do eleitorado – implodiram. Também os bipartidarismos italiano e francês, que nas últimas décadas haviam mostrado uma divisão constante de votos entre centro-direita e centro- esquerda, tiveram uma sorte parecida. Além disso, os três principais grupos políticos do Parlamento Europeu eleitos em 2009 – isto é, o Partido Popular Europeu, a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas e a Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE) – perderam mais de 13% dos seus parlamentares nas eleições de 2014.

O cenário político-eleitoral foi alterado também pelo grande aumento do abstencionismo, pelo nascimento de formações populistas, pelo significativo avanço das forças da extrema-direita e, emalguns contextos, pela consolidação de uma alternativa de esquerda às políticas neoliberais.

O primeiro destes fenômenos encontra sua principal explicação no crescente afastamento dos partidos políticos. Esta tendência manifestou-se, nos mais diversos países, por ocasião de eleições legislativas. Na França, o número de eleitores passou de 67,9% em 1997 para 57,2% em 2013 [9]; na Alemanha de 84,3% em 1987 para 71,5% em 2013; no Reino Unido de 77,7% em 1992 para 66,1% em 2015; na Itália de 87,3% em 1992 para 72,2% em 2013; em Portugal de 71,5% em 1987 para 57% em 2015, na Grécia de 76,6% em 2004 para 56,5% em 2015 e, na Polônia, por ocasião das eleições presidenciais, de 64,7% em 1995 para 48,9% em 2015. A porcentagem de cidadãos que foram às urnas diminuiu também nas eleições para o Parlamento Europeu: de 62% em 1979 para 42,6% nas últimas eleições[10]. Este dado reflete a progressiva falta de interesse para uma instituição que representa um modelo de Europa cada vez mais tecnocrático e menos político.

Cavalgando a onda antieuropeísta, nos últimos anos surgiram também novos movimentos políticos que se declararam “pós-ideológicos”, os quais tiveram como ideias guia a denúncia genérica da corrupção do sistema ou o mito da democracia online, como garantia da participação política a partir de baixo e como alternativa àquela praticada nos partidos políticos. Com base nestes princípios foi fundado, em 2006, quase simultaneamente na Suécia e na Alemanha, o Partido Pirata (PP). Três anos depois, ele atingiu 7,1% nas eleições europeias no país escandinavo e 2% nas eleições para o Bundestag. Em 2012, este partido foi criado também na Islândia, onde obteve 5,1% dos votos nas eleições de 2013. Porcentagens significativas, considerando seu programa político limitado, mas mínimas quando comparadas com aquelas do Movimento 5 Estrelas (M5S) na Itália. Ele foi criado em 2009 pelo comediante Beppe Grillo e tornou-se, nas primeiras eleições gerais em que se apresentou, a primeira força política italiana, com 25,5% dos votos. Em 2013, nasceu em Berlim, a Alternativa para a Alemanha (AFD) que, graças ao crescente euroceticismo, obteve 4,7% nas eleições federais de 2013 e 7% naquelas europeias do ano seguinte. Em 2014, foi a vez de O Rio (TP) na Grécia, que recebeu 6,6% nas eleições europeias. No mesmo ano houve o crescimento, em escala nacional, de Cidadãos (C’s) – movimento fundado na Catalunha em 2006 –, que obteve 3,2% nas eleições europeias, 6,6% nas administrativas de 2015, resultado que foi dobrado nas eleições políticas do dezembro passado (13,9%).

Nas recentes votações presidenciais na Polônia, por fim, o cantor Pawel Kukiz, populista de direita, obteve 21,3% dos votos. Seu movimento político, Kukiz’15, tornou-se a terceira força política do país, com 8,8% dos votos, nas eleições legislativas de outubro de 2015. No mesmo período, formações existentes há muito tempo tiveram resultados significativos com plataformas políticas similares às desses novos partidos. O caso mais notável é o do Partido de Independência do Reino Unido (UKIP), que combinando populismo, nacionalismo e xenofobia, tornou-se, com 26,6% dos votos, a primeira força nas últimas eleições europeias e alcançou 12,6% nas eleições políticas de 2015. No Parlamento Europeu, os eleitos do Partido de Independência do Reino Unido coligaram-se com os do Movimento 5 Estrelas, formando o grupo Europa da Liberdade e da Democracia Direta (EFDD). Também na Suíça, as eleições de outubro 2015 foram ganhas, com 29,4% dos votos – o melhor resultado até então – pela coalizão entre o Partido do Popular Suíço e a União Democrática do Centro (SVP-UDC). Embora seu nome possa enganar, trata-se de uma formação de ultradireita, xenófoba e antieuropeísta, que se distinguiu no passado por ter promovido um referendum, aprovado em 2009, sobre a proibição da construir novos minaretes no país.

Além disso, em muitos países europeus, quando os efeitos da crise econômica começaram a manifestar-se de forma evidente, os partidos xenófobos, nacionalistas ou abertamente neofascistas ganharam repentinamente muito apoio. Em alguns casos, eles mudaram seu discurso político, substituindo a clássica divisão entre esquerda e direita com a perspectiva de uma nova luta em ato na sociedade contemporânea: aquela que Marine Le Pen definiu, em 2014, como o conflito “entre os de cima e os de baixo”. Nessa nova polarização, eles se candidataram a representar essa última parte, isto é, o povo, contra o establishment, ou seja, as forças que se alternaram por um longo tempo no governo, e contra as elites que favorecem a difusão do mercado livre. Até mesmo o sistema ideológico desses movimentos políticos mudou. A componente racista foi, em muitos casos, relegada a um segundo plano, em relação às questões econômicas.

A oposição às políticas de imigração, cegas e restritivas, implementadas pela União Europeia, reforçou-se aproveitando em primeiro lugar da guerra entre os mais pobres, e em seguida da discriminação baseada na cor da pele ou na crença religiosa. Em um contexto de desemprego de massa e de grave conflito social, a xenofobia cresceu mediante uma propaganda segundo a qual os migrantes subtraem empregos aos trabalhadores locais, que deveriam, no entanto, ser privilegiados em matéria de ocupação, serviços sociais e direitos[11].

Esta mudança de rumo influiu certamente no resultado da Frente Nacional que, sob a liderança de Le Pen, alcançou 17,9% nas eleições presidenciais de 2012, antes de se tornar, com 24,8% dos votos, o primeiro partido político francês[12] nas votações europeias de 2014, nas administrativas de março de 2015 – com 25,2% – e nas regionais de dezembro de 2015, em que obteve 27,7%. Também o partido Liga Norte na Itália passou por uma metamorfose notável.

Nascido em 1989 reivindicando a independência da Padânia [13], tornou-se, nos últimos tempos, um partido nacional, cuja plataforma política “não ao euro” e anti-imigração constituiu a premissa para a aliança com as principais forças herdeiras da tradição fascista. Recentemente, seu apoio eleitoral aumentou maciçamente, até tornar-se, nas eleições administrativas de 2015, a primeira organização do centro-direita italiano, superando Força Itália, o partido de Silvio Berlusconi.

Na França e na Itália, algumas fortalezas históricas do voto operário e comunista transformaram-se em bases eleitorais estáveis destas duas forças. A recente coalizão, no nível europeu, entre a Frente Nacional e a Liga Norte permitiu, em junho de 2015, o nascimento no Parlamento Europeu do grupo Europa das Nações e das Liberdades (ENL). Pertencem a esse grupo partidos políticos consolidados que, apoiados por outras organizações menores, defendem, há algum tempo, a saída do euro, a revisão dos tratados sobre a imigração e o retorno à soberania nacional. Entre as mais representativas há Interesse Flamengo (VB); o Partido da Liberdade Austríaca (FPÖ), que obteve 20,5% dos votos nas eleições políticas de 2013, 19,7% naquelas europeias de 2014 e 30,8% nas municipais de Viena de 2015; e o Partido para a Liberdade (PVV) holandês, fundado em 2006, que obteve 13,3% nas eleições europeias.

As forças de extrema-direita entraram em vários grupos do Parlamento Europeu e, pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial, tiveram grandes avanços também em outras regiões da Europa. Na Escandinávia, por exemplo, elas constituem uma realidade já bem estabelecida, com uma orientação ideológica que registrou o maior sucesso eleitoral. Na pátria por excelência do “modelo nórdico”, os Democratas Suecos (SD), partido criado em 1988 através da fusão de vários grupos neonazistas existentes na época, tornou-se, com 12,8% dos votos, o terceiro partido mais votado nas eleições legislativas de 2014. Na Europa eles estão aliados com o Partido de Independência do Reino Unido.

Na Dinamarca e na Finlândia, os dois partidos membros do Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), historicamente liderado pelo Partido Conservador (CP) britânico, conseguiram resultados ainda mais surpreendentes, tornando-se as segundas forças políticas de seus países. Despertando o espanto geral, o Partido Popular Dinamarquês (DPP) foi, com 26,6%, o movimento político mais votado nas últimas eleições europeias. Este sucesso foi confirmado nas eleições legislativas de 2015, após as quais, com 21,1% dos votos, juntou-se à maioria governamental. Após as recentes eleições de 2015, no governo de Helsinki entrou também o Partido dos Finlandeses (PS), com 17,6% dos votos. Por fim, na Noruega, com 16,3% dos votos, chegou pela primeira vez ao governo o Partido do Progresso (FRP), de opiniões políticas igualmente reacionárias, que já tinha atingido 22,9% em 2009.

A notável e quase uniforme afirmação desses partidos, em uma região onde as organizações do movimento operário têm exercido uma hegemonia indiscutível por longo tempo, foi possível também porque os partidos de extrema direita defenderam batalhas e temáticas que no passado pertenciam à esquerda, tanto a socialdemocrata quanto a comunista. O maquillage da simbologia política (os Democratas Suecos, por exemplo, substituíram a chama, muito utilizada pelos movimentos fascistas, com um campo de flor com as cores nacionais) e o advento de líderes jovens e hábeis na comunicação, representaram outros fatores significativos, embora não essenciais.

O avanço da direita ocorreu não apenas através de campanhas reacionárias clássicas, como aquelas contra a globalização, a chegada de novos requerentes de asilo e o espectro da “islamização” da sociedade. Na base de seu sucesso houve, acima de tudo, a reivindicação de políticas, tradicionalmente de esquerda, em favor do Estado social, enquanto os socialdemocratas optavam por cortes nos gastos públicos e a esquerda radical era enfraquecida pelo apoio ou participação direta ao governo. Trata-se, no entanto, de um tipo diferente de welfare. Não mais universal, inclusivo e solidário, como o do passado, mas baseado em um princípio diferente – que alguns estudiosos têm incluído na categoria do “welfare nationalism” –, ou seja, fornecer direitos e serviços exclusivamente aos membros da já existente comunidade nacional. Ao grande apoio recebido nas áreas rurais e provinciais, muitas vezes despovoadas e com altas taxas de desemprego, a extrema direita escandinava acrescentou o apoio de uma parte significativa da classe trabalhadora, que cedeu à chantagem “imigração ou Estado social”.

Também em vários países da Europa do Leste a direita radical conseguiu reorganizar-se após o fim dos regimes pró-soviéticos. A União Nacional Ataque (ATAKA) na Bulgária, o Partido Nacional Eslovaco (SNS) e o Partido da Grande Roménia (PRM) são algumas das forças políticas que obtiveram bons resultados e elegeram seus representantes no parlamento. Na Polônia, o partido da direita populista Lei e Justiça (PIS) ganhou a eleição presidencial em maio de 2015 e, em seguida, obteve, com 37,6% dos votos nas eleições legislativas de outubro de 2015, a primeira maioria absoluta alcançada no parlamento após o fim da Guerra Fria. Ao contrário das frequentes referências ao nacionalismo e aos valores religiosos mais conservadores, o programa econômico do partido Lei e Justiça focou-se na promessa de aumentar os gastos sociais, melhorar o nível dos salários e baixar a idade da aposentadoria. Uma plataforma de esquerda, em um país onde a esquerda anticapitalista não existe e aquela socialdemocrata está confinada em um espaço minoritário.

Nesta parte da Europa, no entanto, o caso mais alarmante é o da Hungria. Após da introdução de medidas rigorosas de austeridade decretadas pelo governo do Partido Socialista Húngaro, obedecendo às imposições da Troika, e após da grave crise deflacionária desencadeada, chegou ao poder a União Cívica Húngara – Fidesz (aderente do Partido Popular Europeu). Depois de ter expurgado a magistratura e colocado sob controle os mass media, em 2012 o governo aprovou uma nova constituição com conotações autoritárias e longe dos princípios do Estado de direito. Ao lado desta perigosa realidade, desde 2010, o Movimento por uma Hungria Melhor (Jobbik) tornou-se o terceiro partido do país, atingindo 20,5% nas eleições de 2014. Ao contrário das forças presentes na Europa Ocidental e na Escandinávia, Jobbik representa o exemplo clássico – hoje dominante na Europa do Leste – de formações de extrema-direita, que continuam a utilizar o ódio contra as minorias (especialmente a cigana), o antissemitismo e o anticomunismo como principais instrumentos de propaganda e ação.

Completam, finalmente, este panorama diversas organizações neonazistas, espalhadas em várias regiões da Europa. Duas delas alcançaram bons resultados. O Partido Nacional Democrático da Alemanha (NPD), ganhou uma presença institucional em dois parlamentos regionais, atingindo 1,5% dos votos nas eleições de 2013 e elegendo um eurodeputado em 2014. Aurora Dourada (AD), na Grécia, obteve 9.4% dos votos nas eleições europeias de 2014 e 7% nas eleições de 2015, consolidando-se, em ambos os casos, como a terceira força política do país [14].

Nestes anos, portanto, os partidos políticos da direita populista, nacionalista ou neofascista têm decisivamente expandido seu apoio em quase todas as partes da Europa. Em muitas ocasiões, eles foram capazes de hegemonizar o debate político e, em alguns casos, aliando-se com as forças da direita mais moderada, conseguiram entrar no governo. Trata-se de uma epidemia muito preocupante, que é possível combater apenas destruindo o vírus que a gerou: a litania neoliberal hoje tão em voga em Bruxelas. Todavia, tanto na Grécia quanto nas regiões orientais da Alemanha, os partidos de direita obtiveram resultados abaixo de suas possibilidades. Enquanto isso, na Espanha, Portugal e República Checa, ou seja, em alguns dos lugares onde a esquerda comunista manteve um consistente enraizamento social e desenvolveu, ao longo dos anos, uma coerente política de oposição, não se formaram as condições para a revitalização das forças de direita.

III – A alternativa à esquerda
A crise econômica e política que atravessa a Europa provocou, simultaneamente ao avanço das forças populistas, xenófobas e de extrema direita, também grandes manifestações de resistência e de protesto contra as medidas de austeridade impostas pela Comissão Europeia e implementadas pelos governos nacionais. Isso favoreceu, especialmente na parte Sul do continente, o ressurgimento das forças da esquerda radical, bem como um notável sucesso eleitoral para elas. Grécia, Espanha, Portugal foram palco de impressionantes mobilizações de massa contra as políticas neoliberais.

Neste período, do ponto de vista político, a esquerda anticapitalista iniciou um percurso de reconstrução e recomposição das forças. Afirmaram-se ou nasceram, de fato, novas formações capazes de reunir a mais ampla gama de sujeitos políticos, garantindo, ao mesmo tempo, uma maior democracia interna através do princípio de “uma cabeça um voto”.

O Bloco de Esquerda (BE) em Portugal, a Coligação da Esquerda Radical (SYRIZA) na Grécia, A Esquerda (DL) na Alemanha e a Frente de Esquerda (FdG) na França são todos exemplos de um modelo de força política plural – diferente do partido monolítico, inspirado no princípio da centralização democrática, utilizado pelo movimento comunista no século XX – que se estendeu, rapidamente, à maioria das forças políticas da esquerda radical europeia. O partido Podemos na Espanha é um caso muito particular porque nasceu com a ambição de superar a tradicional definição de partido de esquerda. Outro episódio, imprevisível até poucos anos atrás, animou a geografia da esquerda europeia. Após as eleições primárias de setembro de 2015, 59,5% dos militantes ingleses do Partido Trabalhista elegeu Jeremy Corbyn como novo líder da organização. Onde vinte anos atrás estava sentado o liberal Tony Blair, hoje está um anticapitalista declarado, o secretário mais à esquerda da história do partido britânico.

Além dos casos de vários partidos nacionais, o avanço geral da esquerda radical foi confirmado também por ocasião das últimas eleições europeias. O número de votos recolhidos foi de 12.981.378, ou seja, 8% do total, com um aumento de 1.885.574 de preferências em relação ao resultado de 2009. A questo risultato è poi seguita la vittoria di Syriza alle elezioni politiche greche del gennaio 2015, con il 36,3% dei consensi, e l’elezione di Alexis Tsipras alla carica di Primo ministro.

No entanto, esses resultados positivos estão sendo ofuscados por alguns elementos negativos. Em muitos países da Europa Oriental, na verdade, a esquerda radical expressa uma posição ainda marginal, quando não inteiramente minoritária. Ela se mantém muito longe das lutas sociais, sem enraizamento nos territórios e nas organizações sindicais, permanecendo desconhecida pelas gerações maisjovens e atravessada por um sectarismo lesivo e fortes divisões internas.

Estamos diante, portanto, de uma realidade muito desigual. Nos países da Península Ibérica e do Mediterrâneo – com exceção da Itália –, a esquerda radical expandiu-se significativamente nos últimos anos; já na Europa Central, ela conseguiu manter uma boa força eleitoral na Holanda e na Alemanha – embora aos bons resultados nas urnas não tenham correspondido conflitos sociais significativos –, mas seu peso está ainda limitado em outros lugares.

Consideradas estas circunstâncias, a expansão da União Europeia em direção do Leste tem deslocado à direita o baricentro político do continente, como testemunham as posições extremistas tomadas pelos governos do Leste europeu durante a recente crise na Grécia e diante da chegada dos povos em fuga das zonas de guerra. Inoltre, la trasformazione dei partiti della sinistra radicale in organizzazioni più ampie e plurali si è dimostrata una ricetta utile per ridurre la loro preesistente frammentazione, ma non ne ha certo risolto i problemi di natura politica.

La scelta che sia possibile riformare l’Unione Europea all’interno dell’attuale scenario viene condivisa da Syriza e dalla maggioranza delle principali forze del Partito della Sinistra Europea, tra cui La Sinistra in Germania, il Partito Comunista Francese e la Sinistra Unita spagnola. In questo blocco, si situa anche Podemos, il cui gruppo dirigente si è dichiarato convinto che, se al governo greco se ne affiancassero altri disposti a rompere con le politiche di austerità imposte dalla Troika, potrebbe aprirsi uno spazio per incrinare ciò che appare, oggi, così inalterabile.

Per altri, al contrario, la “crisi greca” – che, in realtà, è una crisi della democrazia al tempo del capitalismo neoliberale – sembra comprovare, invece, l’irriformabilità di questo modello di Unione Europea. Non tanto per gli attuali rapporti di forza presenti al suo interno, quanto, invece, per la sua architettura generale. Gli inflessibili parametri economici hanno ridotto, o in alcuni casi quasi annullato, le ben più complesse e composite esigenze della politica. Pertanto, negli ultimi mesi, le fila di quanti reputano illusoria la possibilità di democratizzare l’eurozona, seppure esprimono una posizione che resta minoritaria, sono notevolmente aumentate.

Pertanto, il conflitto imploso nel 2015 dentro Syriza potrebbe riprodursi altrove. Per la sinistra radicale europea, dunque, potrebbe concretizzarsi il rischio di una nuova stagione di divisioni. Tale condizione rivela un limite della forma plurale che le forze antagoniste si sono date negli ultimi anni, ovvero l’indefinitezza programmatica. Infatti, la diversità di posizioni e di culture politiche esistente tra le varie organizzazioni che hanno dato vita a queste nuove aggregazioni richiederebbe una difficile, ma non impossibile, intesa puntuale sulle strategie da perseguire.

Al di là della necessità di proseguire questo cruciale dibattito senza reticenze, em uma escala continental, uma verdadeira alternativa só é concebível se a esquerda radical desenvolver, com maior determinação e continuidade, campanhas políticas e mobilizações transnacionais, começando com a recusa da guerra e da xenofobia, questão que se tornou ainda mais crucial após os ataques de 13 novembro 2015 em Paris, e apoiando a extensão de todos os direitos sociais e de cidadania aos imigrantes que chegam no solo europeu. As iniciativas da esquerda radical que podem realmente aspirar a mudar o curso dos eventos têm diante de si um único caminho: o da reconstrução de um novo bloco social, capaz de dar vida a uma oposição de massa às políticas iniciadas com o Tratado de Maastricht e, consequentemente, de mudar pela raiz as orientações econômicas hoje dominantes na Europa.

Tradução do italiano realizada por Gualtiero Marini

References
1. A Letónia adotou o euro desde o 1° de janeiro de 2014.
2. O Instituto Nacional de Estatística Português estimou que, de 2010 a 2014, pelo menos 200.000 pessoas com idade entre 20 e 40 anos deixaram o país. Na Espanha, o Instituto Nacional de Estatística tem contado, pelo menos, 133.000 jovens novos imigrantes entre 2008 e 2013. Na Itália foram pelo menos 136.000 os jovens que foram para o exterior entre 2010 e 2014. Na verdade, estas estimativas são muito inferiores do que os números reais. Não há, no entanto, os dados da Grécia, onde a Autoridade Estatística Helênica não registra a migração juvenil.
3. Conforme afirmou emblematicamente, em 2006, Warren Buffet, o investidor e magnata estadunidense: “Há uma luta de classes em curso – é verdade, mas é a minha classe, a classe dos ricos, que está fazendo a guerra. E estamos vencendo”. A citação de Buffet está contida em uma entrevista com Ben Stein, In Class Warfare, Guess Which Class Is Winning, publicada no The New York Times na edição do 26/11/2006.
4. Sobre a relação entre capitalismo e democracia, tema em torno do qual se tem desenvolvido nos últimos anos uma vasta literatura, ver Ellen Meiksins Wood, Democracy Against Capitalism, London: Cambridge University Press, 1995.
5. Aprovado apenas na Espanha e no Luxemburgo, o processo de ratificação deste tratado bloqueou-se logo após destes dois fracassos.
6. Também o referendo realizado na Grécia pelo governo de Alexis Tsipras, em julho de 2015, respondeu com um sonoro “não” contra as políticas de Bruxelas.
7. Ex-primeiro ministro do Luxemburgo, durante seu mandato Juncker favoreceu mais de trezentos multinacionais que aproveitaram das condições especiais do sistema de imposto de seu país.
8. No dia 18 de outubro de 2015, o quotidiano conservador The Mail on Sunday publicou um documento secreto (“Secret / Noforn”), datado 28 de março de 2002, graças ao qual foi possível verificar que o primeiro-ministro britânico conquanto, em público, declarava-se empenhado em encontrar uma solução diplomática para a crise, havia oferecido sua ajuda, já um ano antes do início do segundo conflito iraquiano, ao presidente norte-americano para convencer a opinião pública mundial de que Saddam Hussein possuía armas de destruição de massa, que nunca foram encontradas. Cf. http://www.dailymail.co.uk/news/article-3277402/Smoking-gun-emails-reveal-Blair-s-deal- blood-George-Bush-Iraq-war-forged-YEAR-invasion-started.html
9. Nas eleições presidenciais, as mais importantes do país, a participação foi muito maior, como comprovado pela afluência de 79,4% alcançada em 2012.
10. Em muitos países da Europa do Leste ocorreram marcas de comparecimento muito baixas: Eslováquia 13%, República Checa 18,2%, Eslovênia 24,5%, Croácia 25,2%, Hungria 28,9%. A estes devem ser adicionados 33,6% em Portugal e 35,6% no Reino Unido, cfr . http://www.europarl.europa.eu/pdf/elections_results/review.pdf.
11. Trata-se de um antigo slogan xenófobo de Jean-Marie Le Pen: “primeiros os franceses”, cfr. Les français d’abord, Paris: Carrère-Michel Lafon, 1984.
12. A partir das eleições políticas de 2012, a Frente Nacional apresentou-se dentro de uma coalizão mais ampla que adquiriu o nome de Rassemblement Bleu Marine (RBM).
13. Região do vale padana, no Norte da Itália, que não corresponde a nenhuma demarcação geográfica juridicamente definida.
14. Para uma investigação sobre as forças europeias de ultra-direita ver o volume Andrea Mammone/Emmanuel Godin/Brian Jenkins. Mapping the Extreme Right in Contemporary Europe, London: Routledge, 2012.

Categories
Reviews

Edgardo Logiudice, Herramienta. Revista de Debate y Crítica Marxista

De los regresos a Marx

El más mediático regreso a Marx en lo que va del siglo ha sido un pseudoregreso.Fue el de Pikkety con El Capital del siglo XXI, quien confesó que nada tenía que ver con el autor de la célebre obra. Un poco más acá, y con menos prensa y sin el matiz provocativo del economista francés, el filósofo alemán Joseph Vogl escribió un sugerente El espectro del capital.

Ello solo justificaría la aparición del trabajo que me ocupa: De regreso a Marx, nuevas lecturas y vigencia en el mundo actual (Editorial Octubre, 2015), editado por Marcello Musto y traducido por Francisco T. Sobrino.Porque la apelación al teórico crítico más célebre del capitalismo en dos asuntos que conmueven hoy al mundo, en la desigualdad, uno, y en la crisis teórica y fáctica del capital financiero, el otro, aunque sesgada no puede eludirlo. Tal como inicia Musto su trabajo: “Pocos hombres han conmovido al mundo como lo hizo Karl Marx”. Y este libro es una panorámica de esa conmoción.

Panorama en un doble sentido. De las “Relecturas actuales de Marx”, una primera parte, y de “La recepción de Marx en el mundo actual”, la segunda. Con una ágil y clara introducción de Musto, a la que acompaña una erudita y útil tabla cronológica de los escritos más importantes. Es precisamente allí donde Musto vincula la primera crisis financiera, crisis que obsesionará a Marx, como síntoma del carácter histórico, no eterno, del modo de producción capitalista. Carácter históricamente determinado como modo de dominación cuya forma es esta desigualdad que escandaliza (y atemoriza) y que indujera ya al joven Marx a bucear en ella las causas de la enajenación. Y en la necesidad de las luchas por la emancipación humana.

La cantidad de temas y autores nos dan una idea de este fenómeno de difusión universal de las ideas marxianas, al mismo tiempo me eximen, obviamente, de una relación exhaustiva de las más de cuatrocientas páginas.

De la difusión universal y, según las épocas, en expresiones muy ricas y otras en pobres versiones oficializadas, provee un indicio la segunda parte. Desde la difícil tarea del traductor sintetizando en un artículo suyo la presencia de Marx en la América hispana en sus mojones más destacados, pasando por el texto dedicado a las dos últimas décadas en Brasil, bastante conocidos para nosotros, hasta la casi desconocida literatura en Japón.

Más frecuentadas por razones políticas y académicas son las del mundo anglófono, francés e italiano, algo menos el alemán. Particular interés tienen naturalmente las referencias a Rusia y China. Y, un logro muy particular es el referido a la obviamente dificultosa presencia de Marx en Corea del Sur.

Cabe decir que a pesar de la brevedad de las notas constituyen algo más que una noticia, pues sus redactores lucen un buen bagaje heurístico que las transforma en experiencias compartidas.

Quizá lo que señale la persistente vitalidad de Marx es que, tanto como se vuelve a acudir a él en momentos de graves trastornos críticos, también las discusiones perduran en el seno de sus líneas problemáticas, es decir, entre los que se reclaman de una u otra forma marxistas. Sea por lo que Marx haya escrito u omitido, sea por abarcar nuevos problemas o nuevas miradas sobre ellos. Aunque a veces se cuelen en la historia algunos inevitables “usos” o algunas discusiones especulativas.

Esa vitalidad en sus diversas formas aparece en la primera parte de la compilación. En un variado mosaico de perspectivas que conforman los “redescubrimientos”, particularmente en las sucesivas crisis capitalistas, como lo señala Richard Wolff.

En ese mosaico se destacan obras eminentemente eruditas respecto a la obra de Marx, como la revisita a la concepción de la alienación, del mismo Musto. Sobre el mismo tema, el no menos docto trabajo de Ricardo Antunes tratando de cercar las formas actuales de alienación y cosificación.

Asuntos no tratados, no tratados suficientemente por Marx (o maltratados, como las discutidas cuestiones de género) son objeto de estudio. Ejemplos son el dedicado a las sociedades no occidentales, el nacionalismo y la etnicidad de Kevin Anderson o el de Terrell Carver sobre las mujeres como clase.

Otros trabajos recorren no sólo el tratamiento hecho por Marx sino por los que le siguieron (o pretendieron seguirlo) sea en la teoría como en la práctica política. Y allí, naturalmente, no puede estar ausente, en diversas manifestaciones, el llamado “socialismo real”. “El mito del socialismo en el siglo XX, de Paresh Chattopadhyay, es uno de ellos.

Algunos tienen una clara intención de intervención política señalando las limitaciones de algunas posiciones. Así un texto de Michael Lebowitz incitando a cambiar el sistema y no sus barreras y el de Victor Wallis sobre el “mal menor” como argumento y táctica política, desde Marx hasta el presente.

Creo que tanto como para quienes hace muchos años transitamos, o intentamos transitar, algún camino en esa visión del mundo y de la vida que llamamos marxismo, como para quienes lo hacen desde hace menos tiempo, y aun de quienes sólo pretenden una información, la compilación es sumamente útil. No podría decirse que es completa, sería una pretensión inconducente frente a la riqueza de Marx, de muchos que le siguieron y de la propia historia.

Estos “regresos” no son apologéticos, son parte, me parece, de una re-visión de algunas bases con una clara intención de enfrentar, seguir enfrentando, la tarea de la emancipación humana del cerrojo inhumano del capitalismo. Un “capitalismo ‘universal’ comiéndose a sí mismo, devorando su propia sustancia humana”, dice Ellen Meiksins Wood. A través de sus nuevos modos de apropiación y desposesión de las condiciones de vida.

Un esfuerzo que, en mi opinión, debe tener aun mayor empeño, dado los cambios revolucionarios en los modos de producir que “iluminan” todo el conjunto de las relaciones sociales. Demostrar, demostrarnos, que a pesar de ello “en ninguna parte carecemos de alternativas”. Puesto que parte de la libertad es la “capacidad de unirse en la lucha contra la alienación en todas sus formas”, dice George Comninel.

Esta compilación es parte de ese esfuerzo por aprehender la complejidad de la trama y las tareas. Ejemplo, ella misma, de tal complejidad y, por eso, no fácil de reseñar en pocas líneas.

Categories
Reviews

Santiago M. Roggerone, Ideas de Izquierda: Revista de Política y Cultura

En un capítulo de Los Simpson, Bart vende su alma a Milhouse por la suma de cinco dólares.Tras gastar el dinero en esponjas con forma de dinosaurios, comienza a arrepentirse de haber efectuado menuda transacción.

Dispuesto a pagar o hacer lo que sea por recuperarla, sale entonces a su búsqueda. Sin embargo, pronto descubre que ya es demasiado tarde: su entrañable amigo la cambió por unas fichas en la tienda de revistas. “¿Te acuerdas de Alf? ¡Volvió! ¡En forma de fichas!”, lanza éste a aquél en uno de los tantos momentos memorables de la serie… Resulta realmente sorprendente que en la actualidad varios se encuentren diciendo algo similar pero en relación a Marx. Es que desde que en 2008 estallara una profunda crisis económico-financiera, se asiste en el mundo de las ideas a una situación en verdad curiosa, determinada por la convicción de que Marx habría vuelto.

Ciertamente, resulta ya difícil mantenerse al día con respecto a los anuncios del regreso del pensador oriundo de Tréveris que se efectúan en la escena pública. Existe, incluso, una amplia literatura especializada que aborda el fenómeno y da cuenta de los motivos que habrían obligado al revolucionario alemán no tanto a partir — ¿cómo, cuándo y a causa de qué se habría ido?— como a retornar: parecería ser cada vez más que, después de todo, él llevaba la razón [1] . Pero con el Marx edulcorado que hoy en día es redescubierto como agudo analista del capitalismo tardío e incluso como afable profeta pospolítico del orden mundial, con este Marx que sale de su cuarentena sólo para habitar el ámbito de la prensa y los claustros universitarios, no regresa a la vida el pensamiento estratégico forjado por Engels, Lenin, Trotsky o Gramsci. Podría decirse, por consiguiente, que el retorno al que se asiste actualmente entraña la última fantasía posmodernista: como Daniel Bensaïd sugiriera poco antes de morir, el que hoy se presta a regresar es en lo fundamental “un Marx sin comunismo y sin revolución, un Marx académicamente correcto” [2] –esto es, un Marx sin organización ni partido revolucionario, un Marx sin programa y sin una estrategia convincente para vencer–.

Por fortuna, el libro que reseñamos aquí toma cierta distancia de las aproximaciones acríticas y celebratorias a la vuelta de Marx. Montado a su manera sobre lo hecho pioneramente por Étienne Balibar, el propio Bensaïd o incluso Jacques Derrida [3]; alineado más en lo inmediato con las empresas editoriales llevadas adelante por Jacques Bidet y Eustache Kouvelakis o Andrew Pendakis et al.[4], el trabajo compilado por el politólogo y filósofo italiano Marcello Musto –sin dudas, uno de los mayores referentes de la marxología del momento– examina y problematiza no el presunto retorno de Marx sino más bien el regreso contemporáneo a él que tiene lugar a través de toda una constelación de reinterpretaciones. Esto último conmina a distinguirlo de iniciativas un poco más ambiciosas que hacen hincapié no en las nuevas claves de lectura de los textos de Marx sino en las teorías críticas de la sociedad que, en el presente, se autoconstituyen dialogando con los mismos pero también con los de algunos otros [5].

Aparecido originalmente en 2010 como número especial de la revistaSocialism and Democracy y bajo el título de “Marx for Today” [6], De regreso a Marx. Nuevas lecturas y vigencia en el mundo actual, traducido por Francisco Sobrino y publicado en 2015 a instancias del sello Octubre y con el auspicio de la Universidad Metropolitana para la Educación y el Trabajo, se divide en dos partes: una dedicada a las relecturas de la obra del pensador alemán y otra a su recepción. Puede afirmarse por esto que el libro consigue ir más allá de los diversos ejercicios de reflexión que atienden exclusivamente a lo que sucede con Marx en Europa y los Estados Unidos. Básicamente, nos hallamos ante una cartografía de las interpretaciones contemporáneas del autor que incluye informes sumamente instructivos sobre lo que acontece con él en las principales regiones del globo a nivel intelectual.

En su introducción, Musto plantea la hipótesis de que “siempre ha habido un ‘regreso a Marx’” (p. 14). Hoy en día, más de veinte años después de la caída del Muro de Berlín y el colapso del bloque soviético, el interés por él se encontraría renaciendo a causa de “su permanente capacidad para explicar el presente” (p. 15) –vale decir, porque su obra continúa constituyendo “un instrumento indispensable” no sólo para “comprender” el mundo sino también para “transformarlo” (p. 32)–. Ahora bien, “el resurgimiento contemporáneo de Marx” (p. 33), advierte Musto, es algo peculiar. Como alguna vez Immanuel Wallerstein lo sugiriera, la actual es una era de “miles de marxismos”, una era “en que el marxismo ‘hizo explosión’” [7]. Es en este sentido que puede decirse que el trabajo de Marx es hoy reconsiderado a través del prisma de toda una “multiplicidad de enfoques teóricos” (p. 33) que pone verdaderamente en crisis los dogmatismos y ortodoxias que dominaron al siglo pasado.

Es probablemente el artículo de Kevin B. Anderson el que mejor da cuenta de estos señalamientos de Musto. El autor de Marx at the Marginsse ocupa, en parte al igual que lo hace Terrell Carver en su ensayo, de “las acusaciones de unilinealismo y grand narrative, etnocentrismo, y falta de preocupación por la raza, la etnicidad, el género y el nacionalismo” (pp. 44-45) de las que el pensador alemán ha sido objeto en distintos momentos y debido a diferentes razones. Partiendo de que, en tanto “inmigrante clandestino”, “Marx vivió una existencia marginal” (p. 45), Anderson echa nueva luz sobre sus intervenciones en torno a India, China, Rusia, Polonia, Estados Unidos e Irlanda, y concluye que si bien “comenzó con una apreciación algo unilateral de la modernidad capitalista, y de su progresividad”, efectuó “contribuciones importantes y originales” a propósito de los problemas de la nación, la etnicidad y la raza, refiriéndose en particular a “las formas indígenas de resistencia al capital y su necesidad de relacionarse con las clases obreras de sectores más desarrollados tecnológicamente” (p. 65) [8].

Más allá del embellecimiento del régimen chavista, la contribución de Michael Lebowitz se mueve en la misma dirección que la de Anderson, en la medida en que invita a concebir a Marx como un pensador político preocupado por cambiar el sistema y no meramente por reformarlo. En sintonía, el ensayo de Victor Wallis reivindica la lógica del mal menor en tanto entiende por ella la práctica de tácticas eventuales que, en lo primordial, no afecta o pone en cuestión al núcleo central de la independencia de clase.

Mención aparte merece la revisita a la concepción de la alienación que en sus contribuciones llevan a cabo Ricardo Antunes, el propio Musto y a su modo también George Comninel. El rasgo principal de los textos de los autores viene dado por el interés de dejar atrás la discusión de la década de 1960, protagonizada entre otros por Louis Althusser, en la que el tratamiento marxiano de la alienación y la enajenación era entendido como un pecado idealista de juventud. En particular, influenciados en igual grado por los Grundrisse y el trabajo de Georg Lukács, Antunes y Musto trazan un hilo de continuidad entre los primeros escritos de Marx y la tesis del fetichismo de la mercancía y la cosificación, expuesta en el primer capítulo de El capital, que ciertamente les permite problematizar la recepción de la teoría de la alienación que tuvo lugar a lo largo del siglo XX. Se trata a las claras de un ejercicio de lectura ingenioso y estimulante, pero que conlleva el riesgo de presentar la obra de Marx como un todo coherente y sin fisuras. En cualquier caso, los autores consiguen llevar a término “una mejor comprensión del cuadro contemporáneo de los extrañamientos o de las alienaciones en el mundo del capital, diferenciados respecto a su incidencia, pero vigentes en su calidad de manifestación que atañe a la totalidad de la clase trabajadora” (p. 210).

La primera parte se completa con los artículos de Richard D. Wolff y Ellen Meiksins Wood, en los que la intención es poner de manifiesto que Marx es “útil para comprender las causas y los costos de la crisis [actual] y hasta para hallar las posibles soluciones al sistema” (p. 269) –en, como dice Wood, “traer de vuelta a Marx” (p. 293)–. Claramente, nos hallamos ante intervenciones un tanto polémicas, por no decir directamente revisionistas. Wolff, referente del movimiento Democracy at Work, plantea que la solución marxiana a la crisis estriba en “cambiar el sistema, y hacer avanzar a la sociedad hacia más allá del capitalismo” (p.288). Sin embargo, para ello parecería dejar de lado la dimensión de la política y promover “un tipo de transformación en el interior de las empresas que marcaría una transición desde la organización capitalista hacia la organización no capitalista de la producción, la apropiación y la distribución de los excedentes” (ídem). Por su parte, la recientemente fallecida Wood afirma que hoy en día se asiste al “doloroso espectáculo de un capitalismo ‘universal’ comiéndose a sí mismo, devorando su propia sustancia humana y natural” (p. 303). A diferencia de Wolff, la autora reivindica la política anticapitalista, pero lo hace privilegiando el significante de la democracia por sobre los de socialismo o comunismo.

No obstante, el escrito más polémico de todos es con seguridad el de Paresh Chattopadhyay. La tesis que el autor intenta defender consiste en que, para Marx, “el socialismo y el comunismo son […] términos equivalentes y alternativos para la misma sociedad que concibe para la época poscapitalista” (p. 72). Hacer de cuenta como si Marx nunca hubiera escrito la Crítica del Programa de Gotha, permite a Chattopadhyay tomar la obra del revolucionario alemán como un bloque de acero exento de fases o períodos, y poner en entredicho sin más el vanguardismo y la tradición bolchevique. A su modo de ver, el derrotero de la URSS y el socialismo del siglo XX en general supone no, como supiera sostener Trotsky, una consecuencia de la traición a la revolución y la degeneración burocrática de los Estados obreros [9], sino más bien el producto necesario de concebir al socialismo “como la fase inferior del comunismo y como transición a este, basada en la propiedad pública […] de los medios de producción y el trabajo asalariado y con la forma estatal bajo un partido único” (p. 92).

Presuntamente libertaria y humanista, es ésta en verdad la estratagema propia de los nouveaux philosophes y las almas bellas antitotalitarias. Es por demás sintomático que en este artículo exista espacio para Lenin, Stalin, Mao y hasta en una nota al pie para el Che Guevara, y no se diga una sola palabra sobre Trotsky. Sin lugar a dudas, la defensa del pluripartidismo basado en los soviets expresa un programa no sólo para los trotskistas sino también para todos los que siguen luchando contra el capital y aquello en lo que el socialismotrágicamente devino en el siglo XX. En tal sentido, lo quiera o no Chattopadhyay, el diablo continúa llamándose Trotsky [10] .

La segunda parte del libro, como dijimos, retrata la recepción actual de Marx, para lo que se brinda una serie de útiles informes sobre la situación en América hispana, Brasil, el mundo anglófono, Francia, Alemania, Italia, Rusia, China, Corea del Sur y Japón. El énfasis de los distintos artículos está puesto tanto en la edición y difusión de la obra de Marx y Engels como en las especificidades de las diversas investigaciones y publicaciones sobre la misma. Es de especial importancia para el lector hispanoparlante la segunda tanda de informes, ya que en ellos se pinta un panorama general del estado de los estudios marxológicos y marxistas en regiones del mundo a las que, a causa de las barreras idiomáticas y culturales existentes, resulta verdaderamente difícil acceder.

Tomada en su conjunto, esta segunda parte representa la cartografía propiamente dicha de las lecturas contemporáneas de Marx. A decir verdad, da cuenta ella de forma magistral del regreso al que alude el título del libro. Teniendo en cuenta todo lo que allí se vierte y expresa, para culminar sería útil parafrasear lo que Emmanuel Barot se preguntaba en el primer número de Ideas de Izquierda a propósito de la Idea del comunismo [11]: ¿qué hace falta para que las masas se reapropien del presente retorno de Marx como una fuerza material? En otras palabras: ¿qué es lo que se requiere para que la vuelta en cuestión pierdasu forma de fichas y tome un nuevo curso revolucionario? Son éstos sin dudas problemas cuyas potenciales soluciones rebasan por mucho el marco de una simple reseña. Concluyamos tan sólo provisoriamente, por lo tanto, permaneciendo del lado de los interrogantes y citando en extenso a Barot:

lo que cuenta […] es el reconocimiento de la centralidad de la autoorganización del proletariado, y de la existencia de una sola y única brújula para la lucha de clases: ¿qué es lo que unifica y fortalece duraderamente, o no, y cómo aumenta la conciencia de la posición y de la fuerza de los trabajadores? [12].

Véase, por ejemplo, Eagleton, T., Por qué Marx tenía razón, Barcelona, Península, 2011.
Bensaïd, D., Marx ha vuelto, Buenos Aires, Edhasa, 2011, p. 9.
Véase Balibar, É., La filosofía de Marx, Buenos Aires, Nueva Visión, 2000; Bensaïd, D., Marx intempestivo. Grandezas y miserias de una aventura crítica , Buenos Aires, Herramienta, 2003; Derrida, J., Espectros de Marx. El estado de la deuda, el trabajo de duelo y la nueva Internacional , Madrid, Trotta, 1998.
Véase Bidet, J. y Kouvelakis, E. (eds.), Dictionnaire Marx contemporain, París, C. Presses Universitaires de France, 2001; Pendakis, A. et al. (eds.), Contemporary Marxist Theory. A Reader, Nueva York y Londres, Bloomsbury, 2014.
Véase, especialmente, Keucheyan, R., Hemisferio izquierda. Un mapa de los nuevos pensamientos críticos, Madrid, Siglo XXI, 2013.
Véase Musto, M. (ed.), “Marx for Today”, en: Socialism and Democracy, Vol. 24, N° 3, noviembre de 2010.
Wallerstein, I., Impensar las ciencias sociales. Límites de los paradigmas decimonónicos , México, Siglo XXI, 1998, p. 194.
Para ampliar, véase Anderson, K. B., “Marx en los márgenes del capitalismo. Entrevista a Kevin Anderson”, en: IdZ 32, agosto 2016.
Véase Trotsky, L., La revolución traicionada y otros escritos, Buenos Aires, IPS-CEIP “León Trotsky”, 2014.
Véase Del Río, E., El diablo se llama Trotsky, Barcelona, Grijalbo, 1981.
Véase Barot, E., “Por un nuevo curso del comunismo revolucionario”, en IdZ 1, julio 2013.
Ídem.

Categories
Reviews

Antônio David, Mouro

Categories
Reviews

Terrell Carver, Political Studies Review

The title of this landmark volume refers to the International Workingmen’s Association (IWMA), formally founded in London in 1864, and known in more recent times simply as ‘The International’ or ‘First International’.

This crucial period – to the late 1870s – in the development of global politics has somewhat faded from view, or where visible, has been remembered in a narrow and misleading way. Marcello Musto’s lengthy (68 pp.) and meticulously scholarly Introduction to a further 80 documents – many accessibly reproduced and translated into English for the first time – sets the record straight. The history of the IWMA is not just an episode in the life of Karl Marx, nor are its major texts simply minor adjuncts to his works.

The IWMA had a life of its own, and a lively one at that. Musto is very even-handed in his treatment of trades unionists and reformers, mutualists and utopians and anarchists and autonomists. The documents are selected and organised around quite practical themes, show-casing what are often contradictory views, about, for example, the political utility of violence and strikes, a bewildering variety of economic principles and proposals, education and welfare policies in draft, the ‘woman question’, as well as war, empire and international relations generally. Indeed, given its structure of national representative delegations and congressional decision-making (and horse-trading in the General Council), the International mixed nationalistic rivalries with cross-cultural communication and inter-textual idea-swapping. Hardly any country on the planet permitted such freedom of thought and radical theorising. It is amazing the delegates and officers got away with it.

Musto’s Introduction and the documents themselves show us not so much how Marx fitted in – no one could ‘fit in’ to such a mélange and maelstrom – but how he worked politically to get it rolling, keep it going and – opinions differ of course – how he determined that it was past its ‘sell-by’. Musto carefully shows that no one individual could dominate it, kill it or save it, and he takes care to discuss the successor organisations that Marx-based accounts exclude or dismiss. The political message of the volume is to provoke a re-examination of the IWMA as a way of revitalising current mass, popular movements of the left. The focus of the International – on working people – and its spirited commitment to setting down guidelines, recommendations, principles and policies amid on-going debates holds up a mirror – not to Marx – but to political parties and movements of the present.

Categories
Reviews

Giorgio Mele, Critica Marxista

L’ultimo Marx

Il 10 marzo 1883, dopo il controllo del dottor Donkin, Federico Engels comunica che le condizioni di Karl Marx, malato ormai da tempo, sembravano migliorate.

Era il canto del cigno del Moro – come veniva chiamato Marx –, quel momento in cui il corpo di un uomo sembra riprendersi per poi avviarsi definitivamente alla morte. E infatti il 14 marzo 1883 alle ore 14.45. Marx si spegne. Quando Engels arriva a casa del suo grande amico, alle 14.30, sale nella sua stanza e lo vede giacere nel letto addormentato, «ma per non risvegliarsi più. Non c’erano più né polso né respiro. In due minuti era spirato, serenamente e senza dolore».

Karl Marx fu sepolto il 17 marzo in un angolo del cimitero di Highgate nei sobborghi di Londra. Al funerale c’erano undici persone; l’Inghilterra non aveva mai amato quel barbuto rivoluzionario. Nell’orazione funebre Engels commosso lo descrisse come un grande genio rivoluzionario, l’uomo più amato e odiato del suo tempo e predisse: «il suo nome vivrà nei secoli e così la sua opera».

la sua opera». Nel suo ultimo lavoro (L’ultimo Marx 1881-1883, Roma, Donzelli, 2016, pp. 147), Marcello Musto, che ha dedicato il suo impegno culturale alla studio di Marx, descrive gli anni della decadenza fisica, dell’appressamento alla morte del filosofo di Treviri, con un affresco di grande efficacia che intreccia sofferenze esistenziali e impegno politico-culturale, impegno che Marx porterà avanti fino alla vigilia della sua scomparsa.

La cifra interpretativa dell’ultimo Marx sta fondamentalmente nell’intervista che questi concesse al giornalista statunitense John Swinton nell’agosto del 1880 (apparve sul New York Sun del 6 settembre di quell’anno) con cui inizia il libro di Musto. Swinton presenta Marx come «uno degli uomini più straordinari del tempo, colui che aveva giocato un ruolo imperscrutabile, eppure poderoso nella politica rivoluzionaria» del secolo diciannovesimo. «Parlammo del mondo e dell’uomo, dei tempi e delle idee, con il rumore del mare che faceva da sottofondo al tintinnio dei nostri bicchieri. Il treno non aspetta nessuno e la notte è imminente. Levandosi al di sopra del confuso brusio degli anni e delle epoche, oltre i discorsi del giorno e le immagini della serata, affiorò nella mia mente una domanda sulla legge ultima dell’esistenza per la quale avrei voluto una risposta da parte di quel saggio. Durante una pausa di silenzio mi rivolsi al rivoluzionario e filosofo con queste fatidiche parole, emerse dalla profondità del linguaggio e scandite al culmine dell’enfasi: “Che cos’è?”. Sembrò che la sua mente si distraesse mentre guardava il mare che tumultuava davanti a noi e la moltitudine si agitava sulla spiaggia. Che cos’è? avevo chiesto e in tono profondo e solenne egli rispose: “La lotta!”. Per un attimo mi parve di aver udito l’eco della disperazione, ma forse era la legge della vita».

Marx ormai in là con gli anni non ha esitazione, risponde con chiarezza guardando indietro alla sua vita e al futuro della storia del mondo che la legge ultima del – l’esistenza è la lotta. Solo così gli uomini possono dare senso alla loro vita. E il libro di Musto mostra come anche negli ultimi anni della sua esistenza Marx sia stato guidato da questo anelito. La sua vita era trascorsa tra pene e stenti, in inverno era spesso malato, stanco, debilitato; la vecchiaia cominciava a farsi sentire intaccando il suo abituale vigore e la salute della moglie era sempre più precaria. Nonostante ciò egli con grande perseveranza portava avanti il compito che aveva assegnato alla sua esistenza: «fornire al movimento operaio le basi teoriche per distruggere il modo di produzione capitalistico» (p. 7).

Continuò quindi a lavorare e ad ampliare le sue conoscenze imparando nuove lingue come il russo, studiando la matematica, che rappresentò spesso un conforto psicologico di fronte alle avversità della vita, e mantenendosi sempre aggiornato sulle vicende politiche in tutto il mondo e in rapporto con esponenti del movimento operaio internazionale.

Il Marx che emerge dal libro di Musto è un Marx che corregge il tiro sulla storia, su un’idea troppo deterministica o positivistica dello sviluppo sociale ed economico. Importante in questo senso fu lo studio approfondito dell’antropologia e delle società antiche e in particolare il tema del succedersi dei modi di produzione che gli permise di respingere «le rigide rappresentazioni che legavano i mutamenti sociali alle sole trasformazioni economiche» e comprendere «la specificità delle condizioni storiche, le molteplici possibilità che il corso del tempo offriva e la centralità dell’intervento umano per modificare l’esistente e realizzare il cambiamento» (p. 30).

Secondo questa linea viene dato ampio spazio alla controversia sullo sviluppo del capitalismo in Russia che si apre quando nel febbraio 1881 la populista russa Vera Zasulič, chiede a Marx un parere se la comune rurale russa (Obšcina) fosse in grado di «svilupparsi sulla strada socialista» e di organizzare la sua produzione «su basi collettiviste» o se al contrario la comune era destinata a perire e cedere allo sviluppo ineluttabile del capitalismo.

Il confronto su questo tema portò Marx a riconsiderare il tema della transizione dal capitalismo. Dopo lunga riflessione in tre lunghe bozze sostenne che le analisi sul passaggio dalla produzione feudale in produzione capitalistica era espressamente limitato ai paesi dell’Europa occidentale. Per cui ne derivava che il passaggio al socialismo non dovesse avvenire ovunque allo stesso modo e che la obščina avrebbe perciò potuto rappresentare il germe di una futura società socialista, «il fulcro della rigenerazione sociale in Russia».

Questa conclusione assume nell’analisi di Musto una grande rilevanza perché comporta come conseguenze strategiche in primo luogo la rottura dell’equiparazione fra socialismo e forze produttive e al contempo l’impossibilità di definire un modello o una ricetta di socialismo come Marx ebbe a dire più volte.

E in secondo luogo un’idea non lineare dello sviluppo storico, in cui diventa centrale il protagonismo degli uomini. Insomma il Marx maturo vicino alla morte muta in parte la sua prospettiva e guarda il mondo con uno sguardo multipolare e più complesso.

Ma la morte si avvicinava sempre più, la sua salute precaria lo costrinse a interrompere di fatto la sua ricerca e a migrare continuamente, talvolta all’isola di Wight o addirittura ad Algeri, per trovare un clima che facesse bene ai suoi polmoni, ma invano. La scomparsa della moglie e di una delle figlie fece il resto prostrandolo psicologicamente. Fino a quel 14 marzo del 1883.

Categories
Journal Articles

Kiri Radikal Pasca-1989 di Eropa

1. Akhir dari “sosialisme yang ada secara aktual”
RUNTUHNYA Tembok Berlin pada 1989 membawa perubahan besar dalam lanskap politik Eropa.
Runtuhnya rezim birokratik represif blok Soviet memiliki efek positif, yakni membebaskan komunisme dari ‘sosiali me yang ada secara aktual,’ dan membuka kembali peluang untuk perjuangan emansipasi kelas-pekerja.

Namun demikian, pergolakan politik struktural dengan transformasi ekonomi yang besar, memulai sebuah proses restorasi kapitalis yang menghasilkan pukulan balik sosial yang parah dalam skala global. Di Eropa, kekuatan-kekuatan anti-kapitalis menemukan pengaruh mereka mengecil dalam tekanan: menjadi semakin sulit bagi mereka untuk mengorganisir dan mengorientasikan perjuangan sosial, dan secara ideologis, kaum Kiri secara keseluruhan kehilangan posisi hegemonik yang telah dimenangkannya setelah 1968 di wilayah-wilayah kunci dari banyak budaya nasional.

Pukulan balik ini juga terlihat di tingkat elektoral. Sejak 1980an, partai-partai yang bersatu di sekitar gagasan Eurokomunisme [1] dan juga mereka yang masih terikat kuat dengan Moskow, [2] mengalami kemunduran tajam dalam dukungan elektoral. Yang selanjutnya mengalami kehancuran nyata setelah runtuhnya Uni Soviet. Nasib serupa juga memengaruhi berbagai kelompok Kiri Baru dan partai-partai Trotskyis. [3]

Sebuah fase rekonstruksi kemudian dimulai, di mana formasi politik baru seringkali muncul melalui pengelompokkan kembali elemen-elemen anti-kapitalis yang masih ada. Hal ini memungkinkan kekuatan tradisional Kiri terbuka kepada gerakan perdamaian, ekologis dan feminis yang telah berkembang sejak beberapa dekade sebelumnya. Izquierda Unida di Spanyol, yang terbentuk pada 1986, merupakan pelopor dalam hal ini. Inisiatif serupa lalu terbentuk di Portugal (di mana Koalisi Demokratik Unitaris (CDU) dibentuk pada 1987); Denmark (Daftar Unitaris/Merah-Hijau pada 1989); Finlandia (Aliansi Kiri pada 1990); dan Italia serta Yunani pada 1991, ketika Partai Refondasi Komunis (PRC) dan Synaspismos (Koalisi Kiri, Gerakan dan Ekologi) muncul. Bentuk-bentuk organisasional dari kumpulan baru ini sangat bervariasi. Partai-partai yang terdiri dari Izquierda Unida – termasuk Partai Komunis Spanyol – mempertahankan keberadaan mereka; Koalisi Demokratik Unitaris di Portugal berfungsi hanya sebagai sebuah blok elektoral; dan Partai Refondasi Komunis serta Synaspismos membentuk diri mereka sebagai sebuah subjek politik unitaris yang baru.

Meskipun demikian, di negara-negara lain, terdapat upaya (beberapa tidak serius) untuk memperbarui kembali partai-partai yang sudah ada sebelum keruntuhan Tembok Berlin. Pada 1989, menyusul pendirian Republik Ceko, Partai Komunis Bohemia dan Moravia (KSČM) diproklamirkan; dan pada 1990, Partai Sosialisme Demokratik (PDS) muncul di Jerman, mengambilalih peran Partai Persatuan Sosialis yang telah menguasai GDR sejak 1949. Begitu pula pada 1990, di Swedia, Partai Kiri–Komunis mengadopsi posisi yang lebih moderat dan menghapus ‘Komunis’ dari namanya.

2. Kegagalan Pemerintahan
Partai-partai baru ini, seperti yang lain yang belum mengubah nama mereka, berhasil mempertahankan kehadiran politiknya di panggung nasional mereka masing-masing. Bersama-sama dengan kekuatan gerakan sosial dan serikat buruh progresif, mereka berkontribusi pada perlawanan yang semakin meningkat terhadap kebijakan-kebijakan neoliberal setelah 1993, ketika Perjanjian Maastricht berlaku dan menerapkan parameter monetaris yang kaku untuk negara-anggota baru yang bergabung ke Uni Eropa.

Pada 1994, sebuah grup Kiri Bersatu Eropa dibentuk di Parlemen Eropa, dan pada tahun berikutnya, mengikuti kedekatan baru dengan Skandinavia, mereka mengubah namanya menjadi Kiri Bersatu Eropa/Kiri Hijau Nordik (GUE/NGL). Pada pertengahan 1990an, ditopang oleh pemogokan dan demonstrasi besar terhadap negara mereka masing-masing (Berlusconi dan Dini di Italia, Juppé di Perancis, Gonzáles dan Aznar di Spanyol), beberapa kekuatan Kiri radikal bahkan mencapai terobosan elektoral yang moderat. Izquierda Unida mendapat 13,4 persen di pemilu Eropa pada 1994; Partai Refondasi Komunis 8,5 persen di pemilu nasional pada 1996; dan Partai Komunis Perancis hampir 10 persen di pemilu parlementer pada 1997. Di saat yang sama, partai-partai ini meningkatkan keanggotaan mereka dan keberakaran mereka di tingkat lokal dan di tempat kerja.

Selain Republik Ceko (dengan KSČM yang Komunis), negara-negara Eropa Timur adalah pengecualian dari fase konsolidasi ini; warisan ‘komunis’ pasca-perang mengeksklusi ‒ dan terus menghalangi ‒ proses kelahiran kembali kekuatan Kiri. Saat abad baru menyingsing, sebuah gerakan yang besar dan heterogen secara politik untuk melawan globalisasi neoliberal menyebar ke seluruh penjuru dunia. Sejak akhir 1990an, kolektif-kolektif yang diorganisir-sendiri, gerakan serikat lapisan bawah, partai-partai anti-kapitalis dan organisasi non-pemerintah sudah mendorong protes massa di konferensi tingkat tinggi dari G8, Dana Moneter Internasional, Organisasi Perdagangan Dunia dan Forum Ekonomi Dunia (di Davos, Switzerland). Dengan terbentuknya Forum Sosial Dunia (WSF/World Social Forum) di Brazil pada 2001, dan Forum Sosial Eropa (ESF/European Social Forum) telah mendorong pembahasan yang lebih luas tentang alternatif dari kebijakan-kebijakan yang dominan.

Sementara, dengan naiknya Tony Blair sebagai pemimpin Partai Buruh (1994) dan perdana menteri Inggris (1997-2007), terbuka jalan untuk pergeseran yang lebih besar dalam ideologi dan program Sosialis Internasional. [4] ‘Jalan Ketiga’ Blair ‒ pada kenyataannya, tidak lain dari penerimaan tanpa syarat atas mantra neoliberal yang bertopeng perayaan hampa dari ‘yang baru’ ‒ didukung dalam bentuk dan derajat yang berbeda-beda oleh pemerintahan Gerhard Schröder di Jerman, kanselir dari Partai Sosial-demokratik Jerman (SPD) selama 1998-2005,[5] dan José Sócrates dari Portugis, perdana menteri dari Partai Sosialis (PS) selama 2005-2011. Romano Prodi di Italia (perdana menteri dan ketua koalisi kiri-tengah selama 1996-1998 dan 2006-2008) juga memiliki banyak tema yang sama dan mengumandangkan pencarian sebuah ‘jalan baru’.

Atas nama ‘generasi masa depan’ (yang sementara ini dirampas haknya untuk bekerja) dan terinspirasi oleh adopsi Program Lisbon oleh UE pada 2000, pemerintahan-pemerintahan ini menerapkan serangkaian kontra-pembaruan ekonomi yang telah memerosotkan model sosial Eropa. Mereka dengan keras memulai pemotongan besar-besaran dalam belanja negara, membuat hubungan kerja lebih rentan (dengan membatasi jaminan legal dan secara umum memperburuk kondisi kerja), menerapkan kebijakan ‘moderasi’ upah dan meliberalisasi pasar serta jasa sesuai dengan petunjuk Bolkestein pada 2006 yang membawa bencana. Apa yang disebut Agenda 2010 di Jerman, terutama rencana ‘Hartz IV’ dari Schröder, adalah bukti paling konklusif dari arah kebijakan baru ini.

Banyak bagian dari Eropa selatan melihat tergerusnya apa yang masih tersisa dari negara kesejahteraan: serangan pada sistem pensiun, satu putaran lagi dari privatisasi yang masif, komodifikasi pendidikan, pemotongan drastis pada pembiayaan penelitian dan pengembangan, serta kurangnya kebijakan industri yang efektif. Kecenderungan ini juga terlihat dalam pemerintahan yang dipimpin oleh Konstantinos Simitis (1996-2004) di Yunani, Massimo D’Alema (1998-2000) di Italia dan José Zapatero (2004-2011) di Spanyol.

Pilihan-pilihan serupa beroperasi di Eropa Timur, ketika pemerintahan Sosialis Leszek Miller (2001-2004) di Polandia dan Ferenc Gyurcsány (2004-2010) di Hongaria turut dalam barisan pengikut yang paling berdedikasi dari neoliberalisme dan menerapkan pemotongan belanja negara. Dengan demikian, mereka mengalienasi kelas pekerja dan bagian termiskin dari penduduk, sampai tingkat di mana sekarang kekuatan Sosialis Internasional menempati posisi yang sepenuhnya marginal di kedua negara.

Terkait kebijakan ekonomi, sulit untuk mendeteksi sesuatu yang lebih dari perbedaan minimal antara berbagai pemerintahan sosial-demokratik ini dan rezim konservatif yang berkuasa saat itu. Bahkan, dalam banyak kasus, pemerintahan sosial-demokratik atau kiri-tengah lebih efisien dalam menjalankan proyek neoliberal, mengingat serikat-serikat buruh menganggap tindakan pemerintah lebih dapat diterima karena keyakinan lama yang ilusif bahwa mereka ‘ramah’ kepada gerakan buruh. Sejalan dengan waktu, pengadopsian model yang non-konfliktual dan lunak telah menjadikan serikat buruh semakin tidak mewakili bagian terlemah dari masyarakat.

Orientasi kebijakan luar negeri melibatkan keterputusan yang sama dengan masa lalu. Pada 1999, pemerintahan yang dipimpin oleh Demokrat Kiri (DS), pewaris Partai Komunis lama, mengesahkan intervensi militer kedua dari Italia sejak perang; pengeboman NATO di Kosovo, dengan penggunaan senjata uranium terdeplesi yang banyak dilaporkan. Pada 2003, para pemimpin Partai Buruh Inggris berdiri di garis depan berdampingan dengan George W. Bush dalam sebuah perang yang mereka lancarkan terhadap ‘negara bandit’ Irak, yang mereka fitnah memiliki senjata pemusnah massal. [6] Di antara kedua konflik ini, tidak ada kekuatan dalam Sosialisme Eropa yang menentang intervensi di Afghanistan (yang ‘kerusakan sampingannya’ yang parah berdampak pada penduduk secara umum) atau berbicara menentang operasi Kebebasan Abadi yang lebih umum dan dilancarkan oleh Amerika Serikat.

Partai-partai Sosialis sering mendorong persoalan ekologi ke dalam deklarasi prinsip, tetapi hampir tidak pernah menerjemahkannya ke dalam perundang-undangan yang efektif untuk menyelesaikan masalah besar yang dihadapi lingkungan hidup. Ini diperparah oleh perubahan moderat di kebanyakan partai-partai Hijau, yang dengan memilih bersekutu tanpa pandang bulu dengan partai-partai Kanan atau Kiri, bermutasi menjadi barisan ‘pasca-ideologi’ dan menyerah dalam pertempuran dengan cara produksi yang berlaku.

Pergeseran dalam sosial demokrasi Eropa, yang melibatkan penerimaan tidak kritis atas kapitalisme dan semua prinsip neoliberalisme, menunjukkan bahwa peristiwa 1989 tidak hanya mengguncang kubu Komunis, tetapi semua kekuatan Sosialisme. Karena hal ini meninggalkan hasrat pembaruan apapun dan tidak lagi menyokong jenis intervensi negara dalam ekonomi yang telah menjadi ciri khusus mereka yang utama setelah Perang Dunia Kedua.

Terlepas dari perubahan-perubahan besar ini, banyak partai Kiri radikal Eropa bersekutu dengan kekuatan sosial-demokratik ‒ entah karena kekhawatiran yang masuk akal untuk membendung kemunculan pemerintahan sayap-kanan yang akan memerosotkan lebih lanjut situasi anak muda, pekerja dan pensiunan, atau dalam beberapa kasus untuk menghindari isolasi atau mencegah logika ‘pemungutan suara taktis’ bekerja merugikan mereka. Jadi, dalam rentang beberapa tahun, Partai Refondasi Komunis di Italia (1996-98 dan 2006-8), Partai Komunis Perancis (1997-2002), Izquierda Unida di Spanyol (2004-8) dan Partai Kiri Sosialis di Norwegia (2005-13), [7] semua mendukung atau menjabat sebagai menteri dalam pemerintahan Kiri Tengah. Lebih belakangan lagi, Aliansi Kiri (2011-14) dan Partai Rakyat Sosialis (2011-15) masing-masing telah memikul tanggung jawab pemerintahan di Finlandia dan Denmark. Pilihan-pilihan seperti itu telah dibuat secara konsisten di tingkat lokal, seringkali tanpa perhatian serius terhadap program dari kekuatan politik yang menjadi mitra koalisi. [8]

Angin neoliberal yang berembus tanpa hambatan dari Semenanjung Iberia ke Rusia, bersama dengan ketiadaan gerakan sosial yang besar dan mampu mewarnai tindakan pemerintah ke arah sosialis, rupanya menerangkan sebuah konstelasi negatif bagi partai-partai sayap-kiri radikal. Lebih jauh lagi, apakah mereka dipanggil untuk menjabat di kementrian yang kurang penting (seperti di Perancis atau Italia) atau harus puas dengan kelompok parlementer yang kecil (seperti di Spanyol), hubungan kekuatan vis-à-vis eksekutif yang berkuasa sangat tidak menguntungkan mereka. Kaum Kiri anti-kapitalis tidak berhasil memperoleh capaian sosial apapun yang signifikan, yang bertentangan dengan garis pedoman dasar ekonomi; yang mereka bisa peroleh hanyalah obat yang memberikan keringanan kecil dan tak berkala. Lebih sering mereka harus menelan pil pahit dan memilih langkah-langkah yang sebelumnya mereka janjikan akan paling mereka tentang. Dipimpin oleh anggota parlemen dan tokoh lokal yang dipilih karena loyalitas tidak kritis mereka terhadap kepemimpinan yang ada, partai-partai ini ditelan oleh kebijakan kabinet yang mereka dukung. Kesenjangan dengan basis mereka sendiri pelan-pelan tumbuh, tetapi terus meluas, mengakibatkan hilangnya kredibilitas dan persetujuan di antara pemilih mereka.

Akibatnya, hasil di kotak suara hancur di mana-mana. Dalam pemilihan presiden pada 2007, kaum Komunis Perancis memperoleh kurang dari 2 persen suara, dan di tahun berikutnya, Izquierda Unida mencapai titik terendah dengan angka 3,8 persen. Di Italia, untuk pertama kalinya dalam sejarah Republik itu, kaum Komunis dikucilkan dari parlemen, mencapai total angka yang suram 3,1 persen dan hanya ada di bawah payung Kiri Pelangi. [9]

3. Kediktatoran Troika
Selama 2007, Amerika Serikat dihantam oleh salah satu krisis finansial paling parah dalam sejarah, yang segera memengaruhi Eropa dan menenggelamkannya ke dalam resesi yang mendalam. Ketika utang negara yang melonjak meningkatkan bahaya kredit macet, banyak negara beralih ke kredit dari (apa yang disebut) Troika, yang terdiri dari Komisi Eropa, Bank Sentral Eropa dan Dana Moneter Internasional. Bangsa-bangsa yang beresiko gagal bayar diberikan pinjaman sebagai imbalan dari memperkenalkan kebijakan pemotongan belanja negara yang kaku, selain mana langkah-langkah ‘restrukturisasi’ pada tahun 90an tampak cukup mengekang. Sejak 2008, sudah terdapat total 13 program bailout di UE: satu di Hongaria (2008-10), satu di Latvia (2008-11) [10] dan tiga di Romania, plus ‒ dalam Zona Euro ‒ tiga di Yunani (2010-18), satu di Irlandia (2010-13), satu di Portugal (2011-14), dua di Siprus (2011-16) dan satu di Spanyol (2012-13).

Istilah ‘pembaruan struktural’ mengalami transformasi semantik yang radikal. Awalnya, dalam kosa kata gerakan buruh, hal itu merujuk ke perbaikan kondisi sosial yang pelan tetapi terus-menerus, namun sekarang hal itu menjadi sinonim dengan erosi negara kesejahteraan secara mendalam. Pembaruan-semu yang bersangkutan ‒ kemunduran menjadi istilah yang lebih baik ‒ telah membatalkan sejumlah capaian dan menghidupkan kembali kondisi hukum dan ekonomi yang mengingatkan kita akan kapitalisme abad kesembilan belas yang tamak.

Inilah latar dari resesi yang mengerikan, dari mana Eropa masih belum muncul, dan yang pada saat ini, menyaksikannya bergulat dengan hantu deflasi. Tekanan yang kuat atas upah untuk turun telah menyebabkan rontoknya permintaan, berakibat jatuhnya PDB, dan pengangguran telah mencapai tingkat yang belum pernah tercatat sebelumnya sejak Perang Dunia Kedua. Antara tahun 2007 dan 2014, tingkat pengangguran melonjak dari 8,4 persen menjadi 26,5 persen di Yunani, dari 8,2 persen menjadi 24,5 persen di Spanyol, dari 6,1 persen menjadi 12,7 persen di Italia, dan dari 9,1 persen menjadi 14,1 persen di Portugal. Pada 2014, kurangnya pekerjaan mencapai proporsi yang epidemik bagi seluruh generasi anak muda: 24,1 di Perancis, 34,7 persen di Portugal, 42,7 persen di Italia, 52,4 persen di Yunani dan 53,2 persen di Spanyol. Lebih dari sejuta anak muda, seringkali yang paling terampil dan pendidikannya paling baik, dipaksa untuk beremigrasi dari kelima negara ini. [11]

Jadi, kita menghadapi bentuk baru perjuangan kelas: hal itu dilancarkan dengan tekad yang besar oleh kelas-kelas yang dominan terhadap kelas-kelas subaltern, sementara perlawanan dari yang terakhir seringkali lemah, tidak terorganisir dan terfragmentasi. [12] Hal ini terjadi baik di daerah pusat kapitalis yang maju, di mana pembatasan hak-hak pekerja telah melampaui apapun yang dapat dibayangkan selama 30 tahun yang lalu, dan di pinggiran ekonomi dunia, di mana perusahaan (banyak dari mereka multinasional) mengeksploitasi tenaga kerja mereka dalam bentuk-bentuk yang ekstrem dan dengan kejam melucuti negara-negara itu dari sumber daya alam mereka yang berharga. Hal ini menyebabkan peningkatan ketidaksetaraan yang tinggi dan redistribusi kekayaan yang besar untuk para penduduk terkaya planet ini. Hubungan sosial telah mengalami perubahan yang mendalam, diakibatkan oleh ketidakpastian kerja, kompetisi di antara pekerja, komodifikasi setiap bidang kehidupan, perang sosial di antara strata yang paling miskin, serta sebuah kapitalisme yang baru dan lebih invasif, yang merusak kehidupan dan hati nurani orang-orang dengan cara yang belum pernah terlihat sebelumnya.

Pada saat yang sama, krisis di Eropa telah menyebar dengan cepat ke dunia politik. Selama 20 tahun terakhir, kekuasaan pengambilan-keputusan semakin berpindah dari ranah politik ke ekonomi; ekonomi sekarang ini mendominasi politik dan seringkali digambarkan sebagai sebuah ranah yang terpisah dan kebal dari perubahan, yang menetapkan agenda dan memastikan pilihan-pilihan kuncinya berada di luar kontrol rakyat.

Apa yang belum lama ini biasanya terlihat sebagai ranah untuk tindakan politik sekarang diatur oleh imperatif-semu ekonomi, yang di balik topeng non-politiknya yang ideologis, sebenarnya menyajikan sebuah bentuk otoritarian yang berbahaya dan sebuah isi yang sepenuhnya reaksioner. Kasus yang paling melambangkan hal ini adalah Perjanjian tentang Stabilitas, Koordinasi dan Pemerintahan dalam Persatuan Ekonomi dan Moneter (TSCG) ‒ ‘perjanjian fiskal’, sebagaimana hal itu dikenal luas, yang memaksakan kewajiban anggaran berimbang ke dalam hukum negara-negara UE. Ini berarti setiap negara-anggota berjanji memenuhi, dalam rentang waktu 20 tahun, ketentuan-ketentuan Perjanjian Maastricht, di mana utang negara tidak boleh melebihi ambang batas 60 persen dari Produk Domestik Bruto. Pada kenyataannya, menurut statistik 2014, angka ini sekarang adalah 92 persen di Zona Euro; angka itu berjumlah 74,4 persen di Jerman dan 89,4 persen di Inggris (satu-satunya negara dengan Republik Ceko yang tidak menandatangani perjanjian itu), dan naik menjadi 106,5 persen di Belgia, 130,2 persen di Portugal, 132 persen di Italia dan 177 persen di Yunani.

Dengan membangun dinding yang menghalangi parlemen nasional mengambil keputusan yang mandiri untuk tujuan-tujuan ekonomi-politik, TSCG dengan demikian berperan merusak negara sosial di negara-negara UE yang paling dililit utang dan mengancam memperdalam lebih jauh resesi yang sedang terjadi. Sebagai bagian dari serangan umum ini, dan terinspirasi oleh beberapa negara berbahasa Inggris, Perancis (sejak 2007) dan Italia (pada 2011) memperkenalkan komisioner ‘peninjau belanja’ yang baru untuk ‘merasionalisasi’ belanja negara. Langkah-langkah yang mereka usulkan tidak hanya mengurangi pemborosan, seperti yang dimaksudkan, tetapi juga menyebabkan penurunan jumlah dan kualitas pelayanan.

Tahap berikut dari proyek ini seharusnya adalah Kemitraan Investasi dan Perdagangan Transatlantik (TTIP), sebuah persetujuan antara UE dan AS. Negosiasi-negosiasi yang sangat rahasia mengenai rinciannya sekarang ini sedang berlangsung, diarahkan ke deregulasi perdagangan lebih lanjut, keutamaan keuntungan perusahaan di atas kepentingan umum, dan akibatnya peningkatan kompetisi yang destruktif dan memerosotkan, yang menyebabkan penurunan upah lebih lanjut dan lebih sedikit hak bagi pekerja.

Pergeseran dari sistem pemilu proporsional ke sistem lain yang didasarkan pada ‘bonus-bonus’ mayoritas dari satu atau lain jenis, dan juga kecenderungan anti-demokrasi yang menguatkan eksekutif di hadapan kekuatan legislatif, telah merusak karakter representatif dari parlemen nasional. Tetapi, transfer kekuasaan yang terakhir ini, dari parlemen ke pasar dan institusi-institusi oligarkisnya, merupakan halangan terparah bagi demokrasi di zaman kita. [13] Hal itu menunjukkan bahwa kapitalisme saat ini sedang menderita krisis konsensus yang mendalam dan tidak sesuai dengan demokrasi.

Di sisi lain, di beberapa referendum nasional sejak pengadopsian Perjanjian Maastricht, pilihan terhadap kekuasaan teknokratik yang dominan di Eropa telah dikalahkan lebih dari satu kali di kotak suara. Hal ini terjadi di Perancis dan Belanda pada 2005, dalam kaitannya dengan Perjanjian yang menetapkan sebuah Konstitusi untuk Eropa, [14] dan di Irlandia pada 2008 dalam kaitannya dengan Perjanjian Lisbon. [15]

Indeks pasar saham, penilaian lembaga pemeringkat dan hasil yang menyebar di obligasi pemerintah adalah pujaan-pujaan besar masyarakat kontemporer: hal itu memperoleh nilai lebih besar dari kehendak rakyat. Karenanya, keputusan-keputusan yang menyebabkan bahaya terbesar bagi massa penduduk dipresentasikan sebagai benar-benar sangat diperlukan bagi ‘pemulihan kepercayaan pasar.’

Paling banter, politik dipanggil untuk memberikan dukungan kepada ekonomi, seperti dalam kasus bailout bank di AS dan Eropa pada awal 2008. Para perwakilan keuangan yang besar memerlukan intervensi negara untuk mengurangi efek yang sangat destruktif dari krisis kapitalis yang paling belakangan ini, tetapi mereka dengan keras menolak membuka kembali pembahasan tentang aturan-aturan dasar dan pilihan-pilihan ekonomi.

Bahkan rotasi pemerintahan kanan-tengah dan kiri-tengah tidak mengubah arah dasar sosial-ekonomi, karena adalah ekonomi yang semakin menentukan formasi, komposisi dan tujuan pemerintahan yang memegang tampuk kekuasaan. Jika, di masa lalu, faktor utamanya adalah sejumlah besar uang yang diberikan oleh ‘kepentingan sempit’ kepada pemerintah atau partai yang hendak mereka kontrol, dan juga upaya mewarnai media massa untuk melayani mereka, maka elemen kunci di abad ke-21 adalah fatwa-fatwa lembaga internasional.

Bukti paling jelas dari hal ini datang dengan musim ‘pemerintahan teknokratik.’ Dalam kurang dari seminggu ‒ selama 11-16 November 2011 ‒ dua suri teladan kekuatan ekonomi, Lucas Papademos (wakil-presiden Bank Sentral Eropa selama 2002-2010) dan Mario Monti, masing-masing ditetapkan sebagai perdana menteri Yunani dan Italia, tanpa melalui pemilu. Papademos hanya menjabat selama tujuh bulan, sementara Monti, berkat dukungan penuh Partai Demokratik (PD), menjabat selama setahun setengah. Sudah terkenal sebagai pembela pemotongan belanja negara, mereka secara serentak memajukan pemotongan belanja yang drastis dan pengorbanan sosial lebih lanjut. Pengalaman mereka terbukti berumur pendek, karena mereka terlihat pergi dengan cepat segera setelah pemilih diberi kesempatan bersuara. Tetapi aktivitas pemerintahan mereka memiliki efek yang sangat merusak, baik di tingkat ekonomi dan, mungkin terlebih lagi, karena luka di demokrasi yang disebabkan oleh bentuk pelantikan mereka.

Selama tahun-tahun itu, beberapa kekuatan dalam Sosialis Internasional mengambil jalan yang berakhir dengan cara yang sama. Karena secara ideologis yakin bahwa tidak ada alternatif bagi neoliberalisme ‒ meskipun krisis 2008 telah menunjukkan potensi bencananya dan pemerintahan Obama telah memilih jalan yang berbeda dengan Undang-Undang Reinvestasi dan Pemulihan tahun 2009 ‒ mereka bersekutu dengan kekuatan grup partai-partai kanan-tengah yang bernama Partai Rakyat Eropa (EEP) dan secara tidak kritis mengadopsi elemen-elemen utama pendekatannya atas ekonomi dan masyarakat.

Prototipe kecenderungan ini adalah Grosse Koalition di Jerman, yang perjanjiannya adalah Partai Sosial-demokratik Jerman, dengan mendukung Angela Merkel sebagai kanselir selama 2005-2009 dan sejak 2013 sampai sekarang, harus untuk semua maksud dan tujuan, menyerahkan otonominya. Eksperimen lain ‘persatuan nasional’ telah terjadi di Eropa selatan. Di Yunani, antara tahun 2012 dan 2015, Gerakan Sosialis Pan-Hellenik (PASOK) dan, untuk waktu tertentu, Kiri Demokratik (DIMAR), memberikan dukungan mereka kepada perdana menteri dari Demokrasi Baru (ND), Antonis Samaras. Di Italia, setelah pemilu 2013, Partai Demokratik memasuki pemerintahan (dengan wakil sekretarisnya, Enrico Letta, sebagai perdana menteri) berdampingan dengan koalisi kanan-tengah, Rakyat Kebebasan (PdL), yang dipimpin oleh Silvio Berlusconi. Pada 2014, ‘ikonoklas’ muda neo-Blairit, Matteo Renzi mengambilalih dan menghidupi pemerintahan yang sekarang masih berjalan, di mana Partai Demokratik (PD) telah bekerjasama dengan Kanan-Tengah Baru (NCD), sebuah kelompok sempalan dari gerakan Berlusconi, dan mencapai kesepakatan dengannya dalam beberapa ‘pembaruan’ konstitusional dan elektoral yang signifikan.

Sejak pemilihan Jean-Claude Juncker [16] sebagai presiden Komisi Eropa pada 2014, koalisi besar antara Partai Rakyat Eropa dengan Aliansi Progresif dari Sosialis dan Demokrat (S&D) masih terus memerintah institusi-institusi utama Uni Eropa.

4. Anti-politik, populisme dan xenofobia
Keseragaman pendekatan yang berbahaya terhadap persoalan politik dan ekonomi ‒ yang telah dikonfirmasi sejak 2012 dengan evolusi pemerintahan Sosialis Hollande di Perancis ‒ serta ketidaksukaan opini publik yang meningkat terhadap teknokrasi Brussel, telah membantu menghasilkan perubahan besar kedua (setelah yang pertama pada 1989) dalam konteks politik Eropa.

Selama beberapa tahun terakhir, sebuah ketidaksukaan yang mendalam telah berkembang di mana-mana di benua lama terhadap apapun yang bisa digambarkan sebagai ‘politik’; istilah ini telah menjadi sinonim dengan kekuasaan untuk kekuasaan itu sendiri, dan bukan sebagai sebuah komitmen dan kepentingan bersama untuk perubahan sosial, seperti yang sebagian besar dipahami pada 1960an dan 1970an. Fenomena baru ini terkait khususnya, tetapi bukan secara eksklusif, dengan generasi muda. Hal itu juga telah mendorong apati yang lebih tersebar dan penurunan konflik sosial, terutama ketika organisasi-organisasi gerakan serikat buruh semakin terlihat diakui oleh kekuasaan yang berlaku.

Di sejumlah negara, gelombang anti-politik juga telah berdampak besar pada kekuatan Kiri radikal. Sebagian besar akibat kinerja mereka yang buruk di pemerintahan, mereka bahkan disalahkan karena beradaptasi dengan iklim yang ada dan secara bertahap meninggalkan tuntutan militan yang biasa mereka usung.

Telah terjadi perubahan yang signifikan dalam perimbangan kekuatan di Eropa. Beberapa sistem bipartisan telah meledak begitu saja, seperti di masa pasca-kediktatoran Spanyol dan Yunani, di mana kekuatan Sosialis dan Kanan-Tengah biasanya mendapatkan tiga perempat suara pemilih. Kecenderungan serupa tampaknya telah memengaruhi sistem politik di Perancis dan Italia, di mana selama berpuluh-puluh tahun, suara yang ada terbagi antara blok kanan-tengah dan kiri-tengah. Lebih jauh lagi, ketiga grup politik di Parlemen Eropa yang terpilih pada 2009 ‒ Partai Rakyat Eropa, Aliansi Progresif dari Sosialis dan Demokrat serta Aliansi Kaum Liberal dan Demokrat untuk Eropa (ALDE) ‒ kehilangan lebih dari 13 persen kursi mereka di pemilu yang diselenggarakan pada 2014.

Lanskap politik-elektoral telah dimodifikasi oleh abstainisme, kebangkitan formasi populis baru, kemajuan besar kekuatan kanan-jauh, dan dalam beberapa kasus, konsolidasi alternatif kiri dari kebijakan neoliberal. Tingkat abstainisme elektoral yang lebih tinggi, sebuah kecenderungan yang terlihat di berbagai negara, terutama disebabkan oleh keterasingan yang semakin tinggi dari partai politik secara umum. Partisipasi pemilih di pemilu parlementer menurun di Perancis dari 67,9 persen pada 1997 menjadi 57,2 persen pada 2013;[17] di Jerman dari 84,3 persen pada 1987 menjadi 71,5 persen pada 2013; di Inggris dari 77 persen pada 1992 menjadi 66,1 persen pada 2015; di Italia dari 87,3 persen pada 1992 menjadi 72,2 persen pada 2013; di Portugal dari 71,5 persen pada 1987 menjadi 57% pada 2015; di Yunani dari 76,6 persen pada 2004 menjadi 56,5 persen pada 2015; dan di Polandia (di pemilu presiden) dari 64,7 persen pada 1995 menjadi 48,9 persen pada 2015.

Partisipasi dalam pemilu untuk Parlemen Eropa juga telah jatuh, dari 62 persen pada 1979 menjadi 42,6 persen di jajak pendapat terbaru; [18] Ini mencerminkan hilangnya minat terhadap institusi yang merepresentasikan model yang semakin teknokratis dan tidak politis bagi Eropa. Dengan menunggangi gelombang anti-UE, gerakan ‘pasca-ideologi’ yang baru telah bangkit dalam beberapa tahun terakhir, dipandu oleh kutukan umum terhadap sistem sekarang yang korup atau oleh mitos demokrasi online sebagai jaminan bagi partisipasi politik lapisan bawah yang berlawanan dengan praktik partai politik selama ini.

Berdasarkan prinsip-prinsip ini, Partai Pembajak (PP) didirikan secara hampir bersamaan di Swedia dan Jerman pada 2006. Tiga tahun kemudian, partai itu memenangkan 7,1 persen suara di pemilihan-Euro Swedia dan 2 persen di pemilihan Bundestag. Pada 2012, partai ini juga didirikan di Islandia, di mana ia memenangkan 5 persen suara pada pemilu yang diselenggarakan di tahun berikutnya. Ini merupakan persentase yang signifikan jika kita melihat program politik yang terbatas dari Partai Pembajak, tetapi kecil jika dibandingkan dengan Gerakan Lima Bintang (M5S) yang dibuat oleh pelawak Beppe Grillo pada 2009. Di pemilihan umum berikutnya, gerakan itu menjadi kekuatan politik pertama di Italia dengan 25,5 persen suara.

Pada 2013, Alternatif untuk Jerman (AfD) didirikan di Berlin, dan berkat gelombang Euro-skeptisisme, ia menang 4,7 persen di pemilihan federal pada 2013 dan 7 persen di pemilihan-Euro pada tahun berikutnya. Pada 2014, adalah giliran partai Sungai (TP) di Yunani yang mendapatkan 6,6 persen dan 4,1 persen masing-masing di pemilihan Eropa dan nasional yang berikutnya. Sementara itu, Ciudadanos (C’s) ‒ sebuah gerakan yang didirikan di Catalunya pada 2006 ‒ menerobos ke angka 3,2 persen di pemilihan-Euro, 6,6 persen di pemilihan dewan lokal pada 2015 dan menggandakan jumlahnya ke 13,9 persen di pemilihan umum Desember 2015.

Akhirnya, di pemilihan presiden yang terakhir di Polandia, penyanyi populis sayap-kanan Pawel Kukiz memperoleh 21,3 persen suara; gerakannya, Kukiz’15 telah menjadi kekuatan politik ketiga di negeri itu, memenangkan 8,8 persen suara di pemilihan legislatif pada Oktober 2015.
Selama periode yang sama, sejumlah formasi yang sudah ada meningkatkan kehadiran mereka dengan berdasarkan pada platform politik yang sama. Contoh paling mencolok adalah Partai Kemerdekaan Inggris (UKIP), yang dengan menggabungkan populisme dengan nasionalisme dan xenofobia, berada di peringkat pertama jajak pendapat Euro pada 2014 (26,6 persen) dan memperoleh 12,6 persen suara di pemilihan umum pada Mei 2015. Di Parlemen Eropa, wakil-wakil Partai Kemerdekaan Inggris sudah bergabung dengan Gerakan Lima Bintang untuk membentuk sebuah grup baru, Kebebasan dan Demokrasi Langsung Eropa.

Di Switzerland, Partai Rakyat Swiss/Serikat Demokratik dari Tengah (SVP-UDC) mencapai hasil terbaiknya pada 2015, memenangkan 29,4 persen di pemilihan bulan Oktober. Meskipun namanya bisa menyampaikan pesan yang berbeda, ia pada kenyataannya adalah sebuah formasi kanan-jauh yang xenofobik, yang membedakan dirinya di masa lalu dengan mengadvokasi sebuah referendum (secara aktual disetujui pada 2009) untuk melarang menara masjid baru.

Di banyak negara Eropa, partai-partai xenofobik, nasionalis atau yang secara terbuka neofasis sudah jauh melangkah maju ketika dampak krisis ekonomi melanda diri mereka semakin terasa. Dalam beberapa kasus, mereka telah memodifikasi bahasa politik mereka, mengganti pembelahan kiri-kanan yang klasik dengan sebuah perjuangan baru yang spesifik dalam masyarakat kontemporer: apa yang disebut Marine Le Pen sebagai konflik ‘antara mereka yang di atas dan mereka yang di bawah.’ [19] Dalam polarisasi baru ini, para calon kanan-jauh seharusnya merepresentasikan ‘rakyat’ melawan kekuasaan (atau kekuatan yang untuk jangka waktu lama telah bergantian di pemerintahan) dan para elit yang menyukai pasar bebas yang mahakuasa.

Profil ideologis dari gerakan politik ini juga telah berubah. Komponen rasisnya seringkali digeser ke belakang dan isu-isu ekonomi dimajukan ke depan. Oposisi yang terbatas dan buta terhadap kebijakan imigrasi UE dibawa selangkah lebih maju dengan memainkan perang di antara kaum miskin, bahkan lebih dari diskriminasi berdasarkan warna kulit atau afiliasi agama. Dalam konteks pengangguran yang tinggi dan konflik sosial yang parah, xenofobia dibangkitkan melalui propaganda yang menegaskan bahwa para migran mengambil pekerjaan dari pekerja lokal dan yang terakhir harus menjadi prioritas dalam pekerjaan, pelayanan sosial dan hak-hak kesejahteraan. [20]

Perubahan ini tentu saja telah memainkan peran dalam kesuksesan Front Nasional baru-baru ini, yang di bawah kepemimpinan Marine Le Pen, memperoleh 17,9 persen suara dalam pemilihan presiden 2012, menjadi partai politik Perancis terbesar (24,8 persen) dalam pemilihan-Euro 2014, dan menggotong 25,2 persen suara di pemilihan lokal pada Maret 2015, serta 27,7 persen di pemilihan regional pada Desember 2015, meski gagal menguasai pemerintahan regional manapun. [21] Sementara itu, di Italia, Liga Utara juga telah mengalami metamorfosis.

Kelompok itu lahir pada 1989 menuntut kemerdekaan untuk ‘Padania’ (nama yang diberikan mereka untuk Italia utara), dan setelah 1996, ia membayangkan pemisahan diri daerah itu secara sepihak. Namun, belakangan ini, kelompok itu telah mengubah dirinya menjadi sebuah partai nasional, yang platform anti-imigran ‘non-euronya’ menjadi jangkar persekutuan dengan kekuatan-kekuatan utama yang berasal dari tradisi fasis. Sebagai hasilnya, angka elektoralnya telah meningkat secara dramatis: sekarang ia merupakan organisasi kanan-tengah Italia yang terbesar, mendekati Forza Italia (FI) dari Silvio Berlusconi.

Baik di Perancis maupun Italia, beberapa benteng historis dari suara kelas-pekerja dan Komunis telah bermutasi menjadi basis elektoral yang stabil bagi kedua partai di atas. Sebuah kesepakatan koalisi antara Front Nasional dan Liga Utara mengarah pada pembentukan Bangsa-Bangsa dan Kebebasan Eropa (ENL) pada Juni 2015 di Parlemen Eropa di Brussels; koalisi ini juga mencakup partai-partai politik mapan yang, di samping organisasi-organisasi yang lebih kecil, untuk beberapa lama telah menuntut penarikan diri dari euro, revisi perjanjian tentang imigrasi dan kembali ke kedaulatan nasional. Di antara kekuatan yang paling representatif dalam hal ini adalah Kepentingan Flemish (VB) di Belgia, Partai Kebebasan Austria (FPÖ) yang memenangkan 20,5 persen suara di pemilihan nasional pada 2013, 19,7 persen di pemilihan Eropa pada 2014 dan 30,8 persen di pemilihan Wina pada 2015; serta Partai untuk Kebebasan (PVV) di Belanda, yang didirikan pada 2006 dan memenangkan 13,3 persen di pemilihan Eropa yang terakhir. Posisi kedua partai terakhir sudah naik menempati posisi ketiga dalam politik nasional mereka.

Kekuatan kanan-jauh telah bergabung dengan lebih dari satu grup di Parlemen Eropa dan, untuk pertama kalinya sejak Perang Dunia Kedua, sudah mengalami kemajuan penting di berbagai daerah di benua itu. Di setiap negara Skandinavia, misalnya, mereka sudah menjadi realitas yang mapan, belum lagi berbicara tentang reorientasi ideologi dalam masyarakat yang telah didorong oleh kesuksesan elektoral mereka. Di tanah air par excellence dari ‘model Nordik,’ partai Demokrat Swedia, yang berdiri pada 1988 melalui fusi kelompok-kelompok neo-Nazi, telah muncul sebagai kekuatan politik ketiga terbesar, dan bersekutu dengan UKIP di Eropa.

Di Denmark dan Finlandia, dua partai yang didirikan pada 1995 dan berafiliasi ke Grup Konservatif dan Reformis Eropa telah memperoleh hasil yang jauh lebih mengejutkan, menjadi partai kedua terbsar di negara mereka masing-masing. Yang menakjubkan secara umum, Partai Rakyat Denmark (DPP) memenangkan jumlah suara terbesar di pemilihan Eropa terakhir, dengan total 26,6 persen; ia kemudian mengkonsolidasikan kesuksesannya dengan 21,1 persen di pemilihan legislatif pada 2015 dan bergabung dengan mayoritas pemerintahan. Di Finlandia, partai Finlandia Sejati (PS) sekarang juga duduk di bangku pemerintahan, setelah memperoleh dukungan 17,6 persen di kotak suara pada 2015. Akhirnya, di Norwegia, Partai Kemajuan (FfP) ‒ yang sudah mengumpulkan 22,9 persen suara pada 2009, dan yang pandangan politiknya sama-sama reaksioner ‒ telah memasuki pemerintahan untuk pertama kalinya, dengan angka 16,3 persen.

Kemenonjolan yang hampir-seragam dari partai-partai ini, di daerah di mana organisasi gerakan pekerja telah mempraktikkan hegemoni yang tak pernah dipersoalkan untuk jangka waktu yang sangat lama, mungkin juga disebabkan oleh fakta bahwa mereka mengangkat pertempuran dan isu-isu yang dulunya dekat dengan kaum sosialdemokratik dan komunis. Dua faktor lain yang berguna, meski tidak mendasar, adalah simbolisme politik mereka yang dirancang dengan hati-hati ‒ partai Demokrat Swedia, misalnya, telah mengganti lambang api yang dulunya umum di antara gerakan fasis dengan bunga liar yang menenteramkan dalam warna nasional ‒ dan tumbuhnya pimpinan-pimpinan muda yang terampil berkomunikasi dengan media.

Kaum Kanan telah membuat terobosan mereka tidak hanya dengan instrumen reaksioner yang klasik, seperti kampanye menentang globalisasi, tetapi juga dengan kedatangan pencari-suaka yang baru dan hantu ‘Islamisasi’ masyarakat. Namun demikian, yang terpenting adalah mereka menyerukan kebijakan-kebijakan sosial yang secara tradisional terkait dengan kaum Kiri, di saat kaum Sosial Demokrat memilih pemotongan belanja negara dan Kiri radikal tercekik karena dukungannya terhadap, atau partisipasi aktualnya dalam, pemerintahan. Meskipun demikian, ‘kesejahteraan’ kaum kanan berbeda jenis: tidak lagi universal, inklusif dan solidaristik, tetapi didasarkan pada prinsip yang oleh beberapa teoritisi disebut sebagai ‘nasionalisme kesejahteraan.’ Dengan kata lain, hal itu melibatkan pemberian hak dan layanan hanya ke anggota masyarakat nasional yang sudah ada.

Selain dukungan yang meluas di provinsi dan daerah pedesaan, yang seringkali penduduknya berkurang secara drastis dan terpukul oleh tingkat pengangguran yang tinggi karena krisis ekonomi, kaum Kanan jauh Skandinavia telah mampu menggalang dukungan dari sejumlah penting pekerja yang telah menyerah ke pemerasan ‘antara imigrasi atau negara kesejahteraan.’ Kaum Kanan radikal juga sudah mampu mengorganisir diri mereka kembali di sejumlah negara Eropa Timur, sejak akhir rezim pro-Soviet di sana. ‘Serikat Serangan Nasional’ (ATAKA) di Bulgaria, Partai Nasional Slovak (SNS) dan Partai Romania yang Lebih Besar (RM) adalah beberapa kekuatan politik yang sudah sering memperolah hasil bagus dan mengirim wakil-wakil mereka sendiri ke parlemen.

Di Polandia, partai Hukum dan Keadilan (Pis) yang populis memenangkan pemilihan presiden pada Mei 2015, dan setelah memperoleh 37,6 persen di pemilihan legislatif pada Oktober 2015, memegang kursi mayoritas absolut yang pertama di parlemen sejak akhir Perang Dingin. Tidak seperti penggunaan yang biasa dari nilai-nilai nasionalisme dan agama ultra-konservatif, program ekonomi PiS menampilkan janji-janji untuk meningkatkan belanja sosial, memperbaiki tingkat upah dan menetapkan usia pensiun yang lebih rendah. Itu adalah platform kiri, di sebuah negara di mana Kiri anti-kapitalis tidak ada dan sosial demokrasi hanya memiliki sisa ruang yang kecil setelah mereka menjalankan kebijakan-kebijakan yang memukul lapisan terlemah dari masyarakat.

Namun demikian, kasus yang paling mengkhawatirkan di bagian Eropa yang ini adalah Hongaria. Setelah pemerintahan Partai Sosialis Hongaria (MSZP) memaksakan langkah-langkah pemotongan belanja negara yang parah atas perintah Troika, yang mengakibatkan deflasi, Serikat Sipil Hongaria/Fidesz (yang berafiliasi ke Partai Rakyat Eropa) mengambilalih kendali kekuasaan. Kemudian pada 2012, setelah membersihkan pengadilan dan meletakkan media massa di bawah kendali, pemerintah memperkenalkan sebuah konstitusi baru dengan nada otoritarian yang membawa negara semakin jauh dari rule of law. Seolah-olah itu tidak cukup, Gerakan untuk Hongaria yang Lebih Baik (Jobbik) menjadi partai ketiga di negeri itu sejak 2010, menjaring 20,5 persen suara di pemilu 2014. Berbeda dengan kebanyakan Kanan radikal di Eropa Barat dan Skandinavia, Jobbik merupakan contoh klasik ‒ sekarang dominan di Timur ‒ dari sebuah formasi kanan-jauh yang menggunakan kebencian terhadap minoritas (terutama Roma), anti-semitisme dan anti-komunisme sebagai instrumen utama propaganda dan tindakan politiknya.

Untuk melengkapi survei ini, kita harus menyebutkan beberapa organisasi neo-Nazi yang tersebar di seluruh bagian Eropa. Dua dari mereka telah memperoleh hasil yang baik dalam jajak pendapat. Partai Nasional Demokratik Jerman (NPD) memiliki pijakan di dua parlemen regional; ia mendapatkan 1,5 persen dalam pemilihan 2013; dan ia memiliki satu utusan di Parlemen Eropa sejak 2012. Di Yunani, Fajar Emas (GD) memperoleh 9,4 persen suara di pemilihan Eropa 2014 dan 7 persen di pemilihan umum 2015, dengan demikian menegaskan dirinya sebagai kekuatan politik ketiga di negeri itu. [22]

Dengan demikian, pada tahun-tahun belakangan ini, partai-partai Kanan neofasis, nasionalis atau populis sudah sangat memperluas dukungan mereka di hampir setiap bagian Eropa. Dalam banyak kasus, mereka telah terbukti mampu menghegemoni debat politik dan terkadang memasuki pemerintahan melalui koalisi dengan Kanan yang lebih moderat. Hal itu adalah wabah yang mengkhawatirkan, di mana sudah tentu mustahil untuk meresponsnya tanpa memerangi virus yang pertama-tama menyebabkannya: mantra neoliberal yang masih sangat populer di Brussel.

Meskipun demikian, di Yunani maupun di daerah timur Jerman, kaum Kanan jauh belum bertindak sebaik yang mungkin mereka mampu; dan di Spanyol, Portugal dan Republik Ceko ‒ yaitu, di daerah di mana Kiri Komunis telah mempertahankan akarnya di masyarakat dan mengembangkan sebuah kebijakan oposisi yang koheren pada tahun-tahun belakangan ini [23] ‒ kondisi untuk kebangkitan baru dari Kanan radikal belum terpenuhi.

5. Geografi politik baru dari Kiri radikal Eropa
Krisis ekonomi dan politik yang melintasi Eropa bukan hanya menyebabkan majunya kekuatan populis, xenofobik dan kanan-jauh. Pada saat yang sama, hal itu telah mendorong perjuangan besar dan demonstrasi protes melawan langkah-langkah pemotongan belanja negara yang dipaksakan oleh Komisi Eropa dan diimplementasikan oleh pemerintahan nasional.
Terutama di Eropa selatan, hal ini telah mendorong kebangkitan kembali Kiri radikal, dan juga terobosan elektoral yang penting. Yunani, Spanyol dan Portugal, bersama-sama dengan Irlandia dan, dengan kurang mencolok, negara-negara lain, telah menjadi panggung mobilisasi massa yang mengesankan terhadap kebijakan-kebijakan neoliberal. Di Yunani, lebih dari empat puluh pemogokan umum telah diserukan sejak 2010.

Di Spanyol, jutaan warga negara berpartisipasi dalam sebuah pemberontakan besar yang dimulai pada Mei 2011 yang memunculkan gerakan yang kemudian disebut Indignados. Para demonstran menduduki alun-alun kota Madrid, Puerta del Sol, selama empat minggu. Beberapa hari setelah tindakan mereka dimulai, sebuah gerakan protes serupa turun ke jalan di Athena, di Lapangan Syntagma. Dan di kedua negara, perjuangan sosial secara efektif meletakkan fondasi untuk penegasan dan pertumbuhan Kiri lebih lanjut.

Di sisi lain, meskipun gerakan serikat buruh menghadapi situasi yang sama ‒ langkah-langkah pemerintah pasca-krisis telah menyebabkan bencana sosial yang sama di negara-negara Eropa ‒ mereka tidak mempunyai kemauan politik untuk merumuskan plaftorm tuntutan bersama dan mengorganisir serangkaian mobilisasi berskala-benua. Pengecualian parsialnya hanyalah pemogokan umum 14 November 2012 di Spanyol, Italia, Portugal, Siprus dan Malta, yang juga didukung oleh aksi-aksi solidaritas di Perancis, Yunani dan Belgia.

Di tingkat politik, Kiri anti-kapitalis terjebak dalam pembangunan kembali dan penyusunan kembali kekuatannya di lapangan. Formasi-formasi baru yang terinspirasi oleh pluralisme mulai terbentuk dan menjadi serangkaian subyek politik, pada saat yang sama mengamankan demokrasi yang lebih besar melalui prinsip ‘satu orang, satu suara.’ Pada 1999, Blok Kiri (BE) di Portugal mengumpulkan kekuatan terpenting yang berada di sebelah kiri Partai Komunis Portugis, dan pada tahun yang sama pembentukan Kiri menandai permulaan yang segar di Luxemburg. Pada 2004, Synaspismos dan serangkaian kekuatan anti-kapitalis yang lain di Yunani berkumpul untuk membentuk Syriza, Koalisi Kiri Radikal (meskipun fusinya menjadi sebuah partai yang aktual baru terjadi pada 2012).

Pada Mei 2004, pembentukan Partai Kiri Eropa pada awalnya menghubungkan lima belas partai komunis, sosialis dan ekologis dengan tujuan membangun sebuah subyek politik yang dapat menyatukan kekuatan utama Kiri militan Eropa atas dasar sebuah program bersama. Pada saat yang sama, organisasi politik dari 20 negara adalah bagian dari hal ini. [24] Pengelompokan kembali ini telah didahului, beberapa bulan sebelumnya, oleh pembentukan Aliansi Kiri Hijau Nordik, yang melibatkan tujuh partai dari Eropa utara.

Selain koalisi Kiri Eropa, terdapat juga Kiri Anti-kapitalis Eropa (EACL), sebuah formasi yang lebih kecil yang diluncurkan pada 2000 dan berisikan lebih dari 30 organisasi Trotskyis (seringkali kecil). Promotor utamanya adalah Blok Kiri di Portugal, Daftar Bersatu/Merah Hijau di Denmark dan Partai Anti-kapitalis Baru di Perancis. Di Parlemen Eropa, perwakilan kekuatan ini telah bergabung dengan grup Kiri Bersatu Eropa/Kiri Hijau Nordik. [25]

Beberapa tahun kemudian, komponen paling radikal dari SPD Jerman dan Partai Sosialis Perancis (PS)[26] memisahkan diri dan dengan cepat mengadopsi posisi di sebelah kiri kepemimpinan Partai Sosialisme Demokratik (di Jerman) atau Partai Komunis Perancis. Hal ini mendorong peluncuran Kiri (Die Linke – DL) di Jerman pada 2007 dan Front Kiri (FdG) di Perancis pada 2008. Juga di Perancis, transformasi Liga Komunis Revolusioner (LCR) menjadi Partai Anti-kapitalis Baru (NPA) pada 2009 mungkin disebabkan oleh visi yang sama dengan visi kekuatan berorientasi-kelas tipikal tertentu dari Komunisme Eropa: yaitu, memfokuskan inisiatif politik pada kontradiksi baru yang penting dan terikat dengan eksklusi sosial.

Di Italia, juga pada 2009, Kebebasan dan Ekologi Kiri (SEL) yang baru terbentuk menggabungkan tiga elemen: sayap moderat dari Partai Refondasi Komunis, sebuah kelompok penentang dalam Demokrat Kiri (DS); dan Federasi Kiri (FdS), sebuah aliansi antara Partai Refondasi Komunis dan tiga gerakan politik yang lebih kecil. Di Switzerland, sebuah proses serupa diselesaikan pada 2010 dengan pendirian Kiri (AL).

Jalan serupa dicoba di Inggris, dengan pembentukan Partai Kehormatan pada 2004 dan Persatuan Kiri pada 2013. Kecenderungan ini bahkan melintasi Bosphorus, di mana para aktivis Kurdi berkumpul pada 2012 dengan beberapa gerakan Kiri Turki untuk membentuk Partai Rakyat Demokratik (HDP); ini dengan cepat menjadi kekuatan politik keempat di negeri itu, mendapatkan 10,7 persen suara di pemilihan November 2015. [27]

Tahun 2014 menyaksikan kemunculan Kiri Bersatu di Slovenia dan Podemos di Spanyol. Yang terakhir lebih merupakan kasus khusus, karena ia mengklaim melampaui definisi tradisional dari partai Kiri, tetapi ia memajukan calon untuk pertama kalinya di pemilihan Eropa yang terakhir dan telah bergabung dengan grup Kiri Bersatu Eropa/Kiri Hijau Nordik di Parlemen Eropa. Akhirnya, pada Oktober 2015, sebuah koalisi elektoral baru bernama Aliansi Anti-Pemotongan Belanja Negara – Rakyat Sebelum Keuntungan (AAA-PBP) mengakhiri perseteruan lama antara Partai Sosialis (PS) dan Aliansi Rakyat Sebelum Keuntungan (APBP). [28]

Model plural, yang sangat berbeda dari partai gerakan Komunis abad ke-20 yang ‘sentralis demokratik’ dan monolitik, dengan cepat menyebar ke hampir semua kekuatan Kiri radikal Eropa. Eksperimen yang paling berhasil bukanlah yang hanya menyatukan kelompok dan organisasi yang sudah ada serta kecil, tetapi penyusunan ulang yang sejati yang didorong oleh kebutuhan untuk melibatkan jaringan subyek sosial yang luas dan tersebar serta menjahit bentuk-bentuk perjuangan yang berbeda. Pendekatan ini sudah memperoleh kemenangan sejauh ia telah menarik berbagai kekuatan baru, menarik anak-anak muda, membawa kembali orang-orang militan yang kecewa dan membantu kemajuan elektoral dari partai-partai yang baru dibentuk.

Di pemilihan Jerman 2009, Die Linke memenangkan 11,9 persen suara ‒ tiga kali lipat dari 4 persen yang diperoleh Partai Sosialisme Demokratik tujuh tahun sebelumnya. Di pemilihan presiden Perancis pada 2012, calon Front Kiri, Mélenchon, memperoleh suara tertinggi yang pernah didapatkan oleh partai yang berada di sebelah kiri Partai Sosialis sejak 1981. Dan pada tahun yang sama, Syriza mulai meningkat pesat sehingga ia memperoleh 16,8 persen di pemilihan bulan Mei, 26,9 persen di bulan Juni dan akhirnya 36,3 persen pada Januari 2015 ketika, unik bagi sebuah partai anti-kapitalis Eropa sejak Perang Dunia Kedua, ia membentuk sebuah pemerintahan sebagai mitra mayoritas.[29]

Hasil sangat baik juga diperoleh di Semenanjung Iberia, di mana Kiri Plural Spanyol (sebuah blok elektoral yang baru dan dipimpin oleh Izquierda Unida) melewati batas ambang 10 persen dalam pemilihan-Euro pada 2014, dan Podemos nyaris mencapainya dengan 8 persen. Total suara yang dicapai oleh semua kekuatan Kiri lebih besar lagi di pemilihan umum Desember 2015. Dalam peristiwa itu, Podemos telah mencapai 12,6 persen, Persatuan Rakyat (PU) ‒ pengelompokan terbaru yang didorong oleh Izquierda Unida ‒ 3,6 persen, dan berbagai daftar elektoral lokal ‒ di antaranya ada Bersama Kita Bisa (ECP) (Catalunya ‒ 3,7 persen); Komitmen‒Kita Bisa‒Sudah Saatnya (C-P-É) (Valencia ‒ 2,6 persen); Gelombang (EM) (Galicia ‒ 1,6 persen); Negara Basque Bersatu (EH Bildu) (0,8 persen) ‒ semuanya telah mengumpulkan hampir 9 persen suara.

Adapun Portugal, Koalisi Demokratik Unitaris memperoleh total 8,3 persen dalam pemilihan umum Oktober 2015, sementara Blok Kiri, dengan 10,2 persen, mendapatkan hasil terbaiknya, menjadi kekuatan politik ketiga di negeri itu. Hasil ini telah dikonfirmasi di pemilihan presiden Januari 2016, ketika partai yang terakhir sekali lagi melampaui 10 persen.

Eksperimen kiri plural, selalu dicirikan oleh oposisi yang jelas terhadap neoliberalisme, juga telah membuahkan hasil di pemungutan suara tingkat lokal. Satu contoh kasus bagus adalah pemilihan regional Perancis pada 2010 di Limousin, ketika koalisi Front de Gauche dan Partai Antikapitalis Baru bersama-sama memperoleh 19,1 persen di putaran kedua, dan pemilihan kotamadya di Spanyol, di mana daftar Madrid Ahora dan Barcelona en Comú (termasuk Izquierda Unida dan Podemos) memenangkan dua kota terbesar di negeri itu. Di kedua kasus, aliansi luas yang didorong oleh lapisan bawah memungkinkannya mengatasi perbedaan antara kelompok-kelompok kepemimpinan nasional.

Partai yang memilih untuk tidak membangun blok dengan kekuatan politik lain terkadang juga telah mencapai hasil elektoral yang patut diperhatikan pada dekade terakhir. Sebagai contoh, di Belanda, Partai Sosialis (SP) meningkat menjadi 16,6 persen suara pada 2006, menjelang seruannya untuk memilih ‘tidak’ dalam referendum Konstitusi Eropa; dan di Siprus, sekretaris jenderal AKEL Demetris Christofias memenangkan pemilihan presiden pada 2009 dengan 33,2 persen di pemungutan suara putaran pertama dan 53,3 persen di putaran kedua. Namun demikian, masa jabatan Christofias berakhir dengan kemunduran besar, karena ia tidak mampu mengakhiri konflik yang telah membelah pulau itu sejak 1974, dan secara eksplisit tunduk pada permintaan Troika dalam ekonomi.

Pembalikan lain yang telah menggoncang geografi Kiri Eropa, sekurangnya tidak dapat diperkirakan beberapa tahun yang lalu, seperti kemenangan pemerintahan Syriza di Yunani. Di pemilihan bercorak-utama yang diselenggarakan pada September 2015, 59,5 persen anggota dan pendukung terdaftar Partai Buruh Inggris memilih Jeremy Corbyn sebagai pimpinan baru mereka. Di negara di mana Tony Blair berkuasa dua puluh tahun lalu, sebuah pernyataan-diri anti-kapitalis sekarang telah menempati pos utama di Partai Buruh, warna yang paling sayap-kiri dalam sejarahnya. Pembalikan peristiwa yang luar biasa ini merepresentasikan contoh signifikan lebih jauh dari kebangkitan Kiri.

Di tingkat UE, kemajuan umum dari Kiri radikal dikonfirmasi di pemilihan Eropa terakhir pada 2014. Jumlah suara totalnya mencapai 12.981.378 atau 8 persen, dengan penambahan 1.885.574 dari 2009. [30] Bahkan dengan kriteria tunggal berupa jumlah perwakilan yang dipilih (6,9 persen, atau 52 anggota parlemen), Kiri Bersatu Eropa/Kiri Hijau Nordik sekarang menjadi kekuatan politik kelima di Parlemen Eropa, meningkat dari yang ketujuh pada 2009.[31] Dengan demikian, ia berada di belakang Partai Rakyat Eropa (29,4 persen), Aliansi Progresif dari Sosialis dan Demokrat (25,4 persen), Konservatif dan Reformis Eropa (9,3 persen) serta Aliansi Demokrat dan Liberal untuk Eropa (8,9 persen); tetapi berada di depan Aliansi Bebas Eropa/Hijau (6,6 persen), Kebebasan dan Demokrasi Langsung Eropa (6,4 persen) serta Bangsa-Bangsa dan Kebebasan Eropa (5,2 persen).

Meski demikian, ada beberapa elemen negatif yang menggelapkan gambaran ini. Di banyak negara Eropa Timur, Kiri radikal masih mengekspresikan posisi yang marjinal, jika bukan terisolasi secara total; [32] mereka jauh dari perjuangan sosial, kurang mengakar di daerah-daerah lokal dan serikat buruh, tidak begitu diketahui oleh generasi muda, dan terus diguncang oleh sektarianisme yang merusak dan menyebabkan pembelahan internal. Dengan kata lain, ia tidak memiliki prospek perkembangan yang segera.

Situasi ini direfleksikan dalam jajak pendapat. Di enam negara ‒ Polandia, Romania, Hongaria, Bulgaria, Bosnia-Herzegovina dan Estonia ‒ Kiri radikal mengumpulkan kurang dari 1 persen suara, sementara di negara lainnya seperti Kroasia, Slowakia, Lithuania dan Latvia, mereka tidak lebih baik. Mereka juga masih sangat lemah di Austria, Belgia dan Switzerland, serta di Serbia, Kiri masih diidentifikasi dengan Partai Sosialis yang dipimpin selama bertahun-tahun oleh Slobodan Milošević.

Dengan demikian, kenyataan yang kita hadapi di Eropa sangat heterogen. Di Semenanjung Iberia dan Cekungan Mediterania ‒ dengan pengecualian Italia ‒ Kiri radikal telah meluas secara signifikan pada tahun-tahun belakangan ini. Di Yunani, Spanyol, Portugal dan Siprus, kekuatan itu telah mengonsolidasikan diri mereka dan bisa dikenal di antara aktor-aktor utama dalam arena politik. Begitu pula, di Perancis, kekuatan Kiri radikal telah mendapatkan kembali peran yang agak signifikan dalam masyarakat dan politik. Sementara itu, di Irlandia, nasionalisme republikan progresif (meski moderat) dari Sinn Fein (SF), yang mengumpulkan 22,8 persen suara pada pemilihan-Euro 2014, telah bertindak sebagai penahan majunya kekuatan-kekuatan konservatif.

Di Eropa Tengah, Kiri radikal mampu mempertahankan kekuatan elektoral yang besar di Jerman dan Belanda, tetapi bobotnya terbatas di tempat-tempat lain. Di negara-negara Nordik, mereka mempertahankan posisi yang didapatkannya setelah 1989 (sekitar 10 persen di jajak pendapat), tetapi mereka terbukti tidak mampu menarik ketidakpuasan rakyat yang tersebar, yang malah ditangkap oleh ekstrim Kanan.

Meski demikian, masalah utama Kiri radikal masih ada di bagian timur, di mana dengan pengecualian Partai Komunis Bohemia dan Moravia di Republik Ceko, serta Kiri Bersatu di Slovenia, kekuatan itu nyaris tidak ada dan tidak mampu bergerak melampaui hantu ‘sosialisme yang ada secara aktual,’ Dalam situasi ini, ekspansi UE ke arah timur dengan tegas telah menggeser gravitasi pusat politik ke kanan, seperti yang dapat kita lihat dari posisi ekstrim yang kaku yang diambil oleh pemerintahan di Eropa Timur selama krisis baru-baru ini di Yunani dan terkait dengan kedatangan orang-orang yang melarikan diri dari daerah-daerah yang dilanda perang.

6. Melampaui batasan Zona Euro?
Perubahan partai-partai Kiri radikal menjadi organisasi yang luas dan lebih plural berguna dalam mengurangi fragmentasi mereka, tetapi hal itu tentu belum menyelesaikan masalah politik mereka.

Di Yunani, ketika pemerintahan yang dipimpin oleh Alexis Tsipras mulai bekerja, Syriza berniat keluar dari kebijakan pemotongan belanja negara yang diadopsi oleh semua pemerintahan, kiri-tengah, ‘teknokratik’ atau ‘kanan-tengah,’ yang telah berganti satu sama lain sejak 2010. Meski demikian, karena besarnya utang negara, penerapan kongkrit dari langkah ini dengan segera disubordinasi di bawah negosiasi dengan kreditor internasional. Setelah lima bulan perundingan yang melelahkan ‒ selama mana Bank Sentral Eropa berhenti lagi memberikan kredit kepada bank sentral di Athena, menyebabkan cabang-cabang dari berbagai bank Yunani kehabisan uang ‒ para pemimpin Zona Euro memaksakan sebuah rencana bailout yang baru dan berisikan semua syarat ekonomi yang selama ini telah ditentang dengan tegas oleh Syriza.

Sejak 2010, rangkaian kekuatan politik parlementer yang telah menerima memorandum Brussels memang sudah luas. Dari kiri ke kanan, mereka sudah tunduk pada logika pemotongan belanja negara yang tak kenal ampun: Demokrasi Baru, Orang-orang Yunani Independen (ANEL), Sungai, Kiri Demokratis, Gerakan Sosialis Panhelenis dan akhirnya, Syriza. [33] Bahkan respons yang kuat dalam referendum konsultatif pada 5 Juli 2015 (ketika 61,3 persen rakyat Yunani menyatakan “tidak” dengan tegas kepada usulan Troika) tidak membawa hasil yang berbeda. Untuk menghindari keluarnya Yunani dari Zona Euro, pemerintahan Tsipras menyetujui pengorbanan sosial lebih lanjut, penjualan aset-aset publik dengan harga murah dan masif, serta secara lebih umum satu rakit penuh langkah-langkah pemotongan belanja negara yang diarahkan pada kepentingan kreditor internasional dan bukannya pada pembangunan ekonomi Yunani. [34]

Di sisi lain, keluarnya Yunani dari Zona Euro ‒ sebuah skenario yang dibayangkan oleh beberapa kalangan, tetapi hanya jika negosiasi dengan Eurogroup gagal ‒ akan melontarkan negeri itu ke situasi kekacauan ekonomi dan resesi yang mendalam. Adalah penting untuk mempersiapkan diri dengan baik dari jauh-jauh hari untuk sebuah keputusan yang krusial seperti itu, dengan hati-hati menimbang setiap kemungkinan dan merencanakan secara ketat semua penanggulangan yang tepat. Di atas segalanya, adalah penting untuk memenangkan serangkaian luas kekuatan sosial dan politik serta mengandalkan dukungan mereka ‒ jika tidak, autarki ekonomi di mana Yunani dikutuk untuk mengadopsinya selama jangka waktu yang tidak dapat diperkirakan, dapat membuka ruang lebih besar lagi bagi kelompok neofasis Fajar Emas.

Hasil negosiasi antara Tsipras dan Eurogroup membuatnya sangat jelas bahwa ketika sebuah partai sayap-kiri memenangkan pemilu dan berusaha menerapkan kebijakan ekonomi alternatif, institusi-institusi Brussels siap mengintervensi dan menghentikan mereka. Pada 1990an, penerimaan tanpa syarat paham neoliberal menyelaraskan kekuatan sosial demokrasi Eropa dengan partai-partai kanan-tengah. Sekarang, sebaliknya, ketika sebuah partai Kiri radikal naik ke kekuasaan, Troika itu sendiri yang turun tangan menghalangi pemerintahan baru merusak arahan-arahan ekonominya. Memenangkan pemilu tidaklah cukup; Uni Eropa telah menjadi landasan dari kapitalisme neoliberal.

Menyusul episode Yunani, terdapat refleksi kolektif yang mendalam terhadap kebijakan mempertahankan mata uang tunggal dengan ongkos apapun. Berbagai upaya dilakukan untuk memahami cara mana yang terbaik untuk mengakhiri kebijakan ekonomi yang sekarang, tanpa, pada waktu yang sama, mengabaikan proyek persatuan politik Eropa yang baru dan berbeda.
Posisi mayoritas di antara partai-partai Kiri radikal tetaplah bahwa masih mungkin untuk memodifikasi kebijakan Eropa dalam konteks yang ada: yaitu, melakukannya tanpa mengakhiri persatuan moneter yang dicapai pada 2002 ketika euro mulai berlaku.

Syriza adalah kekuatan paling menonjol yang masih menganut pandangan ini: ia memiliki kesempatan dalam pemerintahan untuk merumuskan dan menerapkan solusi-solusi alternatif ‒ terlepas dari tekanan yang tidak patut dari institusi UE untuk membendung perubahan apapun ‒ tetapi ia tidak mempertimbangkan pilihan ‘Grexit.’ Pada September 2015, Tsipras memenangkan pemilihan awal yang ia serukan mengikuti konflik dengan sebagian dari partai yang menentang penerapan usulan-usulan memorandum Eurogroup; ia mengumpulkan 35,5 persen suara rakyat dan kembali ke pemerintahan dengan grup parlementer yang kohesif, tidak lagi terpapar oleh bahaya ketidakpuasan internal.

Jadi, terlepas dari tingkat abstain yang lebih tinggi (sampai 7 persen sejak pemilihan yang lalu tujuh bulan sebelumnya), dan terlepas dari fakta bahwa orang yang memberikan suara lebih sedikit 600,000 orang daripada referendum Juli, Syriza mampu mempertahankan dukungan dari bagian yang cukup besar dari rakyat Yunani. Meskipun demikian, mosi percaya yang baru dan mereka berikan akan diuji dalam waktu singkat ketika kapak yang dipaksakan oleh Eurogroup terasa akibatnya, dan tidaklah terlalu gegabah untuk memprediksi kemunculan skenario yang lebih tak tentu lagi daripada yang sejauh ini kita lihat.

Syriza tampaknya memiliki strategi dua-arah untuk mencegah hilangnya dukungan yang dialami oleh semua partai lain yang menerapkan program bailout Troika sebelumnya. Pemerintahan Yunani akan berupaya menegosiasikan pengurangan besar dalam utang negara, untuk menghindari serangan siklus deflasi yang baru. Dan ia akan berusaha menjalankan sebuah agenda yang paralel dengan yang dipaksakan oleh Brussels, yaitu mengambil beberapa langkah redistributif yang dapat membatasi efek dari memorandum yang paling baru.

Mengingat apa yang terjadi pada 2015, terdapat landasan objektif untuk berpendapat bahwa ini adalah misi yang hampir-mustahil. Bagaimanapun juga, setelah pengalaman pemerintahan Tsipras, dan mengingat kemungkinan bahwa institusi UE akan menolak restrukturisasi utang apapun, menjadi jelas bahwa Kiri juga perlu mempersiapkan diri untuk kemungkinan keluar dari Zona Euro. Meskipun demikian, adalah keliru untuk menganggap hal ini sebagai obat dari semua masalah.

Selain Syriza, sebagian besar kekuatan utama dalam Partai Kiri Eropa memiliki pandangan yang sama bahwa adalah mungkin untuk memperbarui Uni Eropa dalam konfigurasi yang ada; ini berlaku bagi Die Linke di Jerman, Partai Komunis Perancis dan Izquierda Unida di Spanyol. Podemos juga masuk dalam blok ini, karena kepemimpinannya yakin bahwa jika pemerintahan Yunani disusul oleh yang lain yang siap untuk putus dari pemotongan belanja negara yang dipaksakan-Troika, akan terbuka ruang untuk menghancurkan apa yang saat ini tampak sangat tidak bisa diubah. Hasil pemilihan Portugal baru-baru ini ‒ yang telah menghasilkan aliansi yang selama ini sangat tidak mungkin[35]: sebuah pemerintahan minoritas yang dipimpin oleh seorang Sosialis Antonio Costa, dengan dukungan eksternal dari Blok Kiri dan Koalisi Demokratik Bersatu ‒ tampak memperkuat harapan seperti itu. Skenario serupa juga tidak dapat diabaikan di Spanyol, di mana pada saat ini negosiasi antara Partai Pekerja Sosialis Spanyol (PSOE) dan Podemos sedang berlangsung.

Dalam pandangan yang lain, ‘krisis Yunani’ ‒ pada kenyataannya, sebuah krisis demokrasi di zaman kapitalisme neoliberal ‒ tampak membuktikan bahwa model UE yang ada tidak dapat diperbarui: bukan karena hubungan kekuatan lebih tidak menguntungkan bagi Kiri anti-kapitalis akibat pembesaran di bagian timur, tetapi karena arsitektur umumnya. Parameter-parameter ekonomi yang diterapkan dengan kekakuan yang semakin tinggi sejak penandatanganan Perjanjian Maastricht niscaya telah mengurangi, atau dalam beberapa kasus, hampir membatalkan urgensi politik yang jauh lebih kompleks dan majemuk.

Selama 25 tahun terakhir, kebijakan neoliberal dengan jubah teknokratik dan non-ideologis yang menipu, sudah menang di seluruh Eropa, memberikan pukulan berat bagi model negara kesejahteraan. Negara-negara menemukan diri mereka secara perlahan dilucuti instrumen pengarah ekonomi dan politiknya yang penting, yang sangat dibutuhkan untuk meluncurkan program investasi publik yang dapat mengubah arah krisis. Dan di atas ini, praktik anti-demokrasi berupa pengambilan keputusan penting tanpa mengupayakan persetujuan rakyat sudah begitu melekat sehingga hal itu sekarang tampak sangat biasa.

Mereka yang menganggap tujuan mendemokratisasikan Zona Euro sebagai ilusif mungkin masih minoritas dalam Kiri radikal, tetapi barisan mereka membesar beberapa bulan belakangan ini. Di samping kekuatan yang secara tradisional Euro-skeptik seperti Partai Komunis Portugis, Partai Komunis Yunani atau Daftar Unitaris/Merah-Hijau di Denmark, sekarang terdapat Persatuan Rakyat (LE) yang menyempal dari Syriza. Lahir di Athena pada Agustus 2015, ia telah merekrut sejumlah besar mantan pemimpin dan anggota yang menentang keputusan Tsipras untuk menerima perintah Eurogroup. Tetapi meskipun ia menginginkan kembali ke drachma, ia masih berada di luar parlemen Yunani setelah pemilihan terakhir, mendapatkan hanya 2,8 persen suara rakyat.

Pada saat yang sama, berbagai intelektual dan pemimpin politik secara eksplisit telah mengambil posisi menentang euro. [36] Lafontaine, misalnya, telah mengusulkan untuk kembali (dengan bentuk yang fleksibel) ke Sistem Moneter Eropa (EMS): yaitu, kesepakatan yang berlaku sebelum euro diadopsi, yang menetapkan fluktuasi nilai-tukar yang terkontrol di antara berbagai mata uang nasional. Walau bagaimanapun, pencarian solusi yang segera untuk mengakhiri tahap pemotongan belanja negara, dengan latar belakang tekanan yang baru dan tidak dapat diterima seperti yang dilancarkan kepada Yunani, mesti mempertimbangkan semua implikasinya. Di tingkat simbolik, kembali ke sistem moneter yang lama mungkin terlihat sebagai langkah pertama untuk menghentikan seluruh proyek persatuan Eropa; dan secara politik, hal itu mungkin akan menjadi katalis yang berbahaya yang menguntungkan Kanan populis.

Selain kedua posisi yang terus terang mendukung dan menentang ‘demokratisasi euro,’ terdapat serangkaian opini yang cukup luas dan ragu-ragu memberikan jawaban yang jelas terhadap pertanyaan: ‘Apa yang harus dilakukan jika hal-hal yang terjadi di Yunani terulang di negara lain?’ Banyak yang khawatir bahwa partai-partai atau pemerintahan koalisi lain akan menjadi sasaran pemerasan yang sama seperti Syriza, tetapi ada juga ketakutan yang meluas bahwa jika ia memikirkan penarikan diri dari Zona Euro, Kiri anti-kapitalis akan mengasingkan sebagian besar penduduk yang khawatir terhadap kemungkinan inflasi dan akibatnya berupa instabilitas ekonomi serta kemerosotan upah dan pensiun mereka. Contoh tipikal dari ketidakpastian ini adalah posisi Blok Kiri di Portugal dan Partai Sosialis di Belanda yang berganti-ganti pada tahun-tahun belakangan ini.

Meskipun seruan Mélenchon baru-baru ini, ‘Sebuah Rencana B di Eropa,’ [37] penuh dengan kontradiksi dan kesamaran, ia telah memberikan rangsangan lebih lanjut untuk diskusi. Menandai campur tangan UE di Yunani sebagai sebuah ‘ coup d’État’ yang sungguhan, mereka mengusulkan sebuah konferensi internasional yang permanen untuk merancang cara bagaimana alternatif dari sistem moneter berbasis-euro bisa ada jika kebutuhannya muncul. [38] Jika di bulan-bulan mendatang, intelektual, partai politik dan kekuatan sosial lain bersatu atas dasar tujuan ini, di masa depan tuntutan untuk meninggalkan euro mungkin akan menjadi bendera dari tidak hanya Kanan populis.

Di sisi lain, konflik yang meledak dalam Syriza dapat direproduksi di tempat lain. Sudah ada tanda-tanda ini dalam ketegangan internal yang telah memmengaruhi Front de Gauche dan Die Linke. Dengan demikian, untuk Kiri radikal Eropa, resiko berupa periode baru pembelahan bisa mewujud secara kongkrit. Hal ini mengungkap batas-batas dari bentuk plural yang diadopsi kekuatan militan pada tahun-tahun belakangan ini, dengan segala kekurangan definisi programatiknya. Karena keragaman posisi politik dan budaya politik di antara berbagai organisasi yang menghidupkan konfigurasi yang baru mungkin sangat memerlukan kesepakatan tentang strategi yang akan dijalankan; hal itu akan sulit dicapai, tetapi tidak mustahil.

Ketegangan lain ada dalam Kiri radikal Eropa mengenai hubungan dengan kekuatan sosial-demokratik. Isu kuncinya, yang terus ada baik di tingkat kota maupun regional, adalah apakah merupakan ide yang baik untuk terlibat bersama-sama dengan mereka dalam pengalaman memerintah; bahaya yang jelas adalah pada akhirnya kita hanya akan memainkan peran subordinat, menerima seperti di masa lalu, kompromi-kompromi negatif yang degradatif dan memerosotkan capaian-capaian yang ada dalam dukungan rakyat, serta menyerahkan monopoli oposisi sosial kepada Kanan populis.

Namun demikian, pilihan memerintah harus dipertimbangkan hanya jika terdapat kondisi untuk menerapkan sebuah program ekonomi yang benar-benar memutuskan diri dari kebijakan pemotongan belanja negara pada dekade terakhir. Keputusan yang lain dari itu akan berarti belum menangkap berbagai pelajaran pada tahun-tahun yang lampau, ketika partisipasi dalam eksekutif moderat yang dipimpin-Sosialis menodai kredibilitas Kiri radikal di antara kelas pekerja, gerakan sosial, dan bagian terlemah dari masyarakat.

Menghadapi pengangguran yang di beberapa negara telah mencapai tingkat yang belum pernah terlihat sejak perang, sudah menjadi prioritas untuk meluncurkan sebuah rencana yang ambisius untuk buruh, yang didukung investasi publik dan memiliki pembangunan yang berkelanjutan sebagai prinsip panduannya. Hal ini harus berjalan bersama-sama dengan perubahan arah yang jelas terkait ketidakamanan pekerjaan yang telah menandai semua ‘pembaruan’ pasar-kerja yang terakhir; juga harus diperkenalkan legislasi untuk menetapkan batas ambang minimum di bawah mana upah tidak boleh dibiarkan jatuh. Langkah-langkah seperti itu akan memungkinkan anak muda untuk merencanakan kembali masa depan mereka. Juga harus ada pemotongan jam kerja dan penurunan umur pensiun, dengan demikian memulihkan beberapa elemen keadilan sosial untuk melawan pembagian kekayaan yang tidak setara, yang terus tumbuh di bawah rezim neoliberal.

Untuk menghadapi peningkatan pengangguran yang dramatis, partai-partai Kiri radikal harus memajukan langkah-langkah yang cenderung menetapkan pendapatan warga negara dan bentuk dukungan yang dasar bagi yang kurang mampu ‒ mulai dari hak atas perumahan melalui konsesi transportasi ke pendidikan gratis ‒ dengan suatu cara untuk memerangi kemiskinan dan eksklusi sosial yang semakin meluas.

Pada saat yang sama, adalah penting untuk membalik proses privatisasi yang telah menandai kontra-revolusi selama beberapa dekade belakangan ini. Semua barang bersama yang ditransformasikan dari pelayanan komunitas menjadi alat untuk menciptakan laba bagi segelintir harus dipulihkan ke kontrol dan kepemilikan publik. Usulan Jeremy Corbyn untuk menasionalisasi kembali kereta api Inggris, dan juga kebutuhan di mana-mana di Eropa untuk menginvestasikan sumber daya secara signifikan di sekolah dan universitas, mengindikasikan arah yang benar untuk diambil.

Terkait pembiayaan untuk pembaruan seperti itu, hal ini dapat berasal dari pajak atas kapital dan atas aktivitas non-produktif dari perusahaan-perusahaan besar, dan juga atas pendapatan dan transaksi keuangan. Jelas bahwa cara pertama yang diperlukan untuk tujuan ini adalah referendum untuk menghapuskan ‘paket fiskal’ dan membatalkan rantai yang dipaksakan oleh Troika. Juga sangat penting untuk memblokir persetujuan Kemitraan Investasi dan Perdagangan Transatlantik, yang jika diterapkan, hanya akan memperburuk situasi lebih lanjut. [39] Di tingkat benua, sebuah alternatif yang riil hanya bisa dibayangkan jika spektrum kekuatan sosial dan politik yang luas mampu berjuang untuk dan mencapai sebuah konferensi Eropa tentang restrukturisasi utang negara.

Ini hanya bisa terjadi jika Kiri radikal berkembang, dengan keteguhan dan konsistensi yang lebih besar, serta bermacam kampanye politik dan mobilisasi transnasional. Hal ini perlu dimulai dari penolakan terhadap perang dan xenofobia ‒ isu yang lebih menentukan lagi sejak penyerangan 13 November 2015 di Paris ‒ dan dukungan untuk perluasan kewarganegaraan serta hak sosial penuh bagi para migran yang datang ke tanah Eropa.

Tidak ada jalan pintas bagi sebuah politik alternatif. Karena tidak cukup untuk mempercayai para pemimpin alternatif; begitu pula, kelemahan partai-partai sekarang ini tidak membenarkan pembatalan mereka oleh institusi negara.[40] Adalah penting untuk membangun organisasi-organisasi baru ‒ Kiri memerlukan hal ini sebanyak yang mereka perlukan pada abad ke-20: organisasi yang memiliki kehadiran yang meluas di tempat kerja; organisasi yang berusaha keras menyatukan perjuangan kelas pekerja dan subaltern, di saat di mana hal ini belum pernah lebih terfragmentasi daripada sekarang; organisasi yang struktur lokalnya mampu memberikan jawaban segera (bahkan sebelum legislasi untuk perbaikan secara umum) terhadap masalah-masalah dramatis yang diakibatkan oleh kemiskinan dan eksklusi sosial. Begitu pula, akan membantu hal ini terjadi jika Kiri menggunakan lagi bentuk-bentuk perlawanan sosial dan solidaritas yang dipraktikkan oleh gerakan pekerja di masa sejarah yang lain.

Prioritas-prioritas baru juga perlu didefinisikan, terutama kesetaraan gender yang riil dan latihan politik yang saksama terhadap anggota-anggota yang lebih muda. Kunci untuk kerja seperti itu, di masa di mana demokrasi disandera oleh organisme teknokratik, adalah mendorong partisipasi lapisan bawah dan pengembangan perjuangan sosial.

Satu-satunya inisiatif Kiri radikal, yang memiliki aspirasi untuk mengubah arah peristiwa, hanya memiliki jalan tunggal di hadapan mereka: membangun sebuah blok sosial baru yang mampu merangsang oposisi massa terhadap kebijakan-kebijakan yang dimulai oleh Perjanjian Maastricht; dan dengan demikian, mengubah di akarnya pendekatan ekonomi yang saat ini dominan di Eropa.***

Diterjemahkan oleh M. Zaki Hussein.

References

1. Pada 1989, Partai Komunis Italia (PCI), Partai Komunis Spanyol (PCE), Kiri Yunani (EAR) dan Partai Rakyat Sosialis (SF) di Denmark membentuk Grup untuk Kiri Bersatu Eropa di Parlemen Eropa.
2. Dimulai pada 1989, Partai Komunis Perancis (PCF), Partai Komunis Portugis (PCP), Partai Komunis Yunani (KKE) dan Partai Buruh (WP) di Irlandia membentuk grup Persatuan Kiri di Parlemen Eropa.
3. Di antara mereka yang paling signifikan secara elektoral adalah Perjuangan Buruh (LO) di Perancis.
4. Pemerintahan yang dipimpin oleh Lionel Jospin di Perancis, yang mengurangi jam kerja seminggu menjadi tiga puluh lima jam, adalah pengecualian dari kecenderungan ini. Di Spanyol, pemerintahan Zapatero mengikuti kebijakan neoliberal yang sama seperti di negara-negara Eropa lain dan tersapu oleh efek dari krisis ekonomi. Namun demikian, ia mengadopsi sejumlah pembaruan penting terkait hak-hak sipil. Untuk analisis yang lengkap terhadap kecenderungan sosial-demokratik di Eropa, lihat Jean-Michel de Waele, Fabien Escalona, Mathieu Vieira (eds.), The Palgrave Handbook of Social Democracy in the European Union , Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2013.
5. Lihat Anthony Blair dan Gerhard Schröder, Europe: The Third Way ‒ die Neue Mitte, London/Berlin, Partai Buruh/SPD, 1999.
6. Pada 18 Oktober 2015, surat kabar Mail on Sunday menerbitkan sebuah dokumen rahasia (‘Rahasia/Noforn) tertanggal 28 Maret 2002 (setahun sebelum perang Irak) yang membuktikan bahwa perdana menteri Inggris ‒ sementara mengumumkan keputusannya untuk mencari solusi diplomatik bagi krisis itu ‒ sudah menawarkan Bush dukungannya untuk meyakinkan opini publik dunia bahwa Saddam Hussein memiliki senjata pemusnah massal. Lihat http://www.dailymail.co.uk/news/article-3277402/Smoking-gun-emails-reveal-Blair-s-deal-blood-George-Bush-Iraq-war-forged-YEAR-invasion-started.html.
7. Partai ini hanya bergabung dengan Kiri Hijau Nordik, bukan dengan grup Kiri Bersatu Eropa/Kiri Hijau Nordik dalam parlemen Eropa.
8. Partai Kiri (‘Die Linke’) mengambil keputusan yang sama di Jerman, memasuki pemerintahan dengan kaum Sosial Demokrat di Negara Brandenburg (di mana sebagai akibatnya suaranya jatuh dari 27,2 persen pada 2009 menjadi 18,6 persen pada 2014) dan di Berlin (di mana suaranya turun setengah dari 22,6 persen pada 2001 menjadi 11,6 persen pada 2011). Di Belanda, Partai Sosialis ada dalam pemerintahan di enam dari dua belas provinsi di negeri itu, setelah bergabung dalam beberapa kasus dengan partai-partai kanan-tengah, sementara Partai Buruh (PvdA), yang merupakan afiliasi dari Sosialis Internasional, masih terus menjadi oposisi.
9. Di Denmark, Partai Rakyat Sosialis memperoleh 13 persen pada 2007, tetapi kemudian jatuh ke angka yang sekarang 4,2 persen setelah perubahan sikap politik yang moderat mendukung pemerintahan. Kejatuhan ini terjadi bersamaan waktunya dengan perpindahan partai itu dari grup Kiri Bersatu Eropa/Kiri Hijau Nordik dalam parlemen Eropa ke grup Partai Hijau Eropa ‒ sebuah langkah yang disetujui oleh kongres nasionalnya pada 2008.
10. Latvia mengadopsi Euro pada 1 Januari 2014.
11. Institut Statistik Nasional Portugis telah menghitung bahwa selama 2010-2014, setidaknya 200.000 orang berumur antara 20 dan 40 tahun meninggalkan negeri itu. Di Spanyol, Institut Statistik Nasional menghitung setidaknya 133.000 emigran muda baru selama tahun 2008-2013. Dan di Italia, setidaknya 136.000 anak muda pergi ke luar negeri antara tahun 2010 dan 2014. Pada kenyataannya, perkiraan-perkiraan ini berada jauh di bawah angka sebenarnya. Dalam kasus Yunani, tidak ada data resmi, karena badan statistik nasionalnya tidak mencatat emigrasi anak muda.
12. Pada 2006, investor dan tokoh terkemuka AS, Warren Buffet, menyartakan dengan fasih dalam sebuah wawancara: ‘Baiklah, ada perang kelas, tetapi itu adalah kelas saya, kelas kaya, yang sedang melancarkan perang, dan kami menang.’ Lihat Ben Stein, ‘In Class Warfare, Guess Which Class Is Winning,’ New York Times, 26 November 2006.
13. Mengenai hubungan antara kapitalisme dan demokrasi ‒ sebuah tema mengenai mana sejumlah besar literatur tumbuh subur beberapa tahun belakangan ini ‒ lihat Ellen Meiksins Wood, Democracy Against Capitalism, London: Cambridge University Press, 1995.
14. Disetujui hanya di Spanyol dan Luxemburg, ratifikasi perjanjian ini menemui kemacetan persis sebagai akibat dari penolakan ini di Perancis dan Belanda.
15. Di Yunani, referendum konsultatif yang diselenggarakan oleh pemerintahan Tsipras pada Juli 2015 juga menghasilkan suara ‘tidak’ dalam jumlah besar terhadap kebijakan-kebijakan Brussel yang terkait.
16. Sebagai perdana menteri Luxemburg, Juncker telah memungkinkan lebih dari 300 perusahaan multinasional mengambil keuntungan dari rezim pajak khusus di negerinya.
17. Namun, harus dicatat bahwa partisipasi dalam pemilu presiden yang lebih penting di Perancis jauh lebih tinggi, seperti yang ditunjukkan oleh 79,4 persen kedatangan pemilih pada 2012.
18. Di banyak negara Eropa Timur, angkanya sangat rendah: Slowakia 13 persen, Republik Ceko 18,2 persen, Slovenia 24,5 persen, Kroasia 25,2 persen, Hongaria 28,9 persen. Yang juga penting adalah 33,6 persen di Portugal dan 35,6 persen di Inggris. Lihat http://www.europarl.europa.eu/pdf/elections_results/review.pdf .
19. Setelah pemilihan kota pada Maret 2014.
20. ‘Prioritas untuk orang Perancis’ adalah sebuah slogan xenofobik lama dari Jean-Marie Le Pen: lihat karyanya Les Français d’abord, Paris: Carrère-Michel Lafon, 1984.
21. Sejak pemilihan 2012, Front Nasional telah menjadi bagian dari sebuah koalisi yang lebih luas, yang menamakan dirinya Barisan Biru Laut (Rassemblement Blu Marine – RBM).
22. Untuk kajian tentang kekuatan kanan-jauh di Eropa, lihat buku yang diedit oleh Andrea Mammone, Emmanuel Godin dan Brian Jenkins: Mapping the Extreme Right in Contemporary Europe, London: Routledge, 2012.
23. Ini benar bahkan ketika kita mempertimbangkan keterombangambingan posisi Izquierda Unida terhadap pemerintahan Spanyol selama 2004-2008.
24. Untuk daftar kekuatan yang bergabung dalam Partai Kiri Eropa, lihat http://www.european-left.org/about-el/member-parties .
25. Namun demikian, grup ini tidak mencakup formasi yang berpartisipasi dalam Partai Inisiatif Komunis dan Pekerja, sebuah aliansi yang diluncurkan pada 2013 yang terdiri dari—selain Partai Komunis Yunani (KKE), komponen utamanya—29 partai-partai Stalinis ortodoks yang kecil.
26. Kartel Oskar Lafontaine Buruh dan Keadilan Sosial ‒ Alternatif Elektoral (WASG) muncul pada 2005, dan pembentukan Parti de Gauche (PG) di Perancis di bawah kepemimpinan Jean-Luc Mélenchon diumumkan pada November 2008 (kongres pendiriannya diselenggarakan pada Februari 2009).
27. Pada pemilihan Juni 2015, sebelum spiral kekerasan dan pembunuhan yang dipicu oleh Presiden Recep Erdoğan, HDP memenangkan lebih banyak lagi suara (13,1 persen).
28. Untuk pemetaan Kiri Eropa, lihat Birgit Daiber, Cornelia Hildebrandt, Anna Strienthorst (ed.), From Revolution to Coalition: Radical Left Parties in Europe , Berlin: Rosa Luxemburg Foundation, 2012; dan lebih baru lagi, edisi khusus Socialism and Democracy (vol. 29/3, 2015) yang diedit oleh Babak Amini: The Radical Left in Europe.
29. Satu-satunya contoh lain hanya negara Siprus yang kecil, di mana Partai Rakyat Pekerja Progresif (AKEL) membentuk sebuah pemerintahan koalisi pada 2009.
30. Penting untuk dicatat bahwa semua data yang beredar tentang hasil pemilihan ‒ termasuk yang dikeluarkan oleh Uni Eropa ‒ merujuk ke persentase jumlah total perwakilan yang dipilih, bukan ke jumlah suara yang diberikan. Salah satu pengecualian yang patut dipuji dari praktek ini adalah Paolo Chiocchetti, ‘The Radical Left at the 2014 European Parliament election: A First Assessment,’ dalam sebuah publikasi online yang diedit oleh Cornelia Hildebrandt: Situation on the Left in Europe after the EU Elections: New Challenges , Berlin: Rosa Luxemburg, 2014.
31. Untuk ini, perlu ditambahkan dua lagi anggota parlemen Euro dari Partai Komunis Yunani, yang tidak termasuk dalam grup EUL/NGL.
32. Utusan di Parlemen Eropa dari grup EUL/NGL berasal dari hanya setengah dari 29 negara yang menjadi anggota Uni Eropa.
33. Slogan terkenal Margaret Thatcher: ‘Tidak ada alternatif’ terus mewujud, seperti momok, bahkan dengan jarak tiga puluh tahun.
34. Lihat kumpulan Preliminary Report, yang diedit oleh Komite Kebenaran Utang Negara, komisi ini didirikan pada 4 April 2015 atas inisiatif mantan presiden parlemen Yunani, Zoe Konstantopoulou:
http://cadtm.org/IMG/pdf/Report.pdf . Beberapa minggu yang lalu, pemerintahan Tsipras yang baru memutuskan untuk menghapus dokumen penting ini dari situs resmi parlemen Yunani.
35. Di Portugal tahun 1970an, setelah Revolusi Anyelir dan pendirian republik, kaum Sosialis tidak pernah bernegosiasi dengan kekuatan politik di sebelah kiri mereka.
36. Selain pengarang yang telah mengajukan pendapat ini di waktu-waktu tertentu ‒ lihat misalnya, Jacques Sapir, Faut-il sortir de l’Euro?, Paris: Le Seuil, 2012; dan Heiner Flassbeck serta Costas Lapavitsas, Against the Troika: Crisis and Austerity in the Eurozone, London: Verso, 2015 ‒ terdapat sejumlah intervensi ke arah ini. Dalam sebuah wawancara di mingguan Jerman yang terjenal, Der Spiegel, yang berjudul ‘Krise in Griechenland: Lafontaine fordert Ende des Euro’ (11 Juli 2015), Oskar Lafontaine tidak menghindar dari topik yang pelik ini dengan menyatakan ‘euro telah gagal’. Di Italia, sosiolog yang belum lama ini meninggal, Luciano Gallino, menerbitkan sebuah artikel yang menjelaskan kenapa Italia bisa dan harus meninggalkan euro: ‘Perché l’Italia può e deve uscire dall’euro’, La Repubblica, 22 September 2015. Dan di Portugal, Francisco Loucã yang berpengaruh ‒ yang selama 10 tahun merupakan pemimpin utama Blok Kiri ‒ sudah menerbitkan pandangan yang semakin kritis sebelum pecahnya krisis Yunani. Lihat bukunya bersama Joao Ferreira do Amaral: A Solução Novo Escudo, Alfragide: Lua de Papel, 2014; dan lebih belakangan ini artikelnya, ‘Sair ou não sair do euro’, Público, 27 Februari 2015.
37. Keempat penandatanganan yang lain adalah Oskar Lafontaine, mantan menteri keuangan Yunani Yanis Varoufakis, Zoe Konstantopoulou dan ekonom Italia Stefano Fassina.
38. Pertemuan pertama tentang topik itu diselenggarakan di Paris pada 23-24 Januari 2016, tetapi hal itu mengecewakan baik dalam hal partisipasi maupun kualitas perdebatannya.
39. Yang penting dalam hal ini adalah demonstrasi besar pada 10 Oktober 2015 di Berlin, yang memobilisasi 250.000 orang melawan persetujuan komersial ini.
40. Ketika Syriza naik ke kekuasaan pada Januari 2015, ia telah memperoleh 2.250.000 suara, tetapi keanggotaan totalnya tidak lebih dari 36.000. Sejak ia menjalankan tanggung jawab pemerintahan, keputusan yang secara demokratis diambil oleh partai Yunani itu berkali-kali dijungkirbalikkan atau diabaikan.

Categories
Journal Articles

A vida de Marx no tempo dos Grundrisse

A crise econômica de 1856-58 estimulou Marx a retomar seus estudos de economia política com vistas à dotar o movimento operário e socialista de um instrumental teórico capaz de fundamentar a ação política de superação da ordem social do capital. Numa situação pessoal de extrema dificuldade, convivendo com a pobreza, a doença e dificuldades de toda ordem, apesar da ajuda permanente de Engels, Marx elaborou neste período nada menos que os Grundrisse e Para a crítica da Economia Política, fundamentos da perspectiva teórica que mais tarde se desdobraria n’O Capital.

Namorando a revolução
Em 1848, a Europa foi sacudida por uma sucessão de numerosas insurreições populares inspiradas pelos princípios da liberdade política e da justiça social. A fraqueza de um movimento operário recém-nascido, a renúncia a estes ideais por parte da burguesia, os quais ela havia compartilhado quando do seu surgimento, a repressão militar violenta e o retorno da prosperidade econômica gerou a derrota da sublevação em todos os lugares e as forças da reação reconquistaram os dominíos do poder estatal com firmeza.

Marx apoiou as insurreições populares a partir do diário Neue Rheinische Zeitung: Organ der Demokratie, no qual, ele era fundador e editor chefe. Das colunas do jornal ele realizou intensa atividade de agitação apoiando a causa dos insurgentes e conclamando o proletariado a promover a “Revolução Social e Republicana”(Marx 1977: 178)[1]. Naquele período, ele vivia entre Bruxelas, Paris e Colônia e viajava para Berlim, Viena e Hamburgo bem como para muitas outras cidades alemãs, estabelecendo novas conexões para fortalecer e desenvolver lutas em desdobramento. Por causa desta incansável atividade militante ele foi condenado à expulsão primeiro da Bélgica, depois da Prússia e quando o novo governo da França sob a presidência de Luis Bonaparte exigiu que ele deixasse Paris, ele decidiu se mudar para a Inglaterra. Ele chegou lá no verão de 1849, aos 31 anos de idade para se fixar em Londres. Inicialmente estava convecido de que ficaria por pouco tempo, acabou vivendo lá, expatriado, pelo resto da vida.

Os primeiros anos de seu exilio inglês foram marcados pela mais profunda condição de pobreza e agravamento da saúde que contribuiu para a perda trágica de três dos seus filhos. Embora a vida de Marx nunca foi fácil, este período foi certamente seu pior estágio. Entre dezembro de 1850 e setembro de 1856 ele viveu com sua familia em uma casa conjugada de dois quartos, no numero 28 da Dean Street em Soho, uma das áreas mais pobres e deterioradas da cidade. A herença obtida por sua esposa Jenny Von Westphalen com a morte do tio e da mãe dela, inesperadamente deu a eles uma centelha de esperança e permitiu a ele quitar suas muitas dívidas, retirar suas roupas e objetos pessoais da penhora e direcionar a coisas mais prementes.

No outono de 1856, Marx, sua esposa e suas três filhas Jenny, Laura e Eleanor, juntamente com sua leal criada Helene Demuth – que era parte integral da familia – se mudaram para os subúrbios à nordeste de Londres, no número 9, Gratfton Terrace Kentish Town, onde o aluguel tinha preço mais acessível. A casa em que permaneceram até 1864, era construída em um lugar recém criado que não tinha estrada nem ligação com o centro e completamente escura à noite. Mas finalmente ele vivia em uma casa de verdade, reunia as condições mínimas para a família para manter “ao menos uma aparência de respeitabilidade”. (Jenny Marx 1970:223)[2].

Ao longo do ano de 1856, Marx negligenciou completamente o estudo da economia política, mas a aproximação de uma crise financeira internacional mudou esta situação repentinamente. Em um clima de profunda incerteza que se transformou em pânico generalizado assim contribuindo para uma quebradeira em todos lugares, Marx sentiu que mais uma vez a hora certa para a ação havia chegado e prevendo o futuro desenvolvimento da recessão escreveu a Engels “ Eu creio que não seremos capazes de ficar aqui muito tempo apenas assistindo”. (Marx para Engels, 26 de setembro de 1856, Marx e Engels1983:70). Engels, sempre com grande otimismo previu o seguinte cenário:

Desta vez haverá um dia de cólera sem precedente; a indústria da Europa inteira está em ruinas… todos os mercados saturados, toda a classe dominante na sopa, completa quebradeira da burguesia, guerra e desordem em temperatura elevada. Eu, também, acredito que de um tudo vai acontecer em 1857 (Engels para Marx, 26 de setembro 1856, Marx e Engels 1983: 72). Ao final de uma década que tinha visto o refluxo do movimento revolucionário e no curso da qual Marx e Engels foram impedidos de participar ativamente na arena política européia, os dois começaram a trocar mensagens com uma renovada confiança nas perspectivas para o futuro. A longa espera pelo envolvimento com a revolução parecia agora próximo de acabar e para Marx isto apontava para uma prioridade acima de todas: sintetizar sua “ciência econômica” e finalizar seus estudos o mais breve possível.

Lutando contra a miséria e a doença
Para conseguir se dedicar ao trabalho nessa condição Marx precisa de alguma tranquilidade, mas sua situação pessoal não permitia a ele nenhuma trégua. Depois de ter usado todos os recursos à sua disposição na relocação de uma nova casa, ele novamente estava sem dinheiro para pagar o aluguel do primeiro mês. Então ele relatou a Engels, que morava em Manchester na época, todos os infortúnios de sua situação.

(Eu estou) sem perspectivas e com muitas contas a vencer. Eu não tenho idéia sobre o que fazer e, na verdade, minha situação é mais desesperadora do que há cinco anos atrás. Eu pensei que já tivesse experimentado a quintessência dessa situação deplorável, mas ainda não acabou. (Marx para Engels, 20 de Janeiro de 1857, Marx e Engels 1983: 93).

Esse relato deixou Engels profundamente chocado, pois ele tinha certeza que depois da mudança seu amigo estaria finalmente melhor acomodado, então em janeiro de 1857, ele gastou o dinheiro recebido de seu pai no natal para comprar um cavalo e buscar sua grande paixão: a caçada à raposa. Entretanto, durante este período e por toda a sua vida, Engels nunca negou todo apóio a Marx e sua família e se preocupou com essa difícil conjuntura, ele enviava a Marx cinco libras por mês e cobrou de Marx para contar com ele sempre nos momentos difíceis.

O papel de Engels, certamente não era limitado a fornecer suporte financeiro. No profundo isolamento em que Marx viveu durante aqueles anos, mas pela larga correspondência trocada entre os dois, Engels era o único ponto de referência com quem ele podia travar um debate intelectual, “mais do que qualquer coisa eu preciso de sua opinião” (Marx para Engels, 2 de abril 1858, Marx e Engels 1983:303). Engels era o único amigo a quem confidenciar em tempos difíceis de desespero: “Escreva logo porque suas cartas são essenciais agora para ajudar a me animar. A situação está difícil” (Marx para Engels, 18 de março de 1857, Marx e Engels 1983:106). Marx era também a companhia com quem compartilhava o sarcasmo despertado pelos acontecimentos: “Eu invejo as pessoas que plantam bananeira. Deve ser uma boa maneira de montar a cabeça da burguesia raivosa e cheia de merda”. Marx e Engels, 23 de janeiro de 1857, Marx e Engels, 1983:99).

Na verdade, a incerteza logo tornou-se mais urgente. A única renda de Marx, além da ajuda dada por Engels, consistia de pagamentos recebidos do New York Tribune, o jornal em inglês de maior circulação naquele tempo. O acordo sobre suas contribuições, pelas quais receberia 2 libras por artigo, mudou com a crise econômica que também havia repercutido no diário norte-americano. Com exceção do viajante e escritor americano Bayard Taylor, Marx foi o único correspondente europeu que não foi demitido, mas suas participações diminuíram de dois artigos por semana para um, e – “contudo nos tempos de prosperidade, eles nunca me deram um centavo a mais”(Marx e Weydemeyer, 1 de fevereiro de 1859, Marx e Engels 1983: 374) – seus pagamentos eram divididos. Marx de forma sarcástica relatou o acontecimento: “Há uma certa ironia do destino no fato de eu estar envolvido por esta maldita crise”(Marx para Engels, 31 de outubro de 1857, Marx e Engels 1983: 198). Entretanto, poder testemunhar a derrocada financeira foi um entretenimento sem igual: “É interessante que os capitalistas que vociferavam contra o ‘direito ao trabalho’, estarem agora, em todos os lugares, exigindo ‘apoio público’ de seus governos e… então advogando o ‘direito de lucrar’ às custas do dinheiro público”(Marx para Engels, 8 dezembro de 1857, Marx e Engels 1983: 214). Apesar de seu estado de ansiedade, ele comunicou a Engels que “Embora minha situação financeira possa estar apertada de fato, nunca desde de 1849, me senti tão confortável como durante esta convulsão”.

O começo de um novo projeto editorial aliviou a situação de desespero. O editor do New York Tribune, Charles Dana, convidou Marx a se juntar ao comitê editorial para a Nova Enciclopédia Americana. A falta de dinheiro o levou a aceitar a oferta, mas ele confiou a maior parte do trabalho a Engels para dedicar mais tempo à sua pesquisa. Na divisão de trabalho deles, entre 1857 e 1860, Engels editou verbetes militares – a maioria dos quais haviam sido solicitados – enquanto Marx compilava vários esboços biográficos. Embora o pagamento de duas libras por página era muito baixo, ainda assim, era um complemento ao seu estado financeiro desastroso. Por esta razão Engels conclamou ele a conseguir o maior número de verbetes possíveis de Dana. “Nos podemos oferecer aquela quantidade de ‘pura’ erudição enquanto o ouro puro da Califórnia pagar por isto”(Marx para Engels, 22 de fevereiro de 1857, Marx e Engels 1883: 122). Marx seguiu o mesmo princípio para escrever seus artigos: “para ser o mais conciso quanto é possível, enquanto isto não significar idiotice” (Marx para Engels, 22 de fevereiro de 1858, Marx e Engels 1983: 272)[3]

Em que pese os esforços, sua situação financeira não melhorou de modo algum. Na realidade ficou tão insustentável que, procurado por agiotas que ele comparou a “lobos famintos”(Marx para Engels, 8 dezembro de 1857, Marx e Engels 1983:214), e na ausência de carvão para se aquecerem durante o frio inverno daquele ano, em janeiro de 1858 ele escreveu a Engels: “Se esta situação persistir, é mais provável que serei enterrado em uma cova bem funda do que continuar vegetando desta maneira. Sendo sempre um aborrecimento para os outros e, além disso, sendo constantemente atormentado por ninharias pessoais torna-se, no final das contas, insuportável.”( Marx para Engels, 28 de Janeiro 1858, Marx e Engels 1983: 255). Nestas circunstancias ele também tinha palavras amargas para o campo emocional: “Reservadamente, penso que levo a vida mais agitada possível de se imaginar… para pessoas com grandes aspirações nada é mais estúpido do que se casar e deixar se levar pelas pequenas misérias da vida doméstica e privada”(Marx para Engels, 22 de Fevereiro 1858, Marx e Engels 1983: 273).

A pobreza não era o único espectro rondando Marx. Como a parte maior de sua vida atribulada, ele também foi acometido naquele período por várias enfermidades. Em março de 1857 o trabalho excessivo feito à noite lhe deixou com uma infecção no olho; em abril ele teve dor de dente; em maio se queixava constantemente do fígado, por conta deste último, ele se afundou em remédios. Enfraquecido, ficou incapacitado, sem poder trabalhar por três semanas. Ele então, relatou a Engels: “Para não perder o tempo todo, eu, na ausência de coisas melhores, tenho estudado a língua dinamarquesa; entretanto, se as promessas do médico estiverem corretas, tenho perpectivas de me tornar um ser humano novamente já na próxima semana. Enquanto isto estou tão amarelo quanto um marmelo e muito mais irritado.”(Marx para Engels, 22 de maio de 1857, Marx e Engels 1883:132).

Logo em seguida, uma ocorrência mais grave atingiu a família Marx. No início de julho Jenny deu a luz ao último filho do casal, mas o bebê, nasceu muito fraco, morreu logo após o parto. Enlutado mais uma vez, Marx confessou a Engels: “O acontecimento em si não é uma tragédia. Mas… as circunstâncias que a causaram foram tais que fez relembrar memorias dolorosas (provalvemente a morte de Edgar (1847-55), o último filho que ele havia perdido). É impossível discutir sobre isto em uma carta”(Marx para Engels, 8 de julho 1857, Marx e Engels 1983:143). Engels ficou muito comovido com esta declaração e respondeu: “tudo deve ser muito difícil para você escrever desse modo. Você pode aceitar a morte da pequenina de modo estóico, mas sua esposa dificilmente aceitará assim também.” ( Engels para Marx, 11 de julho de 1857, Marx e Engels 1983:143).

A situação, posteriormente, complicou-se ainda mais pelo fato de que Engels ficou doente e foi seriamente afetado por uma febre nas glândulas de modo que ele não conseguiu trabalhar durante o verão inteiro. Nessa altura dos acontecimentos, Marx enfrentou sérias dificuldades. Sem os verbetes para a enciclopédia feitas por seu amigo, ele precisou ganhar tempo, portanto, fingiu ter enviado uma pilha de manuscritos à Nova York e que os mesmos tinha sido perdidos pelo correio. No entanto, a pressão não diminuiu. Quando os acontecimentos envolvendo a rebelião dos Cipaios na India tornou-se mais intensa, o New York Tribune ficou na expectativa por uma análise de seu especialista, sem saber que os artigos a respeito de assuntos militares eram, na verdade, trabalho de Engels. Marx forçado pelas circunstâncias a se encarregar temporariamente do “departamento militar” (Marx para Engels, 14 de janeiro de 1858, Marx e Engels 1983: 249)[4] se aventurou a afirmar que os Ingleses precisavam bater em retirada no início da estação chuvosa. Ele informou a Engels sobre sua escolha com as seguintes palavras: “é possível que eu venha a parecer muito ruim, mas de qualquer forma com um pouco de dialética eu poderei sair dessa. Naturalmente, eu formulei minhas palavras para acertarem de um modo ou de outro”. (Marx e Engels, 15 de agosto de 1857, Marx e Engels 1983: 152). Entretanto, Marx não subestimou este conflito e, refletindo sobre seus possíveis efeitos, disse “Com a perspectiva de que muitos homens sejam arrastados pelo conflito e os milhões que ela custará para a Inglaterra, a Índia tornou-se agora nosso melhor aliado”. (Marx para Engels 14 de janeiro de 1858, Marx e Engels 1983: 249).

Escrevendo os Grundrisse (der Kritik der Politischen Ökonomie: Rohentwurf)[5]
Pobreza, problemas de saúde e todos os tipos de privações – os Grundrisse foram escritos neste trágico contexto. Não foi o produto de um pensador no bem estar protegido pela tranqüilidade burguesa; pelo contrário, foi um trabalho de um autor que experimentou dificuldade e encontrou energia para prosseguir sustentado somente na crença de que, com o avanço da crise econômica, seu trabalho tornou-se necessário à sua época: “Eu estou trabalhando como louco, noite adentro, para reunir meus estudos de economia para que possa ao menos compreender os contornos claramente antes do dilúvio”(Marx para Engels, 8 de Dezembro 1857, Marx e Engels 1983: 217).

No outono de 1857, Engels estava avaliando os acontecimentos com otimismo: “A quebradeira americana é excelente e vai demorar a passar…. o comércio novamente vai ladeira abaixo pelos próximos três ou quatro anos. Agora temos uma chance” (Engels para Marx, 29 de Outubro de 1857, Marx e Engels 1983:195). Dessa maneira ele estava encorajando Marx: “em 1848 nós dizíamos: agora nossa hora chegou, e em certo sentido, era verdade, mas desta vez está acontecendo mesmo e é um caso de vida ou morte” (Engels para Marx, 15 de novembro de 1857, Marx e Engels 1983:200). Por outro lado, sem ter qualquer dúvida sobre a iminência da revolução, ambos esperavam que ela não entrasse em erupção antes que toda a Europa tivesse sido tomada pela crise, e portanto as perspectivas para o ‘ano de luta’ foram adiadas para 1858 (Engels para Marx, 31 de dezembro de 1857, Marx e Engels 1983:236).

Conforme relato em uma carta de Jenny von Westphalen para Conrad Schramm, um amigo da família, a crise geral teve um efeito positivo sobre Marx: “Você consegue imaginar o quão animado está o Mouro. Ele recuperou todo o seu ritual habitual e disposição para trabalhar bem como a vivacidade e espirituosidade”(Jenny Marx to scharmm, 8 de dezembro de 1857, Marx e Engels 1983:566). Na verdade, Marx começou um período de intensa atividade intelectual, dividindo seu trabalho entre os artigos para o New York Tribune, o trabalho para a Nova Enciclopédia Americana, o projeto inacabado de escrever um panfleto sobre a crise e obviamente, os Grundrisse. Entretanto, apesar de sua energia renovada, todos esses empreendimentos mostraram-se excessivos e a ajuda de Engels tornou-se mais uma vez indispensável. No início de 1858, logo em seguida a sua completa recuperação da doença que havia sofrido, Marx pediu a ele que retornasse a trabalhar nos verbetes para a enciclopédia:
às vezes, me parece que se você puder se organizar para fazer um pouco de seções a cada dois dias, isto poderia talvez funcionar como um freio para sua bebedeira que, pelo que eu sei de Manchester e no momento de excitação que estamos vivendo atualmente, parece inevitável e não te faz nenhum bem…porque eu realmente preciso terminar minhas outras tarefas que estão roubando todo o meu tempo, ainda que a casa desabe sobre a minha cabeça! (Marx para Engels, 5 de Janeiro 1858, Marx e Engels 1983: 238).

Engels aceitou a exortação entusiasmada de Marx e reafirmou que, após os feriados, ele “experimentaria uma vida mais tranquila e mais produtiva”(Engels para Marx, 6 de Janeiro 1858, Marx e Engels 1983:239). Contudo, o maior problema de Marx ainda era a falta de tempo e ele repetidamente reclamava ao seu amigo que “toda vez que eu estou no Museu (Britânico), há tanta coisa que eu preciso procurar, a hora de fechar (agora 4h da tarde) chega, antes que sequer eu tenha vasculhado o lugar. E ainda tem aquela jornada lá. Tanto tempo perdido!”(Marx para Engels, 1 de fevereiro de 1858, Marx e Engels 1983: 258). Além disso, juntamente com as dificuldades práticas, há outras de natureza teórica:

Eu tenho sido… tão desafortunadamente assaltado por erros nos cálculos que, de tanto desespero, tenho me aplicado a uma revisão da álgebra. A aritmética sempre foi minha inimiga, mas dando uma volta pela álgebra, rapidamente voltarei ao curso das coisas. (Marx para Engels, 11 de janeiro de 1858, Marx e Engels 1983: 244).

Por fim, seus escrúpulos contribuíram para diminuir o rítmo da escrita dos Grundrisse, pois ele exigia de si mesmo que mantivesse a pesquisa de novas confirmações para testar a validade de suas teses. Em fevereiro ele explicou a situação de sua pesquisa para Ferdinand Lassalle desse modo:

Agora, quero te contar como está o andamento da minha ciência econômica. O trabalho está escrito. Na verdade, tenho o texto final está em minhas mãos há alguns meses. A coisa caminha muito lentamente, porque logo que alguém começa a apresentar matérias que tem sido objeto de estudo por anos a fio, então eles começam a revelar novos aspectos e exigem ser repensados ainda mais.

Na mesma carta, Marx lamentou mais uma vez a condição a que ele tinha que se sujeitar. Estava forçado a gastar parte do dia com artigos de jornais, ele assim escreveu: “Eu não sou senhor do meu tempo, pelo contrário sou seu escravo. Tem restado apenas à noite para a minha própria pesquisa, que por sua vez é freqüentemente interrompida por ataques da bílis ou problemas recorrentes com o fígado” (Marx para Lassalle, 22 de fevereiro de 1858, Marx e Engels 1983: 268).

Na verdade, a doença tinha acometido Marx novamente. Em janeiro de 1858 ele comunicou a Engels que estava em tratamento há três semanas: “Eu exagerei trabalhando à noite – me mantendo apenas com limonada e muito tabaco”. (Marx para Engels, 14 de janeiro de 1858, Marx e Engels 1983:247). Em março ele estava “muito doente novamente” por causa do fígado: “o trabalho prolongado dia e noite, os numerosos pequenos desconfortos advindos das condições econômicas domésticas tem ultimamente sido a causa de recaídas” (Marx para Engels 1983: 296). Em abril, ele afirmou novamente: “Tenho me sentido tão doente por causa de náuseas nesta semana que estou incapaz de pensar, ler, escrever ou, de fato, fazer qualquer coisa, com exceção dos artigos para o Tribune. Estes, é óbvio, não posso me dar ao luxo de negligenciar pois, eu devo contar com esta ninharia o mais rápido possível para evitar a falência. (Marx para Engels, 2 de abril de 1858, Marx e Engels 1983: 296).

Nesse estágio de sua vida Marx tinha desistido completamente de relações com a política organizada e relações privadas, em cartas aos seus poucos amigos remanescentes ele revelou que: “ eu tenho vivido como um ermitão”(Marx para Lassalle, 21 de dezembro de 1857, Marx e Engels 1983: 225) e “raramente vejo as poucas pessoas que conheço, mas em geral, não faz muita falta também”(Marx para Schramm, 8 de dezembro de 1857, Marx e Engels 1983: 217). Além do contínuo encorajamento de Engels, a recessão e sua expansão mundial também alimentou suas esperanças e o estimulou a continuar trabalhando: “Em resumo, a crise está minando o terreno como uma boa e velha toupeira.” (Marx para Engels, 22 de fevereiro de 1858, Marx e Engels 1983: 274). A correspondência com Engels documenta que os eventos em andamento o contagiou com entusiasmo. Em janeiro, depois de ler as notícias de Paris no Manchester Guardian, ele afirmou: “tudo parece estar correndo melhor do que o esperado” (Marx para Engels, 23 de janeiro de 1858, Marx e Engels 1983:252), e no fim de março, comentando sobre os últimos desdobramentos, ele acrescentou “na França, o caos continua de forma bem satisfatória. É improvável que a paz se restabeleça após o verão” ( Marx para Engels, 29 de março de 1858, Marx e Engels 1983: 296). E em contraste, poucos meses antes ele havida declarado de forma pessimista que:

Depois do que aconteceu nos últimos 10 anos, qualquer idéia de mostrar aversão pelas massas assim como por indivíduos deve ter crescido a um grau que ‘odi profanum vulgus et arceo’[6] tornou-se quase uma máxima obrigatória. No entanto, todos esses são, eles próprios, estágios do pensamento filisteu, que irão embora com a primeira tempestade. (Marx para Lassalle, 22 de fevereiro de 1858, Marx e Engels 1983:268).

Em maio ele afirmou com satisfação que “no geral, o momento atual é bem prazeroso. A História está aparentemente, em um recomeço e os sinais de dissolução em toda parte agradam a cada um que não esteja curvado pela conservação deste estado de coisas atuais.” (Marx para Lassale, 31 de maio de 1858, Marx e Engels 1983:323).

Do mesmo modo Engels relatou a Marx com grande fervor que no dia da execução de Felice Orsini, o democrata italiano julgado pela tentativa de assassinato de Napoleão III, aconteceu em Paris um grande protesto da classe trabalhadora: “em uma época de grande distúrbio é bom ver que um grande chamado é feito e 100 mil pessoas respondem ‘presente’” (Engels para Marx, 17 de março de 1858, Marx e Engels 1983: 289-90). Em vista dos possíveis desdobramentos revolucionários, ele também estudou o tamanho das tropas francesas e avisou Marx que para vencer teria sido necessário formar sociedades secretas dentro do exército, ou como em 1848, para que a burguesia se posicione contra Bonaparte. Por fim, ele previu que a separação da Hungria e Itália e as insurreições eslavas teriam atingido a Áustria violentamente, o velho bastião reacionário, e que, somando-se a isto tudo, um contra ataque generalizado teria espalhado a crise para todas as grandes cidades e distritos industriais. Em outras palavras, ela estava certo que “afinal de contas, vai ser uma luta dura”. (Engels para Marx, 17 de março 1858, Marx e Engels 1983: 289). Levado pelo otimismo Engels diminuiu suas montarias, desta vez com um objetivo em vista; conforme ele escreveu a Marx:

Ontem, eu levei meu cavalo para um obstáculo e coloquei o mesmo a 5 pés e várias polegadas de altura: o mais alto que eu já saltei… quando voltarmos para a Alemanha, nós certamente teremos uma lição ou mais para dar à cavalaria prussiana. Aqueles senhores terão dificuldade para se igualar a mim.(Engels para Marx, 11 de fevereiro de 1858, Marx e Engels 1983: 265).
A resposta foi com dada com grande satisfação:

Eu congratulo pela sua performance com cavalos. Mas não faça muitos saltos de quebrar o pescoço. Eu não creio que a cavalaria é a especialidade da qual virá os seus maiores serviços para a Alemanha. (Marx para Engels, 14 de Fevereiro de 1858, Marx e Engels 1983: 266).

Por outro lado, a vida de Marx enfrentou mais complicações à frente. Em março, Lassalle o informou que o editor Franz Duncker de Berlim tinha concordado em publicar seu trabalho em várias etapas, mas as boas notícias paradoxalmente transformaram-se em um outro fator desestabilizador. Uma nova razão para preocupação a se juntar às outras – ansiedade – conforme descrição em uma série de boletins médicos endereçados a Engels, desta vez escritos por Jenny von Westphalen:

Seu fígado e bilis estão novamente num estado de revolta…. A piora de sua condição é em grande parte atribuída ao cansaço mental e agitação que agora, depois da conclusão do contrato com os editores estão maiores do que nunca e aumentando diariamente já que ele considera praticamente impossível concluir o trabalho (Jenny Marx para Engels, 9 de abril de 1858, Marx e Engels 1983: 569).

Durante todo o mês de abril, Marx foi atacado pela mais virulenta dor causada pela bílis que ele já sofrera e não conseguia trabalhar de maneira alguma. Ele se concentrou exclusivamente nos artigos para o New York Tribune; estes eram indispensáveis a sua sobrevivência, e ele tinha que ditá-los a sua esposa que estava “cumprindo inteiramente o papel de secretária” (Marx para Engels, 23 de abril de 1857, Marx e Engels 1983: 125). Tão logo ele foi capaz de segurar uma caneta, e informou a Engels que o motivo de seu silêncio se devia a sua “incapacidade de escrever”. Isto era visível “não apenas no sentido literário, mas literalmente falando”. Ele também afirmou que “a urgência contínua de se concentrar no trabalho combinada com a incapacidade de produzir contribuía para agravar a doença”. Sua situação ainda era muito ruim.

Eu não consigo trabalhar. Se eu escrever por duas horas tenho que me deitar com dores por dois dias. Eu espero, que esta terrível situação chegue ao fim na próxima semana. Isto não poderia ter acontecido em pior hora. Obviamente, durante o inverno, eu fiz trabalho extra à noite. Hinc illae lacrimae [7]. (Marx para Engels, 29 de abril 1858, Marx e Engels 1983: 309).

Marx tentou lutar contra a sua enfermidade, porém depois de tomar muitos remédios sem resultar em nenhum benefício oriundos deles, resignou-se a seguir o conselho do médico que pedia para mudar de ambiente por uma semana e “parar com o trabalho intelectual por um tempo” (Marx para Lassalle, 31 de maio de 1858, Marx e Engels 1983: 321). Então ele decidiu visitar Engels, a quem ele anunciou: “Deixei de lado minhas obrigações” (Marx para Engels, 1 de maio de 1858, Marx e Engels 1983: 312). Naturalmente, durante esses 20 dias em Manchester, ele continuou trabalhando: escreveu um capítulo d`O Capital e as últimas páginas dos Grundrisse.

Lutando contra a sociedade burguesa
Mais uma vez de volta a Londres Marx deveria ter finalizado o texto para enviá-lo aos editores, mas, embora ele estivesse atrasado, ele ainda atrasou o esboço. Sua natureza crítica ganhou a competição no confronto com suas necessidades. Assim, ele informou Engels:

Durante a minha ausência foi publicado em Londres um livro escrito por Maclarem cobrindo toda a história do dinheiro, o qual, de acordo com avaliação da The Economist é de alto nível. O livro não chegou à biblioteca ainda… Obviamente eu preciso lê-lo antes de escrever o meu. Por isso, enviei minha esposa até o editor na cidade, mas para nossa infelicidade, descobrimos que ele custava 9/6 libras, mais do que tudo que temos. Portanto, eu ficaria muito agradecido se você pudesse me enviar uma ordem de pagamento nesse valor. Provavelmente não haverá nada de novo para mim nesse livro, mas com o barulho que a The Economist tem feito sobre ele, e as resenhas que eu mesmo li, minha consciência teórica não me permitirá prosseguir sem antes examiná-lo (Marx para Engels, 31 de maio de 1858, Marx e Engels 1983:317).

Este resumo é muito revelador. A “periculosidade” das resenhas no The Economist para a paz familiar; enviando sua esposa ao City (o centro financeiro de Londres) em uma missão para tratar com dúvidas teóricas; o fato de que suas economias não eram suficientes para sequer comprar um livro; as solicitações freqüentes ao seu amigo em Manchester que requeria atenção imediata: o que pode melhor descrever a vida de Marx naqueles anos e particularmente do que era capaz sua consciência teórica?

Além do seu temperamento complexo, a saúde precária e a pobreza, seus “inimigos” do dia a dia, contribuíam para atrasar a conclusão de seu trabalho ainda mais. Sua condição física piorou novamente, conforme Engels foi informado: “a doença da qual eu sofria antes de deixar Manchester, novamente tornou-se crônica, persistindo por todo o verão, de modo que qualquer tanto que eu escreva me custa um esforço tremendo” (Marx para Engels, 21 de setembro de 1858, Marx e Engels 1983: 341). Além de tudo isso, aqueles meses foram marcados por uma preocupação econômica insuportável que o forçou a viver permanentemente com o “espectro de uma catástrofe definitiva” (Marx para Engels, 15 de julho de 1858, Marx e Engels 1983:328). Tomado pelo desespero novamente, em julho, Marx enviou uma carta para Engels que realmente testemunha a extrema situação na qual ele estava vivendo:

É necessário que juntemos esforços para ver se alguma coisa pode ser feito para sair dessa situação, pois ela tornou-se absolutamente insustentável. Isto já resultou na minha completa incapacidade de fazer qualquer trabalho, em parte porque eu tenho perdido a maior parte do tempo de um lado para o outro em tentativas infrutíferas para levantar dinheiro e parcialmente porque a força da minha capacidade de abstração – devido, talvez, a minha má condição física – não consegue dar conta das lamúrias domésticas. Minha esposa está tendo ataques de nervo por conta dessa miséria… Portanto, a coisa toda se resume no fato de que o pouco que entra em casa nunca é suficiente para o próximo mês, mal é o bastante para reduzir as dívidas… assim, esta miséria é apenas adiada por semanas pelas quais há que se virar de um jeito ou de outro. … nem mesmo o leilão de meus bens domésticos seria suficiente para satisfazer os credores da vizinhança e assegurar um descanso em isolamento. A manutenção de boas aparências que temos mantido tem sido o único meio de evitar o colapso. Se da minha parte eu não ligaria a mínima se vivesse em Whitechapel (área em Londres onde a maioria da classe trabalhadora vivia à época) desde que eu possa finalmente assegurar uma hora de paz na qual eu possa fazer o meu trabalho. Porém, vendo a condição de minha esposa agora, uma mudança repentina assim poderia trazer graves consequências e não seria apropriado para as meninas nessa fase de crescimento… eu não desejaria ao meu pior inimigo passar pelas dificuldades nas quais eu me encontro amarrado nas últimas oito semanas, ressentido das inúmeras frustrações que estão arruinando o meu intelecto e destruindo a minha capacidade de trabalhar” (Marx para Engels, 15 de julho de 1858, Marx e Engels 1983: 328 – 31).

Em que pese o seu estado de extrema pobreza, Marx não deixou que a precariedade de sua situação o vencesse e, no que diz respeito à sua intenção de finalizar sua obra, ele comentou com seu amigo Joseph Weydemeyer: “Eu preciso perseguir meu objetivo a qualquer custo e não deixar que a sociedade burguesa me converta em uma maquina de fazer dinheiro” (Marx para Weydemeyer, 1 de fevereiro de 1859, Marx e Engels 1983: 374).

Enquanto isto, a crise econômica cedia e em breve o mercado recuperava seu funcionamento normal. Na verdade, em agosto um Marx entristecido recorreu a Engels: “nas últimas semanas o otimismo tomou conta do mundo novamente” (Marx para Engels, 13 de agosto de 1858, Marx e Engels 1983:338); e Engels, refletindo sobre a forma na qual a superprodução de mercadorias tinha sido absorvida, afirmou: “nunca antes uma inundação assim, fora drenada dessa maneira tão rapidamente” (Engels para Marx, 7 de outubro de 1858, Marx e Engels 1983: 343). A certeza de que a revolução estava na próxima esquina, que os inspirou por todo o outono de 1856 e encorajou Marx a escrever os Grundrisse, estava dando lugar a mais amarga desilusão: “não há guerra. Tudo é burguês” (Marx para Engels, 11 de dezembro de 1858, Marx e Engels 1983:360). E enquanto Engels se punha duramente contra o “crescente aburguesamento do proletariado inglês” um fenômeno que, em sua opinião, levaria o pais líder em exploração a ter “um proletariado burguês ao lado da burguesia” (Engels para Marx, 7 de outubro de 1858, Marx e Engels 1983: 343), Marx se ateve a cada evento, até mesmo ao menos importante, até o fim: “apesar da onda otimista impulsionada pelo comércio mundial (…) ao menos serve de consolação que a Revolução tenha começado na Rússia, pois considero a convocação dos “notáveis”a São Petersburgo como sendo precisamente o início.” Suas esperanças também se voltaram para a Alemanha: “na Prússia as coisas estão piores do que estavam em 1847”, e também para a burguesia tcheca em sua luta por independência nacional: “movimentos excepcionais estão marchando entre os eslavos, especialmente na Boêmia, que embora seja contra-revolucionária, ainda produz fermento para a mobilização”. Finalmente, como se tivessem sido traídos, ele amargamente afirmou: “Não fará mal nenhum aos Franceses verem que, mesmo sem eles, o mundo se move” (Marx para Engels, 8 de outubro de 1858, Marx e Engels 1983: 345).

Porém, Marx teve que se resignar diante da evidência: a crise não provocou os efeitos sociais e políticos que ele e Engels haviam previsto com tanta certeza. Contudo, ele ainda estava fortemente convencido que era apenas uma questão de tempo antes que a revolução na Europa irrompesse e que o problema, se de fato houvesse algum, seria quais cenários a mudança econômica teria provocado. Portanto, ele escreveu para Engels fazendo um tipo de avaliação política sobre os últimos acontecimentos e uma reflexão sobre os desdobramentos futuros:

Não podemos negar que a sociedade burguesa experimentou pela segunda vez sua volta ao século XVI, um século que, eu espero, soará os dobres de finado do mesmo modo que o primeiro sucumbiu em seu tempo. A verdadeira tarefa da sociedade burguesa é a criação do mercado mundial, ou ao menos da estrutura adequada ao seu funcionamento, e da produção baseada no mercado. Já que o mundo é redondo, me parece que a colonização da Califórnia e da Austrália e abertura da China e do Japão parece ter completado esse processo. A pergunta difícil para nós respondermos é a seguinte: Ela não irá morrer nestes pequenos recantos do mundo, já que o desenvolvimento da sociedade burguesa está apenas começando nestas áreas tão vastas?” (Marx para Engels, 8 de outubro de 1858, Marx e Engels 1983:347).

Estas reflexões incluem duas das mais significativas previsões de Marx: uma delas correta o levou a intuir, melhor que a seus contemporâneos, a escala mundial do desenvolvimento do capitalismo; e uma errada, relacionada à crença de uma revolução proletária inevitável na Europa.

As cartas endereçadas a Engels contêm a crítica ferina de Marx sobre todos aqueles que eram seus adversários políticos no campo progressista. Muitos foram alvos juntamente com um de seus favoritos, Pierre-Joseph Proudhon, a principal figura do tipo de socialismo dominante na França, que Marx considerava como “falso irmão” do qual o comunismo precisava se livrar (Marx para Weydemeyer, 1 de fevereiro de 1859, Marx para Engels 1983: 374). Marx se divertia, vez ou outra, com uma relação de rivalidade com Lassalle, um exemplo disso foi quando ele recebeu o último livro de Lassalle “Heráclito, O filosófo das Trevas”, descrito por Marx como uma “mistura de tolices” (Marx para Engels, 1 de Fevereiro de 1858, Marx e Engels 1983: 258). Em setembro de 1858, Giuseppe Mazzini publicou seu novo “Manifesto” no jornal Pensiero ed Azione (Pensamento e Ação), porém Marx, que não tinha qualquer dúvida sobre ele, afirmou: “o mesmo idiota de sempre”(Marx para Engels, 8 de Outubro de 1858, Marx e Engels 1983: 346). Ao invés de analisar os motivos da derrota de 1848-9, Mazzini “ocupa-se em divulgar a panacéia para a cura da… paralisia política da migração revolucionária”(Marx 1980:37). Ele também criou uma mobilização contra Julius Frobel, um membro do Câmara de Frankfurt em 1848-9 e típico representante dos democratas alemães, que tinha ido para o exterior e se distanciado da vida política “depois que eles conquistaram o pão e o queijo, todos esses safados procuram um pretexto obscuro (blasé) para dizer adeus a luta” ( Marx para Engels, 24 de novembro 1858, Marx e Engels 1983: 356). Por último, como sempre muito irônico, ele ridicularizou a “atividade revolucionária” de Karl Blind, um dos leaders dos imigrantes alemães em Londres:

Ele arranja dois conhecidos em Hamburgo para enviar cartas (escritas por ele mesmo) para jornais ingleses nos quais é mencionado o barulho criado pelos seus panfletos anônimos. Então seus amigos relatam em jornais alemães o burburinho feito na imprensa inglesa. Isto, como você pode ver, é que significa ser um homem de ação de verdade. (Marx para Engels, 2 de novembro de 1858, Marx e Engels 1983:351).

O engajamento político de Marx tinha uma natureza diferente. Ao mesmo tempo em que nunca desistia de lutar contra a sociedade burguesa, ele também se mantinha consciente de seu papel principal nesta luta, que era o de desenvolver uma crítica do modo capitalista de produção por meio de um rigoroso estudo da economia política e uma permanente análise dos eventos econômicos. Por esta razão durante o período de “baixa” da luta de classes, ele decidiu usar seus energias da melhor forma possível mantendo distância de conspirações inúteis e das intrigas pessoais nas quais a competição política se resumia naquela período: “Desde o julgamento em Colônia (aquele contra os comunistas em 1853), eu me retirei completamente para me dedicar aos meus estudos. Meu tempo era precioso demais para ser desperdiçado em empreitadas infrutíferas e contendas inúteis” (Marx para Weydemeyer, 1 de fevereiro 1859, Marx e Engels 1983: 374).

Na verdade, em que pese estar soterrado de problemas, Marx continuou a trabalhar, e publicou seu livro Uma Contribuição à Crítica da Economia Política: Primeira Parte em 1859 pelo qual os Grundrisse havia sido o campo inicial de experimentação. Marx terminou o ano de 1858 do mesmo modo que os anos anteriores conforme sua esposa Jenny escreveu: “1858 não foi um ano bom, mas também não foi ruim, foi um ano em que os dias simplesmente passavam completamente sem novidade. Comendo e bebendo, escrevendo artigos, lendo jornais e fazendo caminhadas: a nossa vida se resumia a isto” (Jenny Marx 1970: 224). Dia após dia, mês após mês, anos após ano, Marx continuou trabalhando na sua obra pelo resto da vida. Ele elaborou os esboços dos Grundrisse e de muitos outros volumosos manuscritos trabalhando na preparação d’ O Capital com uma luta implacável e com uma certeza inabalável de que sua vida pertencia ao socialismo, um movimento pela emancipação de milhões de homens e mulheres.

Traduzido por: Ronaldo da Silva

Referencias
1. Traduções citadas no texto foram feitas pelo próprio autor
2. De acordo com a esposa de Marx, esta mudança tornara-se absolutamente necessária: pois “como todos estavam se tornando filisteus, não poderiámos continuar vivendo como boêmios (da Boêmia)” (Jenny Marx, 1970: 223).
3. Embora eles tenham feito algumas considerações interessantes, Engels definiu o trabalho para a enciclopédia como um “trabalho meramente comercial… que poderia seguramente permanecer enterrado”.
4. Na edição MECW (Marx and Engels Collected Works), esta carta está datada de forma errada como sendo de 16 de janeiro de 1858.
5. – Apesar de ainda não existir uma edição em português desta obra, publicada pela primeira vez na União Soviética em 1939-41, traduz-se por “Elementos fundamentais de crítica da economia política (Rascunhos)”. Nota do comitê editorial de Antítese.
6. Tr “Eu odeio e evito a multidão vulgar” (Horácio 1994: 127)
7. Tr “Por isto aquelas lágrimas”. (Terencio: 2002: 99)

Bibliográficas
Engels, Friedrich (2002) Marx and Engels Collected Works, vol. 49: Letters 1890–92, London: Lawrence and Wishart.
Horace (1994) Odes and Epodes, Ann Arbor: University of Michigan Press.
Marx, Jenny (1970) ‘Umrisse eines bewegten Lebens’ in Mohr und General. Erinnerungen an Marx und Engels, Berlin: Dietz Verlag.
Marx, Karl (1977 [1848]) ‘The Bourgeoisie and the Counter-Revolution’ in Marx and Engels Collected Works , vol. 8: Articles from ‘Neue Rheinische Zeitung’, London: Lawrence and Wishart.
Marx, Karl (1980 [1858]) ‘Mazzini’s New Manifesto’ in Marx and Engels Collected Works , vol. 16: Letters 1858–60, London: Lawrence and Wishart.
Marx, Karl and Engels, Friedrich (1983) Marx and Engels Collected Works, vol. 40: Letters 1856–59 , London: Lawrence and Wishart.
Terence (2002) Andria, Bristol: Bristol Classical Press.

Categories
Reviews

Esteban Ruiz, Exlibris

El incansable trabajo de Marcello Musto, uno de los principales impulsores a nivel mundial de los estudios marxianos, ha dado otro fruto: De regreso a Marx: nuevas lecturas y vigencia en el mundo actual (2015).

El libro cuenta con una introducción del mismo Musto, que contiene una cronología muy interesante de los textos de Marx, tanto de los manuscritos como de los textos finalizados para la imprenta, luego le sigue una primera parte, donde se recopilan diversos ensayos de distintos especialistas que configuran relecturas actuales de temas como el socialismo, la alienación, el mal menor, la crisis capitalista, entre otros. Finalmente, la segunda parte contiene una serie de estudios sobre la recepción actual de Marx en diferentes ámbitos lingüísticos.

En la introducción, el profesor napolitano plantea la pregunta: ¿Por qué otra vez Marx? La respuesta es contundente: “El redescubrimiento de Marx se basa en su persistente capacidad de explicar el presente: sigue siendo un instrumento indispensable para comprenderlo y transformarlo”. Y menciona dos aspectos de la obra marxiana que, en su opinión, siguen siendo verdaderamente indispensables: en primer lugar, el Marx crítico del modo capitalista de producción, el pensador que define el capitalismo y el régimen de la propiedad privada como históricos y no como inherentes a la naturaleza humana, y que, por ello, todavía hoy ofrece propuestas para quienes buscan alternativas. En segundo lugar, el Marx teórico del socialismo, el cual defiende la posibilidad de una transformación completa de las relaciones sociales y de producción, y repudia la idea de un “socialismo de Estado” que ofrezca paliativos para los conflictos de la sociedad capitalista.

Si esto no fuera suficiente para persuadir al lector, Musto ofrece aún toda una serie de buenas razones por las cuales retornar a Marx. En primer lugar, hoy el legado teórico marxiano no se encuentra confiscado por los marxismos dominantes del siglo XIX y XX, que tendieron a simplificar y falsificar las ideas de Marx. Ya no hay cadenas que restrinjan la interpretación de su pensamiento. En segundo lugar, el legado marxiano se ve constantemente ampliado por las nuevas ediciones Marx-Engels-Gesamtausgabe (MEGA), a punto tal de configurar un nuevo objeto de estudio. En tercer lugar, existe de hecho una generación emergente de jóvenes estudiosos y activistas políticos marxistas: la obra de Marx se está leyendo otra vez en todo el mundo. Por último, las denominadas corrientes posmodernas de pensamiento (fin de la historia, biopolítica) han demostrado su impotencia para comprender el presente y, mucho más, para transformarlo.

En la primera parte del libro, “Relecturas actuales de Marx”, se incluyen diez ensayos con enfoques y metodologías diferentes sobre temáticas variadas, los cuales constituyen la mejor demostración de que, por una parte, el renovado interés internacional en la obra marxiana no es una ilusión sino una verdad y, por otra, de la riqueza y diversidad del pensamiento marxista actual. Mencionaremos los lineamientos generales de cada ensayo.

En “No solo el capital y la clase: Marx sobre las sociedades no occidentales, el nacionalismo y la etnicidad”, Kevin B. Anderson intenta demostrar, a partir de un trabajo riguroso con las fuentes marxianas, algunas inéditas, que es posible pensar desde Marx problemas como la raza, la etnicidad y el nacionalismo, refutando la opinión de ciertos académicos progresistas y de izquierda (Edward Said, por ejemplo). En “El mito del socialismo del siglo XX y la permanente relevancia de Karl Marx”, Paresh Chattopadhyay afirma que el socialismo tal como lo concebía Marx es muy diferente, incluso lo opuesto, del que se desprende de las concepciones teóricas más habituales del socialismo, y también de la práctica real que tuvo lugar en la Unión soviética (como prototipo de todos los socialismos posteriores), concluyendo que el proyecto emancipador socialista marxiano no ha perdido nada de su esplendor y aún vale la pena luchar por él. En “¡Cambiemos al sistema, no a sus barreras!”, Michael Lebowitz sostiene que todos los intentos por regular y mitigar los problemas que el capitalismo ocasiona tanto al medioambiente como a los seres humanos tienen por base la incomprensión de la verdadera naturaleza del sistema capitalista, el cual sigue la “lógica del cáncer: la tendencia a expandirse sin límites”. Por ello, no alcanza con colocar nuevas barreras, que serán superadas por el capitalismo, sino que, para cambiar el sistema, hay que desarrollar la visión de una alternativa. Finalmente, analiza el desarrollo de la experiencia venezolana reciente. En “Marx, la teoría social y la libertad humana”, George Comninel desarrolla los avatares del pensamiento marxiano respecto de la evolución histórica del antagonismo entre aquellos que producen y aquellos que tienen el poder de apropiarse del producto del trabajo ajeno. El autor subraya la necesidad de distinguir las ideas heredadas de los historiadores liberales y Hegel, por ejemplo, y la crítica y reelaboración que de ellas realiza Marx en sus últimos escritos sobre India, China y Rusia, entre otros.

En “El ‘mal menor’ como argumento y táctica, desde Marx hasta el presente”, Victor Wallis señala que, en general, la determinación del mal menor (o la menor cantidad de daño) está presente en toda decisión que implique cálculos defensivos, y analiza su implementación en diversos contextos políticos, desde su utilización por Marx y Engels, Lenin, pasando por la elección presidencial alemana de 1932, hasta el interesante análisis del “malmenorismo” como un imperativo inducido por el sistema electoral de los EE.UU. para debilitar las opciones de izquierda. En la actualidad, según Wallis, el mal menor también se emplea como justificación del capitalismo frente al “mal mayor” del terrorismo. En “Revisitando la concepción de la alienación en Marx”, Marcello Musto, luego de brindar un panorama exhaustivo de las distintas concepciones de la alienación a lo largo del siglo XX, y subrayar la influencia que en ellas tuvieron, primero, la publicación de los Manuscritos económico-filosóficos de 1844 en la década de 1930, y en segundo lugar, la difusión de los Grundrisse y los manuscritos preparatorios para El capital en la de 1960, concluye que aquello que distingue la concepción marxiana de la alienación es su énfasis en lo social, el considerarla una dominación real y concreta que tiene lugar en la economía de mercado una vez consumada la transformación del objeto en sujeto, y no una problemática individual. En “Marx y las formas actuales de la alienación: las cosificaciones inocentes y las cosificaciones extrañadas”, Ricardo Antunes reflexiona acerca de algunas dimensiones de la alienación contemporánea (pasaje del fordismo a la flexibilidad liofilizada) y concluye que, debido a la complejidad que adquiere hoy en día el fenómeno de la alienación, es importante recuperar los análisis de Marx sobre el complejo social de la alienación y retomar la distinción entre cosificaciones inocentes y cosificaciones extrañadas (o alienantes) propuesta por Lukács en la Ontología.

En “Marx y el género”, Terrell Carver interpreta algunos pasajes de La ideología alemana y de El capital para concluir que Marx, en su narrativa, describe a los hombres como víctimas del sistema económico, pero también como amos de esclavos en el contexto familiar, que nunca se plantea la sexualidad masculina como un tema de discusión, que describe la sexualidad reproductiva como igualitaria en “el acto” y el cuidado infantil como trabajo de las mujeres. Finalmente, observa que desestimar la lectura de Marx por ser otro texto “masculino” y lamentar su misoginia como algo endémico equivale a entrar en un callejón sin salida. En “El redescubrimiento de Marx en la crisis capitalista”, Richard D. Wolff plantea que el estallido de la crisis económica de 2008 en EE.UU. puso de manifiesto el rotundo fracaso tanto de la escuela neoclásica como de la keynesiana para prevenir crisis económicas futuras, y que ni una ni la otra han podido siquiera morigerar “la creciente desigualdad en la riqueza y los ingresos, la especulación financiera, los auges económicos y las burbujas, hasta que estallan en crisis”. Surge, entonces, con fuerza una alternativa micropolítica de corte marxista que consistiría en colocar a los trabajadores en la posición de receptores y, por lo tanto, distribuidores de los excedentes que producen en la empresa. Estas empresas de autogestión trabajadora serían un paso importante hacia una democratización económica en EE.UU. En “El capitalismo universal”, Ellen Meiksins Wood sostiene que el momento histórico que estamos viviendo (1997), marcado por una completa universalización del sistema capitalista, cuya lógica se ha trasladado a todos los aspectos de la vida humana y de la naturaleza, es el más propicio para un regreso a las ideas marxianas, ya que el autor de El capital dedicó su vida a explicar el capitalismo en su calidad de sistema cerrado, como una totalidad sistémica que se rige por su propia lógica.

En la segunda parte, “La recepción de Marx en el mundo actual”, se incluyen 10 estudios que abordan la situación actual del redescubrimiento de Marx en las siguientes áreas lingüísticas: América hispana (Francisco T. Sobrino), Brasil (Armando Boito y Luiz Eduardo Motta), mundo anglófono (Paul Blackledge), Francia (Jean-Numa Ducange), Alemania (Jan Hoff), Italia (Gianfranco Ragona), Rusia (Vesa Oittinen), China (Xu Changfu), Corea del Sur (Seongjin Jeong) y Japón (Hiroshi Uchida). Respecto de estos estudios haremos solo algunos comentarios.

Resulta admirable el esfuerzo de Francisco T. Sobrino por condensar en pocas páginas, además de traducir y revisar todo el libro, las corrientes principales de la recepción marxiana en el mundo hispano. Cabría, tal vez, mencionar la publicación de la primera traducción argentina de la tesis doctoral de Marx (Buenos Aires: Gorla, 2013) y la publicación de una selección de sus artículos periodísticos (Barcelona: Alba editorial, 2013), también como efectos del redescubrimiento de Marx. En el estudio de Xu Changfu sobre China1 es posible observar la problemática convivencia entre el tibio surgimiento de relecturas de Marx, a cargo de profesores independientes o bien de figuras intelectuales consagradas muchas veces fuera del país, y la proliferación de materiales en sintonía con la ideología del PCC, que utiliza todavía una versión simplificada y contradictoria del marxismo como instrumentum regni. El autor es perfectamente consciente de que, por ello, su estudio no podrá ser publicado en territorio chino. En cuanto al caso francés, son llamativas las declaraciones de Jean-Numa Ducange de que, por una parte, “hay un importante hiato entre la profusión de contribuciones y referencias a Marx y la disponibilidad y calidad de sus textos”, y, por otra, “al día de hoy, no hay un equivalente francés de las Collected Works”.

De regreso a Marx: nuevas lecturas y vigencia en el mundo actual refuerza la idea de que, en la actualidad, no es posible ya leer a Marx ingenuamente, no es posible leer a Marx sin preguntarnos qué Marx estamos leyendo y qué Marx queremos leer. La respuesta a la primera pregunta nos pone en contacto con el titánico esfuerzo de investigación llevado a cabo en las ediciones Marx- Engels-Gesamtausgabe (MEGA). Caso paradigmático es el de Das Kapital: los materiales que dieron origen a la edición clásica de 3 tomos fueron recuperados por la edición MEGA en 15 tomos (23 volúmenes), cuya publicación finalizó en 2012. La inmediatez temporal con este logro intelectual nos orienta acerca de la segunda pregunta: de ningún modo leemos un filósofo olvidado, pasado de moda, sino que tenemos frente a nosotros una obra in statu nascendi, que tiene todas las marcas de lo provisorio e inacabado.

Es sabido que el principio fundamental que rige la edición MEGA es el de la totalidad: todo debe conservarse. También parece ser éste el principio que rige la labor de Marcello Musto como editor y la de los diversos ensayistas y estudiosos. Un gesto que los caracteriza es el del trabajo esforzado, minucioso con las fuentes, ya sean manuscritos, reediciones en otros idiomas, o bien, materiales ocultados, censurados, casi desconocidos. Este gesto, que aplicado sobre un legado teórico ampliado posibilita la emergencia de relecturas, rectificaciones, nuevas visiones, etcétera, es también un gesto distintivo de Marx al menos desde su tesis doctoral.

Categories
Journal Articles

巴黎手稿”解读中的“青年马克思”问题

马塞洛·马斯托 张秀琴 刘娟译

内容提要: 本文聚焦于“巴黎手稿”(“巴黎手稿”包括通常被称为《1844年经济学哲学手稿》的三个手稿和“穆勒评注”,本文主要聚焦于《1844年经济学哲学手稿》)的传播与接受史,以期对学界围绕马克思“早期”和“晚期”著作而展开的相关论争作一批判性考察。

几乎所有公开出版的有关马克思早期著述的重要研究文献(特别是在德语区、法语区、苏联和英语国家),都吁求要对马克思的“巴黎手稿”进行全新的和严格的解读;同时,也几乎是所有的解释者都理所当然地假定,“巴黎手稿”是一部业已完成的著作。然而,通过《1844年经济学哲学手稿》及所谓的“巴黎笔记”的文本分析,使我们有可能一方面反对将前者视为一部完全成熟的文献并借此宣称马克思思想是一个以其为基础的整体,另一方面也反对将其视为一个定义明确的理论文献并借此将之与马克思成熟时期的“科学”阶段相对立。

关键词: 青年马克思;“巴黎手稿”;《1844年经济学哲学手稿》;《1844年经济学哲学手稿》出版附录

一 1932 年的两个版本
[1844年经济学-哲学手稿](以下简称[手稿])①是马克思最著名的文献之一,亦是在全球范围内传播最为广泛的著述之一。尽管“巴黎手稿”在全面理解马克思思想中起着十分重要的作用,但在其写作完成后很长一段时间内,它们却一直深藏高阁,鲜为人知,直到一个世纪之后才被编辑加工并予以公开发表。然而,这些“手稿”的公开出版绝非故事的终结。实际上,它触发了学界冗长的关于该文献属性的持续论争:有论者认为,与马克思后来的政治经济学批判文献相比,“巴黎手稿”尚属未成熟著述;也有论者认为,与马克思后期《资本论》相比,“巴黎手稿”中保持有更多浓厚而宝贵的哲学底蕴。由此便打开了有关马克思思想中的“早期”和“成熟”时期的关系问题这一研究域。与此相关的一系列子问题亦被论及,它们包括:“青年马克思”的著述可否被纳入作为一个整体的“马克思主义”体系之内?马克思的全部著述中是否存在一个从启发式的灵感阶段到完备理论实现的有机形成过程?抑或存在两种不同的马克思?对于上述问题的不同理解,也体现了政治的维度。1930年代的苏联马克思主义学者,以及大多数“共产国际”内部或与其保持密切关系的研究者,所提供的是一个还原论式的解释;而那些“批判的马克思主义者”则给予[手稿]更高评价,并从中找到了可借此打破苏联版马克思主义正统地位的强有力证据(特别是与异化概念相关的)。无论如何,各种阅读方法都无不昭示了这样一个基本事实,即理论和政治的冲突是如何不断歪曲马克思著作的本意以便服务于文本之外的其他目的的。

[手稿]第一部分于1927年公开出版,其编辑整理者系苏联著名马克思主义学者、时任马克思-恩格斯研究院(莫斯科)院长的梁赞诺夫。出版时,该文献被纳入标题为“《神圣家族》的准备稿”系列②,其内容包括后来被称之为“第三手稿”的主体部分③。在一篇“导言”中,梁赞诺夫强调了马克思在写作[手稿]时所取得的明显理论推进。在他看来,公开发表该“手稿”的伟大意义远非纯粹的文献猎奇,而是标志着马克思思想发展轨迹中的一个重要的阶段④。不过,认为“第三手稿”是《神圣家族》的准备材料的说法,却是错误的。诚如马克思自己所指出的,其内容的落脚点主要是在政治经济学批判分析上,这与马克思早期的其他著述内容十分不同。

1929年,梁赞诺夫的编辑本被翻译成法文,分成两部分发表在《马克思主义杂志》上(分别发表在2月号和6月号上,标题为“共产主义和私有财产笔记”和“需求、生产和分工笔记”)⑤。同年,苏联第一版《马克思恩格斯文集》(1928~1947)将俄文二版的该文献收入其第3卷,保留了与1927年版一样的断片形式和错误标题⑥。1931年,《在马克思主义旗帜下》杂志首次发表了该文献的德文版片段,标题为“黑格尔辩证法和一般哲学批判”⑦。

[手稿]的全文本于1932年首次在德国公开发表。实际上,在1932年同时出现了令人混乱的两个版本。第一个版本是社会民主党学者兰夏特和迈耶的编辑本(后者将[手稿]收入了两卷本的《历史唯物主义:早期著述》文集中)⑧。其实,早在1931年,迈耶就已为此作了铺垫:他写了一篇文章,提前预告了将有一份非常重要的、但却“至今不为人知的马克思的著述”要出版⑨。不过,该文集中所收录的并非“手稿”的完整版,且包含许多明显的错漏之处:“第一”手稿全部丢失;“第二”和“第三”手稿的编排次序混乱;传说中的“第四”手稿其实不过是黑格尔《精神现象学》最后一章的摘要,并无马克思本人只言片语的相关评论。为方便理解,混乱的编辑顺序依然照旧:III-II-IV。同样严重的问题还包括:誊写原始手稿时的错漏和标题的误用,如“政治经济学和哲学:论政治经济学和国家、法、伦理学和市民生活的关系”。这些都彻底违背了马克思在原始手稿“序言”中的相关表述,即“在本著作中谈到的国民经济学同国家、法、道德、市民生活等等的联系,只限于国民经济学本身专门涉及的这些题目的范围”⑩。最后,编辑还不寻常地在“编者前言”中指出,该文献或写于1844年2月~8月之间。

该版本起初的计划是出版该文献的单行本,标题为“论政治经济学与国家、法、伦理学和市民生活的关系,以及黑格尔精神现象学批判”,并由迈耶负责编辑部分的工作、所罗门负责解释部分的工作。可是,在对原始手稿进行第二版审读过程中,插入了先前提及的兰夏特和迈耶的文集(11)。该版本尽管存在着重大的编辑和解释错误,但依然在德语区得到了广泛传播,并成为1937年朱尔斯·莫利托(Jules Molitor)法译本的底版。

同样出现在1932年的[手稿]的第二个全文本,是“莫斯科马克思恩格斯研究所”(IME)编辑的本子——被收录在旧MEGA第1部分第3卷中。这是第一个完整的学术编辑本,也是第一个以“1844年经济学哲学手稿”命名的本子(12)。至此,三个“手稿”的顺序才得以正确编排,其誊写的准确度也远高于兰夏特-迈耶的编辑本。导言的篇幅依然十分有限,但重建了文献的起源。而且,每个“手稿”前面都配有简短的文献说明。该卷册的副标题是“政治经济学批判,含黑格尔哲学章”,并将各“手稿”分别安排在如下标题下:“第一手稿——‘[工资]、[资本利润]、[地租]、[异化劳动]’;第二手稿——‘[私有财产关系]’;第三手稿——‘[私有财产和劳动]、[私有财产和共产主义]、[需求、生产和分工]、[货币]、[黑格尔辩证法及其一般哲学批判]’”。所谓的第四手稿(即对黑格尔著述的摘录)以“附录”的形式出现,标题为“马克思对〈精神现象学〉最后一章的摘录”。

然而,(旧)MEGA的编辑不得不给该“手稿”命名,并对其总体内容进行辨认,进而将马克思写的“序言”放在编辑本的一开始(而不是像原始手稿中那样,放在第三手稿部分),以便最终说明,马克思旨在进行政治经济学批判,且他已经认识到自己的这一工作已在“手稿”中得以肇始(13)。

这一版本的特殊意义在于,它是马克思在巴黎时期所撰写的笔记的集合。在被置于该卷册第2部分的标题为《摘录笔记:巴黎,1844年初至1845年初》的文献中,也包含有先前未出版的马克思对恩格斯、萨伊、斯卡贝克(Frédéric Skarbek)、斯密、李嘉图、穆勒、麦克卡洛克(John R.MacCulloch)、托拉西、博伊斯吉尔伯特(Pierre de Boisguillebert)等人著述的摘录。编者还提供了一份对马克思在巴黎时期所写的9个笔记本的内容说明,并对这些摘录进行了目录编排(14)。同时,苏联的编辑错误地解释说,马克思是在阅读、整理和摘录大量的政治经济学著作之后才写的[手稿](15)。实际情况是,创作过程与写作和摘录是同时交叉开展的过程(16)。摘录工作一直贯穿着整个巴黎时期,从发表在《德法年鉴》上的论文到《神圣家族》皆如此。

二 后来的翻译和重印
鉴于其高超的文献学质量,(旧)MEGA的“巴黎手稿”成为了日后几乎所有文字译本的首选底版。如第一个日文译本(1946)、两个意大利文译本(博比欧1949年本和沃尔佩1950年译本)、第一个英文译本和中文译本(皆为1956年),以及法译本(1962年,它替代了上述1937年的那个不可信的版本)。

(旧)MEGA版的重大价值也得到了新教神学家埃里克-梯耶尔的认可,他于1950年将各种德文版进行了综合(17)。但是,事后证明,他的综合本不过是对(旧)MEGA本和兰夏特-迈耶本的错漏百出的混合。该本子主要出自于(旧)MEGA本,但(像他之前的两位社会民主党学者一样)梯耶尔决意省略掉“第一手稿”。与此类似,他接受了(旧)MEGA版中多数释义条目,但在准确性方面也再次犯了和兰夏特-迈耶一样的严重错误,同样遵循了后者误导性的标题法。

1953年,兰夏特-迈耶的本子再版了一个修订本。这一次编者变成了兰夏特一个人,文献名则变成《政治-经济学手稿(1844)》(18)。然而,1932年本中的错误仍未得到改进,唯一的完善就是基于(旧)MEGA的本子,对一些誊写错误进行了修改。两年后,又出现了《短篇经济著作文集》(19),该文集收录了未包含有最后一章(也即《黑格尔辩证法和一般哲学批判》)的[手稿]。该版本也对1932年的(旧)MEGA本进行了一些修订。

就在这些相较于1932年的(旧)MEGA本仍然有很多局限性并意味着某种退步的新德文本陆续出版的同时,[手稿]在苏联和东欧地区却遭到了各种迫害和排斥。1954年,“莫斯科马克思-列宁主义研究院”(IME的新名称)决定放弃将马克思未完成的“巴黎手稿”收录入正在准备出版中的新俄文版《马克思恩格斯文集》(K.Marks-F.Engels Sochineniya),并因此忽略了有利于正确澄清马克思思想谱系的诸多重要著述。不过,这一编辑政策并没有得到持续而严格的贯彻。最终于1955~1966年正式出版的新俄文版《马克思恩格斯文集》所收录的马克思的著述要比1928~1947年间出版的第一个俄文本多出许多,只是[手稿]和[政治经济学批判大纲]并未被收入其中。与其说这是一个编辑的原因,毋宁说是审查制度的结果。另一方面,马克思的其他著述则被纳入其中,如《黑格尔法哲学批判》被收入其第1卷、《德意志意识形态》也收入了其第3卷。

[手稿]于1956年(20)以单行本的形式予以出版,书名为《青年时期著作摘编》(21)。印数只有60000册,远远低于同时期出版的其他马克思著述的印数。[手稿]首次被收录入《马克思恩格斯文集》的时间是近20年后的1974年——作为第XLII的增补卷(22)。1974年版重新核对了原始手稿原文(依据保存在“阿姆斯特丹国际社会史研究所”中的原始手稿照相版——该研究所至今仍保存有2/3的马克思-恩格斯原始手稿(23))。事实证明,这是一个聪明的决策,因为它使得编辑有机会对1932年版本中的许多重要的错漏进行修改。例如,“第一手稿”的最后一行,先前被誊写为“Kollision wechselseitiger Gegenstze”(即“彼此对立的冲突”)的句段后来被改正为“feindlicher wechselseitiger Gegensatz”(即“敌对的彼此对抗”);在数个段落中,“Genu”(即“享受”)被正确地修改为“Geist”(即“精神”)。马克思本人在原始手稿中所犯的错误也得到了纠正,如他将斯密的“三个生产阶级”错误地引述为“三个原始阶级”(24)。而且,马克思摘录的所有引言都在印刷时用了小一号的字体,以便易于辨认这是马克思引述他人的话,而不是马克思本人的话(25)。

如苏联版中的情况一样,前东德出版的《马克思恩格斯著作集》(MEW,1956~1968,共39卷)也没有收录[手稿]。本来按年代顺序应该在第2卷(1962)出版,但最终它们却出现在项目结束之际的1968年出版的增补卷(Ergnzungsband)中(26)。这种隐身局面一直维持到1981年,自那以后,直至1985年,“巴黎手稿”的编辑工作前后历经四次,最终作为MEW的第Xl卷部分内容出版,标题为《1837年-1844年8月间的著述和书信》。其依据的母本系1932年的(旧)MEGA本,同时参考了批评机构对1955年《早期时期著作摘编》提出的意见,并对一些誊写错误进行了修改。

自最初的(旧)MEGA版之后,[手稿]直到新MEGA(即MEGA2)工程时才被正式收入“社会主义阵营”的“马克思恩格斯著作全集”之中——该工程自1975年开始陆续出版,“巴黎手稿”被正式收入其I/2卷(1982年出版)。此时,距离其第一次公开出版,已过去五十多年。在新版中,“手稿”是以“历史考证版”的形式予以刊印的,即分为两部分:第一部分(Erste Wiedergabe)刊印的是马克思当初留下来的全部现存原始手稿文字(因此也包含有“第一手稿”);第二部分(Zweite Wiedergabe)按章节编排,所采用的编页码方法参考了先前诸多版本的做法(27)。该版还对先前(特别是“序言”部分)的誊写错误进行了进一步修订(28)。作为一个(由于马克思不同手稿所带来的)老大难问题(同时也是MEGA2的难题),马克思对黑格尔《精神现象学》最后一章的摘录,既出现在的MEGA2I/2卷中,也出现在其后来出版的IV/2卷中(作为马克思这一时期所做的摘录笔记)(29)。实际上,在1981年出版的的第IV/2卷中,还首次收录了马克思在巴黎时期摘录的其他人的系列笔记,如舒茨(Carl W.C.Schüz)、李斯特(Friedrich List)、奥森德(Heinrich F.Osiander)、普雷沃斯特(Guillaume Prevost)、塞诺方特(Senofonte)、巴里特(Eugène Buret)等,而这些在(旧)MEGA中是没有的。“巴黎笔记”的完整出版完成于1998年MEGA2第IV/3卷的正式出版——该版本中收录有马克思对吉恩·劳(Jean Law)、劳德戴尔(James Lauderdale)和一本佚名罗马史手册的摘录笔记。总之,正是在MEGA2中,[手稿]和马克思在巴黎时期所做的全部笔记,皆得到完整的首次公开出版。

三 对 [ 手稿 ] 的早期解释
自1932年首次公开出版以后,[手稿]就立即成为“苏联马克思主义”和“西方马克思主义”之间论争的主要焦点之一。伴随着该“手稿”公开出版而展开的相关译介工作,愈发加深了其间的分歧。阿多拉茨基(MEGA编委会主任,1931年继梁赞诺夫之后接任“马克思-恩格斯研究院”也即日后更名为“马克思恩格斯列宁研究院”的院长)认为,[手稿]的主题是“货币、工资、资本利息和地租分析”,在他看来,此时的马克思已经形成了“关于资本主义一般特征”的看法(虽然还没有正式的术语来予以表述),这一想法稍后在《哲学的贫困》和《共产党宣言》中得以再现(30)。相形之下,兰夏特和迈耶(31)则认为[手稿]“实体部分已预示着《资本论》的到来”(32),因为在马克思的全部作品中,随后出现的著述“在根本上并无新观点出现”。在他们看来,[手稿]实际就是“马克思的核心著作,它标志着马克思思想发展的关键所在,直接从‘真正的人的现实’观念中提取到经济分析的原则”。这两位德国论者甚至认为,马克思的目的并不是“生产方式的社会化”和通过“对剥夺者的剥夺”来消灭“剥削”,而是要完成“人的实现(die Verwirklichung des Menschen)……因为没有这个前提,其他就都没有任何意义了”(33)。虽然兰夏特-迈耶竭力主张的只是[手稿]代表着马克思思想发展的关键(34),然而这一解释很快就大获成功,并被认为是“青年马克思”神话的最初来源。

关于[手稿]的重要性,最先加入相关评论者和论争者行列的两位作者,分别是德-曼(Henri de Man)和马尔库塞(Herbert Marcuse)。他们二人的相关评述在某些方面与兰夏特-迈耶的论点类似。在《新发现的马克思》(发表在1932年《奋斗》杂志)一文中,德-曼强调指出:“这本迄今为止仍未知的著作,对于正确评价马克思理论的发展和意义非常重要。虽然相比马克思的其他著作,《1844年经济学哲学手稿》在表述上不太明晰,但它却揭示了马克思社会主义信仰得以形成的伦理-人道主义动机,以及在马克思毕生科学活动中得以表达的价值判断”(35)。

在这个比利时论者看来,解释马克思思想的关键问题在于:“人本主义阶段是否应该被视为马克思后期所克服的阶段,抑或相反,是马克思一生一以贯之的持续思想。”(36)德-曼清楚地表明,他自己的观点是认为“巴黎手稿”中业已包含着马克思后来所构建的所有观念。他指出,“在手稿中”,“以及更广泛的1843年至1846年的著述中,马克思所形成的基本立场和判断,构成了其所有后期思想发展的基础”;因此,“1844年的马克思属于马克思主义,就像1867年的马克思,或者……1890年的恩格斯”(37)。无论如何,德-曼呈现的是:在马克思那里有两种马克思主义,即青年时期的人本主义的马克思主义和成熟时期的马克思主义;在取得伟大理论突破方面,前一个要优于后一个,因为后者意味着“马克思创造力的下降”(38)。

马尔库塞也同样认为,[手稿]揭示的是马克思政治经济学批判的哲学前提。在其《历史唯物主义的基础》(最初发表在1932年的《社会》(Die Gesellschaft)杂志)一文中,马尔库塞指出,“马克思《1844年经济学哲学手稿》的出版[无疑]会成为马克思主义研究史中的重大事件”,因为它将“关于历史唯物主义的来源和最初意义的讨论”置于“新的立足点”。现在我们可以认为,“借助于对人的存在及其历史现实性的一个极其特别和哲学的解释,经济学和政治学已经成为革命理论的政治-经济基础”。另外,[手稿]业已明示了来自第二国际和苏联马克思主义相关论点的错误,也即他们所认为的,在马克思那里存在着一个“从哲学阶段到经济学阶段的转型,并在后一个阶段中克服了哲学且最终永久地‘完成’了哲学”。鉴于[手稿]的出版,将不再可能认为马克思主义在本质上就是一种经济教条(39)。

几年后,对“青年马克思”的兴趣导致论者开始探究马克思和黑格尔的思想关系问题——这一脉的研究因黑格尔耶拿时期手稿的新近出版而愈发受到鼓舞(40)。卢卡奇1938年的《青年黑格尔》就是对这两位德国作家早期著述进行马克思主义比较研究的典型案例。在他看来,在[手稿]中,马克思对黑格尔的借鉴已远超出对后者的直接引用和评论。事实上,马克思的经济学分析本身,就是受到了对黑格尔哲学观批判的启发所致。“因此在马克思的这部手稿里,经济学和哲学的结合乃是方法论上的一个深刻的必然,是实际排除唯心主义辩证法的先决条件。所以如果以为马克思对黑格尔的批评是直到手稿的最末一部分批判《精神现象学》时才开始的,那就太肤浅、太表面了。前面那些纯经济学的部分,虽然从来没明白指出黑格尔的名字,却包含着后来的分析批判的最重要的理论根据,那就是,从经济学上给异化事实作了说明”(41)。

另一位在讨论马克思和黑格尔思想关系问题时影响不可小觑的人物是科耶夫。在其关于《精神现象学》的系列讲座中,科耶夫对两者的思想关系进行了更为深入的探讨,虽然在他这里,黑格尔的著述从属于对马克思思想的阅读(42)。最后,洛维特(Karl )在其《从黑格尔到尼采》中也涉及了同一主题,这无疑也是当时重要的研究黑格尔主义以及后黑格尔主义哲学的力作(43)。
第二次世界大战后,这一论争在德国重启。1950年代早期,梯耶尔的《巴黎经济学-哲学手稿中的青年马克思人类学研究》(44)、柏匹兹(Heinrich Popitz)的《异化的人》(45),以及霍梅斯的《技术的爱欲》(46)的出版都是例证。这三本书虽稍有差别,但都助推了这样一种观念,即[手稿]是马克思一生最根本的著述。短期内,这一解读在各个国家的各门学科的相关理解中占据了主导地位,一时间,几乎所有严肃的马克思思想研究者都无法回避这一焦点问题,即如何阐释青年马克思的文本。

四 战后法国的“青年马克思”风尚
基于对二战的罪恶及其法西斯主义和纳粹主义暴行的反思,个体(人)在社会中的生存状况和命运问题,得到了前所未有的彰显(47)。在欧洲各地几乎都可以看到人们对马克思哲学兴趣的日增,尤其是在法国,对马克思早期著述的研究最为普遍(48)。正如列斐伏尔所指出的,这是“这一时期具有决定性[的]哲学事件”(49)。从那时起直至1960年代,诸多论者皆从不同文化和政治背景出发,以期在马克思主义、黑格尔主义、存在主义和基督教思想之间建立某种哲学综合。

在1948年的《意义与无意义》(Sense and Non-sense)中,梅洛-庞蒂认为马克思早期思想就是“存在主义”(50)。阅读了[手稿]之后,且在科耶夫的影响下,他开始相信:真正的马克思主义,就是与教条的苏联经济主义马克思主义根本不同的彻底的人本主义,而马克思的[手稿]则为这一人本主义马克思主义的重建提供了可行的前提基础。许多存在主义哲学家都作了与此类似的解读,为此,他们不惜囿于马克思早期这一(从)未完成的“手稿”的思想成果,而几乎完全忽视了对《资本论》的研究(51)。

[手稿]这一创造了误导性的“哲学马克思”形象的文本,同样也被用来创造另外一个(虽是不太普遍的)错误形象,即“神学马克思”。耶稣会作家比格(Pierre Bigo)和卡维兹(Jean-Yves Calvez)思想中的伦理特征非常类似于大多数天主教中民主和进步派别所涉及的社会正义观。的确,他们的一些断言令人惊讶地肤浅和混乱。例如,在《马克思主义和人本主义》中,比格写道:“马克思不是一个经济学家,他没有对政治经济学作出过贡献……当他间接地去思考这些议题时,他是异常模糊和自相矛盾的。”(52)卡维兹也在《卡尔-马克思的思想》(1956)中写到,尽管“马克思并没有公开出版今天被我们叫作[手稿]的文献,但了解到了这一文献的今天的我们却可以说,他那时就已经掌握了其后期著述所需要的基本原则”(53)。在这一语境中,卡拉蒂(Roger Garaudy)也声称自己找到了马克思早期著述中的重要的、核心的人本主义影响,并因此表示自己支持在马克思主义和其他(特别是基督教)文化之间展开对话(54)。

阿隆(Raymond Aron)对上述趋势进行了针锋相对的抨击。在《想象的马克思主义》(1969)中,他写到,“耶稣会的神父”和“巴黎式的半马克思主义者”,身处现象学-存在主义哲学的成功气氛之中,“根据[较早]哲学乌托邦时期的马克思的著述来解释成熟[马克思]时期的著述”,甚至“让《资本论》屈从于早期的[手稿],这些人论述的模糊性、片面性和矛盾性,皆源自于科耶夫和费萨尔神父所奠定的解读资源”(55)。这些人没能理解的是,“若非马克思寄望于为未来的共产主义奠定严格的科学基础,他就无需花费30年的时间致力于《资本论》(依然属于未完成的著述)——而只需几周或几页纸的篇幅就已足够”(56)。
纳维利(Pierre Naville)则采取了与存在主义者和神学家们截然不同的思考路径。他认为,随着思想的发展,马克思明显改变了早期的想法,即“从哲学转向了科学”(57)。于是,在其《崭新的利维坦》第1卷(1954)中,他采纳了诸如超越“马克思思想的黑格尔起源”的观点,并吸取了那些没能理解马克思“为了进行《资本论》分析已经放弃了早期思想”的论者的教训(58)。而在写于1967年的新序言中,纳维利指出,马克思“放弃了如异化等大量迷惑的概念”,并把它们“托付给哲学的殿堂,而代之以对剥削和压迫关系更为严格的分析”(59)。

原本这也是柯诺(Auguste Cornu)的看法。继阿多拉茨基之后,柯诺的博士论文《卡尔-马克思:其人其作》(60)(1934年初版,是其四卷本巨著《马克思和恩格斯》的雏形(61))将[手稿]严格置于苏联阐释传统之中(62)。此后,在四卷本中的第3卷《马克思在巴黎》中,柯诺又回避了将早期马克思和后来的政治经济学批判文献进行对比的做法,并对[手稿]进行了更为节制和冷静的评价。

1955年,在其受众颇广的《马克思和黑格尔研究》中,依波利特(Jean Hyppolite)强调了在严肃分析马克思早期和后期思想关系时考量黑格尔思想影响的重要性。他指出,“马克思的著作中包含有基础性的哲学观,其各个组成要素无法轻易予以重建”,因此他认为,“如果缺乏对其思想形成和发展构成基础性影响的黑格尔的著述如《精神现象学》、《法哲学原理》和《逻辑学》的了解,就无法理解马克思的《资本论》”(63)。

吕贝尔(Maximilien Rubel)也认为在马克思[手稿]和后期著述之间存在着一种理论上的连续性。在其《卡尔-马克思思想字典》(1957)中,他指出,[手稿]中的异化劳动范畴是“[马克思]随后所有的经济学和社会学著作的关键”,也是“《资本论》的核心议题”。所以,这位20世纪最伟大的马克思学家之一也认为,“在马克思首次批判私有财产的这部手稿和其后期的资本主义经济学分析之间”存在着“明显的彻底一致性”(64)。阿克洛斯(Kostas Axelos)则在《马克思思想中的异化、实践和科技》(1961)中声称,[手稿]“业已并一直是所有马克思和马克思主义著述中内容最为丰富的部分”(65)。

列斐伏尔是少数几个采取更为平衡策略的论者之一,他总是将[手稿]置于它尚是一部未完成著述的位置来把握其意义和价值。由此,他在《日常生活批判》(1958)中写道:“在早期著作中,尤其是在《1844年经济学哲学手稿》中,马克思还没有完全形成其思想。然而正是在这一著作中,马克思的思想开始萌芽、成长、蜕变。……我的观点是历史唯物主义和辩证唯物主义在该著作中已经确立。它不是在马克思的著作和人类历史中经历了断裂之后、不是在某一时刻,以一种绝对的非一贯性的形式突然确立的。……这些早期著作已经包含了马克思主义,但只是作为一种潜在,当然不是完全的马克思主义”(66)。

阿尔都塞则坚决反对马克思早期和后期思想间存在一致性的论调,实际上,他是“绝对断裂论”的最坚决的拥护者。其论文集《保卫马克思》是论及马克思早期文本的著述中得到最为广泛讨论的文献之一。阿尔都塞的立场是,《关于费尔巴哈的提纲》和《德意志意识形态》标志着马克思思想发展中的一个明显的“认识论断裂”(epistemological break),是对“他过去的哲学(意识形态)信仰”的批判(67)。因此,马克思的著作可分为前后两个本质不同的时期,即“1845年断裂前是意识形态阶段,1845年断裂后是科学阶段”(68)。黑格尔和马克思的思想关系固然重要,但那只涉及[手稿]时期,也即马克思思想的“意识形态-哲学时期”:“青年马克思实际上从来不是黑格尔派,而首先是康德和费希特派,然后是费尔巴哈派。因此,广为流传的所谓青年马克思是黑格尔派的说法是一种神话。相反,种种事实表明,青年马克思在同他‘从前的哲学信仰’决裂的前夕,却破天荒地向黑格尔求助,从而产生了一种为清算他的‘疯狂的’信仰所不可缺少的、奇迹般的理论‘逆反应’”(69)。阿尔都塞因此认为,吊诡的是,[手稿]恰恰标志的是马克思思想发展中“黎明前黑暗的著作偏偏是离即将升起的太阳最远的著作”(70):“离马克思最远的马克思正是离马克思最近的马克思,即最接近转变的那个马克思。马克思在同过去决裂以前和为了完成这一决裂,他似乎只能让哲学去碰运气,去碰最后一次运气,他赋予了哲学对它的对立面的绝对统治,使哲学获得空前的理论胜利,而这一胜利也就是哲学的失败。”(71)

阿尔都塞奇妙的结论是,“我们绝对不能说‘青年马克思是马克思主义’”。阿尔都塞学派就这样在马克思思想发展过程中进行了断然的二分:1845年前的马克思,依然处于费尔巴哈式的哲学人类学阶段;《德意志意识形态》则标志着马克思新历史科学的奠基。在朗西埃的《“批判”概念和“政治经济学批评”:从“手稿”到〈资本论〉》一文(刊发于法文初版《阅读〈资本论〉》中,亦是第一个和最重要的讨论这一思想关系问题的文献)看来,正确理解马克思思想发展的一个主要障碍在于“他从未对于自己所使用的词汇进行过批判”。根据朗西埃的判断,“尽管我们可以只是以断言的形式判定马克思理论活动过程中的断裂……但他本人却从未将这一差异固化和理论化”。有时,如以异化和拜物教为例,“同一术语可用来既表达人类学概念、又表达《资本论》中的观念。[……而且]因为马克思并没有严格地使用这些概念,以至于最初的用词含义几乎使得后来的内涵无路可走”(72)。

阿尔都塞总是坚持认为有“两个马克思”,在其《答刘易斯》一文中,他对自己先前在《保卫马克思》中的某些说法进行了自我反思:“在我的头几篇文章中,我曾提出,在1845年的‘认识论上的断裂’以后(在马克思借以创立历史科学的发现以后),异化和否定的否定(及其他一些)哲学范畴消失了。刘易斯回答说,情况并非如此。他是对的。你们肯定能在《德意志意识形态》、《政治经济学批判大纲》(马克思不曾发表的两部著作)中发现这些概念(直接地或间接地),而且在《资本论》中也能看到这些概念。”(73)尽管如此,他依然重申了自己的基本断言,即在马克思思想发展过程中存在着分水岭:“如果你们看看马克思的全部著作,那么毫无疑问在1845年存在着某种‘断裂’。……‘认识论上的断裂’是一个不归点,……的确,异化这个词语马克思用了好几次。但是这一切在马克思后来的著作中和列宁的著作中都消失不见了。是完全消失不见。因此我们可以简单地说:重要的是倾向。而且马克思的科学著作的确有排除这些哲学范畴的倾向。……但是这还不够。而且这里也是我对自己的自我批评。……我把‘认识论上的(=科学的)断裂’与马克思的哲学革命等同起来了。更确切地说,我没有把马克思的哲学革命从‘认识论上的断裂’分开来。……这是一个错误。……从那以后,我开始‘纠正错误’。……1.不可能把哲学归结为科学,不可能把马克思的哲学革命归结为‘认识论上的断裂’。2.马克思的哲学革命是先于马克思的‘认识论上的断裂’的。它使得这种断裂成为可能。”(74)在其自我反思材料中,阿尔都塞还补充说,1845年,马克思的一些概念如“异化”还会“断断续续地被使用”:“因为从整体来说,除开它们在马克思著作中消失的倾向之外,还有一个必须加以说明的奇怪现象:它们在某些著作中完全消失,然后接着又重新出现。例如,……在《政治经济学批判大纲》(马克思在1857~1858年写的草稿,他不曾发表过)中却多次提到异化”(75)。

根据阿尔都塞的看法,马克思之所以再次使用这一概念,仅仅是因为“他在1858年曾‘偶尔’重读黑格尔的《逻辑学》,并且为之着迷”(76)。然而,这一解释却是无法令人信服的,因为在《政治经济学批判大纲》以及其他有关《资本论》的准备手稿中,马克思就已求助于这个概念,而这些都是发生在他再次阅读黑格尔《逻辑学》之前的。当然,无论如何,马克思对待“异化”概念的方式是完全不同于黑格尔的。对于阿尔都塞来说,它就是一个“哲学概念”,是“马克思科学著述中倾向于予以摒弃的”概念;但实际情况却是,无论是在[手稿]中、《政治经济学批判大纲》中,还是《资本论》(及其其他准备稿)中,这个范畴都在描述资本主义经济和生产系统中的劳动和社会关系特征时扮演着十分重要的角色(77)。

最终,对阿尔都塞主义最有分量的反对,来自于对马克思实际文本的哲学分析,因为,尽管《政治经济学批判大纲》据说是“马克思在1857~1858年写的草稿……但不曾发表过”之作(78),但别忘了《德意志意识形态》也是未完成稿,特别是其中所谓“论费尔巴哈”的第一章,都是(旧)MEGA编辑整理后于1932年首次公开出版的,而阿尔都塞却似乎把它当做一个近乎完整的著作,并主要借助于此构筑其关于“认识论断裂”的学说(79)。关键不是要否认马克思思想发展的成熟和他致力于政治经济学批判工作时经历了重大变化——这一点已经是显而易见的事实,并已为多数论者所赞同——而是要反对阿尔都塞的不恰当做法,即将这一断裂极端理论化;据此,[手稿]和其他早于《政治经济学批判大纲》的文本,就被隔离于马克思主义之外,而非马克思思想发展整体中的组成部分。

即便是在其晚年的《自我批评材料》中,阿尔都塞也没有改变自己的这一立场。他当然也正确地指出了这一事实,即要想在马克思“更早期的著述”中找到《德意志意识形态》手稿中出现的“基本理论概念”(如“生产方式”、“生产关系”和“生产力”等),确系徒劳之举;但他却依然错误地将“异化劳动”排除在马克思思想发展之外,给它贴上纯粹哲学概念的标签。对阿尔都塞来说,马克思的[手稿]“并不是修改后的”政治经济学概念,而且“在他批评他们的时候,他是从哲学上来批评他们,因此是从外部”(80)。而《德意志意识形态》则被认为是一个“空前绝后”的“开创性事件”:它打开了“历史新大陆”。

难以置信的是,仿佛这次“开创性事件”完全是事先安排的,且是在短短几周之内就发生了的。曼德尔(Ernest Mandel)对这一说法进行了批评。在《马克思经济思想的形成》(1967)中,他将阿尔都塞的错误溯及其试图“将[手稿]呈现为一部业已完成的、‘构成为一个整体’的意识形态”。在他看来,阿尔都塞“在反对那种分析-目的论式的方法时是正确的,这种方法只关注作者年轻时期的著作,以便看出这些著作离它的‘目标’有多近,即离其成熟时期的著作有多近。但阿尔都塞却错误地在另一种方法上权衡利弊,这种方法将一个作者发展历程中的连续阶段任意地分割为在意识形态上合乎逻辑的片段,其所依据的托辞就是将每一个意识形态都视为整体”。至于马克思是否在[手稿]中“已经摒弃了所有的哲学沉渣,从而使自己的思维方式完全变成严格的社会学和经济学”,曼德尔的回答是否定的。因为[手稿]标志着“青年马克思开始从黑格尔和费尔巴哈的哲学过渡到对历史唯物主义的思考中。在这一转变过程中,过去的因素不可避免地与未来的因素混合在一起。马克思以自己的方式将这些因素结合起来,即彻底改变黑格尔的辩证法、费尔巴哈的唯物主义和由政治经济学所构建的社会事实。这种结合并不合乎逻辑,它没有产生新的‘体系’、新的‘意识形态’,它呈现给我们的是包含许多矛盾的零散碎片”(81)。

于是在法国,存在主义视[手稿]为具有高度激发作用的文本,基督教神学也视其为人本主义的标杆;而另一群论者则指责[手稿]为年轻人的哲学剩饭、甚或质疑它的合法“马克思主义”身份;还有一些人认为[手稿]是理解马克思后期经济学著述之哲学前提的关键之作。毫无疑问的是,数十年间,[手稿]吸引了很多人的关注,这不仅限于马克思主义学术圈,几乎所有最为热销的哲学著述都不能例外。

五 西方社会主义阵营和英语国家的 [ 手稿 ] 研究
多年来,社会主义阵营(主要指苏联、前东欧)要么忽视[手稿],要么就是给它一个浅显的、有限的解释。斯大林主义意识形态(斯达汉诺夫主义作为其旗帜之一)依然对[手稿]中所明显持有的异化概念保持着深深的敌意。正是因为这个原因,马克思的早期著述——从1930年代开始就被“西方马克思主义”奉为最值得关注的文献——要想在社会主义阵营立足,还有很长的路要走。
前东德论者门德(Georg Mende)的《卡尔-马克思从社会民主主义者到共产主义者的转变》就是其中的明例。无论是1954年的第一版还是1955年的第二版,该书都没有提供任何说明[手稿]的文字,而只是指认其为“重要著述的准备稿”(82)。1960年,仅仅因为无法再继续保持沉默了,门德决心对该书第三版的部分内容进行修改。

在20世纪四五十年代,其他所有论者也都表现出相似的“低评+回避”的复杂态度。这一局面在1950年代后期开始松动。在社会主义阵营内,[手稿]的研究正式启动,并因此带来了大量高质量的相关论著,如卢森伯格(D.I.Rosenberg)的《马克思和恩格斯1840年代经济学理论的发展》(1958年初版)(83)。1961年,《国际马克思主义之光精选》(Recherches Internationales à la Lumière du Marxisme)特刊以“青年马克思”为标题首次以欧洲语言公开出版,里面收录有苏联学术界研究[手稿]的多篇文章。这些作者包括:巴库哈彻(O.Bakouradze)、拉宾(Nikolai Lapin)、博柯林斯基(Vladimir Brouchlinski)、帕基特诺夫(Leonid Pajitnov)和奥特博(A.Outbo)。此外还包括波兰学者沙夫(Adam Schaff)、德国学者沃尔夫冈·雅恩(Wolfgang Jahn)和哈普纳(Joachim Hoeppner),以及意大利共产党总书记陶里亚蒂(84)。这一理论成果尽管仍然带有那个时期的意识形态痕迹,但却是社会主义阵营首次试图解决“青年马克思”问题,以便对“西方马克思主义”一边倒的阐释立场作出回应。有些论文还为思考非系统性阅读马克思文本的可能性问题提供了建言。如帕基特诺夫就指出,在[手稿]中,“马克思的基本观点仍在形成中,还有那些重要构想中的新的世界观也只是初具轮廓。在这些思想中,我们经常会发现马克思不成熟的想法,它们作为马克思进行反思的材料,一方面被打上了理论资源的标签,另一方面马克思也将它们作为对自己学说进行详尽阐述的起点”(85)。

不过,该文集中许多作者的立场还是很成问题的。与这一时期法国所形成的阐释风气(即致力于通过研究早期著述中的范畴来再思考《资本论》中的观念)不同,苏联的研究者一般都会犯相反的错误,即基于马克思后期理论的发展来分析其早期著述。正如阿尔都塞在为该文集所写的评论(标题也是《青年马克思》,稍后作为一章发表在《保卫马克思》一书中)中指出的,他们通过成熟时期的文献来过滤早期的著述(86)。这种对马克思思想的预期式判断,阻碍了他们充分理解马克思早期著述的理论意义。“当然,我们知道青年马克思必将成为马克思,但我们不打算代替马克思去生活,代替他去抛弃旧事物和发现新事物,从而加速马克思的成长过程。我们将不像迎接一名赛跑运动员那样,事先在跑道终点等他,以便他一到终点就给他披上斗篷。因为事情已经过去,马克思也早已到达了终点”(87)。

图切谢瑞尔(Walter Tuchscheerer)的著述却截然不同。实际上,他的书《〈资本论〉之前》(1968)是东欧社会主义阵营国家中研究青年马克思经济思想最优秀的著作之一。该书首次批判考察了“巴黎笔记”和1844年手稿(88)。

在苏联版“辩证唯物主义”教条的影响下,[手稿]的研究进展缓慢,且还面临着严峻的意识形态和政治阻挠;而它在英语国家的传播与接受也并非一帆风顺。事实上,第一个译本所引发的谨慎的兴趣也只是发生在1961年的美国。那时的文化和政治氛围(依然笼罩的是麦卡锡主义)或许影响了出版商下决心以弗洛姆(Erich Fromm)的名义出版该著作,且在弗洛姆写了一长篇导言以介绍这是“马克思主要的哲学著作”(89),并声明“异化概念(the concept of alienation)”(90)之后才下决心予以出版。一时间,众多美国的研究者都重复了这一立场,一致强调马克思的思想源自于黑格尔(91)。不过,这里也有不同的声音(有时只是为了挑战对[手稿]重要性的过分强调),并向相反的方向走得很远。如丹尼尔·贝尔就指出,将黑格尔和马克思视为双生子,不过是“制造了另一个神话”,因为,“如果一伺发现了解答黑格尔政治经济学‘秘密’的答案,马克思立即就会忘掉所有的哲学”(92)。

在两者之间建立某种关联的主要著述,要数塔克(Robert Tucker)的《马克思的哲学和神话》(1961)。该书认为,“[马克思的]思想从早期著述到《资本论》,存在着一种连续性”(93),而且“异化主题贯穿始终”(94)。在有了这样的确信之后他就可以说:“早期著述中所明显呈现的异化哲学,是马克思对主体问题的最后贡献……马克思思想从早期哲学阶段到后期神话阶段的发展,在1844年手稿中已有预兆,《资本论》是其从早期开始的所有思想的逻辑成果”(95)。

在20世纪六七十年代,大多数马克思思想的英美阐释者都倾向于接受这一信条。因此,尽管在早期“巴黎笔记”和已出版了鸿篇巨制的1/4世纪之后的马克思之间并无多大联系,但麦克莱伦在其1970年的《马克思主义以前的马克思》中却依然认为,“1844年夏季里,马克思开始构思一篇政治经济学的批判文章,实际上,这是马克思在1867年写成《资本论》之前一系列草稿的第一篇。”(96)。他还得出结论说,“马克思的早期著作中包括所有后来马克思思想含有的论题,并把它们写了出来。”(97)。

奥尔曼的《异化》(1971年版,其注定是关于“青年马克思”论争中最有影响力的著述之一)也对[手稿]采取了赞赏态度。他写到:“我并不强调马克思思想中的变化,因为我没有看到它有多少改变,尤其是在比较1844年之后马克思主义的本质联系时更是如此”(98);“即使是在出版的《资本论》中,也存在着很多马克思早期的思想和概念,而不是刚刚被认识到的概念。”(99)。这一信条在阿尔都塞学派的统治范围之外得到了最为广泛的接受。费彻尔(Iring Fetscher)就是其翻版,在后者的《马克思和马克思主义》(1967)中,作者指出:“马克思在[手稿]和其他40年代中期的笔记中所确立的批判范畴,仍然是《政治经济学批判大纲》中他对政治经济学进行批判的基础。同样的情况也适用于《资本论》(1867),而且老年马克思也从未放弃使用这些范畴。换言之,[……不仅]对早期著作的阐释有助于我们理解马克思之所以要写政治经济学批判的原因(《资本论》),而且……晚期的政治经济学批判仍间接地、甚至部分直接地包含有对异化和物化的同样批判,而这也是马克思早期著作的核心议题”(100)。

注释

1. 本文中,将沿用MEGA编辑的用法,将马克思原始手稿整理出版时由编辑(梁赞诺夫)所添加的标题名称,都放在中括号(即“[ ]”)里。
2. Karl Marx,“Podgotovitel’nye raboty dlya Svyatogo Semeistva”,ed.by David Ryazanov,Arkhiv K.Marksa i F.Engel’sa,3(1927),pp.247~286.
3. 保存下来的[手稿]共分三个部分,第一部分总共27页,第二部分4页,第三部分41页,其中还应加上对黑格尔《精神现象学》最后一章的内容简介,马克思将其夹在了第三手稿中。参见Marx,“Podgotovitel’nye raboty dlya Svyatogo Semeistva”,op.cit.
4. See David Ryazanov,“Ot reinskoi Gazety do Svyatogo Semeistva”(Vstupitel’s naya stat’s ya),Arkhiv K.Marksai F.Engel’sa,3(1927),pp.103~142.
5. Karl Marx,“Notes sur le communisme et la propriété privée”,La Revue Marxiste,1(February 1929),pp.6~28; andKarl Marx,“Notes sur les besoins,la production et la division du travail”,La Revue Marxiste,5(June 1929),pp.513~538.
6. Karl Marx,“Podgotovitel’nye raboty dlya Svyatogo Semeistva”,ed.by David Ryazanov,in K.Marksa-F.Engels Sochineniya,vol.3,Moscow-Leningrad,1929,pp.613~670.
7. Karl Marx,“Kritik der Hegelschen Dialektik und der Philosophie überhaupt”,Unter dem Banner des Marxismus,5:3(1931),pp.256~275.
8. “National und Philosophie.über den Zusammenhang der National mit Staat,Recht,Moral,und bürgerlichem Leben(1844)”,in Karl Marx,Der historische Materialismus.Die Frühschriften,ed.by Siegfried Landshut and Jacob Peter Mayer,Krner,1932,pp.283~375.
9. Jacob Peter Mayer,“über eine unverffentlichte Schrift von Karl Marx”,Rote Revue,5(1930~1931),pp.154~157.
10. Karl Marx,“Economic-Philosophic Manuscripts of 1844”,in Marx Engels Collected Works,Lawrence & Wishart,1975~2005,vol.3,p.273.也参见《1844年经济学哲学手稿》(单行本),人民出版社,2000,第3页。
11. (32)(33)(34)See Siegfried Landshut and Jacob Peter Mayer,“Vorwort der Herausgeber”,in Marx,Der historische Materialismus.Die Frühschriften,ed.by Siegfried Landshut and Jacob Peter Mayer,Krner,1932,pp.vi ~vii,p.vi,p.xxxviii,p.xiii.
12. Karl Marx,-philosophische Manuskripte aus dem Jahre 1844,MEGA I/3,Marx-Engels-Verlag,1932,pp.29~172.
13. See Jürgen Rojahn,“Der Fall der sog”,“-philosophische Manuskripte aus dem Jahre 1844”,International Review of Social History,28:1(April 1983),p.20; and Jürgen Rojahn,“The Emergence of a Theory:the Importance of Marx’s Notebooks Exemplified by Those from 1844”,Rethinking Marxism,14:4(2002),p.33.
14. (24)See Marx,MEGA,vol.I/3,op.cit.,pp.411~416,p.472(line 2); and MEGA I/3,op.cit.,p.68(line 19).
15. See David Mclellan,Marx after Marxism,Penguin,2nd rev.edn,1972,p.210; or Jacques Rancière,“The Concept of‘Critique’and the‘Critique of Political Economy’(from the 1844Manuscript to Capital)”,Economy and Society,5:3(1976),pp.352~376.
16. Nikolai,Der junge Marx(Berlin:Dietz,1974),pp.303~305.
17. Karl Marx,National und Philosophie,ed.by Erich Thier,Kiepenheuer,1950.
18. 参见Karl Marx,Die Frühschriften,ed.by Siegfried Landshut,Kröner,1953.这一版本,重新印刷了七次,最终于2003年由一个小型历史哲学出版机构出版;Oliver Heins and Richard Sperl,“Editorische und überlieferungsgeschichtliche Anmerkungen”,in ibid.,Kröner,2003,pp.631~652.
19. Karl Marx and Friedrich Engels,Kleine Schriften,Dietz,1955,pp.42~166.
20. Karl Marx and Friedrich Engels,Iz rannikh proizvedennii,Marx-Engels-Verlag,1956,pp.519~642.
21. (25)See Vladimir Brouchlinski,“Note sur I’histoire de la rédaction et de la publication des Manuscrits économicphilosophiques de Karl Marx”,in varii,Sur le jeune Marx,special issue of the journal Recherches Internationales à la lumiere du marxisme,V ~VI:19(1960),p.78,p.79.
22. Karl Marx and Friedrich Engels,Sochineniya,vol.XLII,Politizdat,1974,pp.41~174.
23. Maria Hunink,De Papieren van de Revolutie,International Instituut voor Sociale Geschiedenis,1986.
26. Karl Marx,“-philosophische Manuskripte aus dem Jahre 1844”,in Marx-Engels-Werke.Ergnzungsband.Erster Teil,Dietz,1968,pp.465~588.
27. See Karl Marx,MEGA2I/2,Dietz,1982,pp.187~322and 323~438.
28. 根据第I/2卷的编辑按语,这些包含了“对先前版本的必要修正”(see ibid.,p.35); 关于所有誊写细节,请参见《序言》的各种版本(ibid.,pp.842~852)。
29. SeeMEGA2 I/2,op.cit.,pp.439~444; and Karl Marx,MEGA2IV/2,Dietz,1981,pp.493~500.
30. Victor Adoratskij,“Einleitung”,in MEGA I/3,op.cit.,p.xiii.
31. 事实上,由两名编辑共同署名的导言其实是兰夏特自己所写,这个导言在同一年以一个单独的小作品的形式得以出版,参见Siegfried Landshut,Karl Marx,Charles Coleman,1932.对这一立场的批判,请参见Georg Lukács,Der junge Marx,Neske,1965,pp.12~13.
35. (36)(37)(38)Henri de Man,“Der neu entdeckte Marx”,Der Kampf,XXV:5~6(1932),P.224,P.224,p.276,p.277.
39 .Herbert Marcuse,Studies in Critical Philosophy,New Left Books,1972,p.3f.
40. Georg W.F.Hegel,Jenenser Logik,Metaphysik und Naturphilosophie,ed.by Georg Lasson,Felix Meiner,1923; and Georg W.F.Hegel,Jenenser Realphilosophie,ed.by Johannes Hoffmeister,Felix Meiner,1931.
41. Georg Lukács,The Young Hegel:Studies in the Relations between Dialectics and Economics,Merlin Press,1975,pp.548~549.也参见卢卡奇《青年黑格尔》,王玖兴译,商务印书馆,1963,第116~117页。另一有助于我们认识到[手稿]的革命性影响的文献是卢卡奇接受《新左派评论》的生平访谈:“阅读这些手稿改变了我与马克思主义的整个关系,并且转变了我的哲学视角”。参见““Lukács on his Life and Work”,New Left Review,68(JulyAugust 1971),p.57.Cf.Georg Lukács,Towards the Ontology of Social Being,3vols,Merlin Press,1978~1980.
42. Alexandre Kojève,Introduction to the Reading of Hegel,Ithaca,Cornell University Press,1980.
43. Karl ,From Hegel to Nietzsche,3rd rev.edn,Constable,1965.
44. 这篇论文采取的形式是对马克思的思想进行严肃的编辑导论,参见:Nationalund Philosophie,op.cit,pp.3~127.这篇论文后来以单独著作的形式重印,参见Erich Thier,Das Menschenbild desjungen Marx,Vandenhoeck & Ruprecht,1957.
45. Heinrich Popitz,Der entfremdete Mensch.Zeitkritik und Geschichtsphilosophie des jungen Marx,Verlag fur Recht und Gesellschaft,1953.
46. Jakob Hommes,Der technische Eros:Das Wesen der materialistischen Geschichtsauffassung,Herder,1955.
47. See Adam Schaff,Marxism and the Human Individual,McGraw-Hill,1970,Chapter 1.
48. 参见Ornella Pompeo Faracovi,Il marxismo francese contemporaneo fra dialettica e struttura(1945~1968),Feltrinelli,1972,especially pp.12~18。
49. Henri Lefebvre,“Le marxisme et la pensée franaise”,Les Temps Modernes,137~138(1957),p.114.
50. 参见Maurice Merleau-Ponty,Sense and Non-sense,Evanston,Northwestern University Press,1964。尤其是该书的“马克思主义和哲学”章;Cf.Lars Roar Langset,“Young Marx and Alienation in Western Debate”,Inquiry,6:1(1963),p.11。
51. 参见D’une Sainte Famille à l’autre,Essais sur les marxismes imaginaires,Gallimard,1969,p.44.
52. Pierre Bigo,Marxisme et humanisme,Presses universitaires de France,1953,p.248.
53. Jean-Yves Calvez,La Pensée de Karl Marx,Seuil,1956,p.25.
54. Roger Garaudy,From Anathema to Dialogue:The Challenge of Marxist-Christian Cooperation,Collins,1967.
55. (56)Aron,op.cit.,p.74,p.119.关于加斯顿·费塞德(Gaston Fessard)在这场辩论中的作用,请参见Fessard,Le dialogue catholique-communiste est-ilpossible?,Grasset,1937。
57. (58)(59)Pierre Naville,Le nouveau Léviathan 1.De l’aliénation à la jouissance,Anthropos,1967,p.23,p.22,pp.12~13.
60. Auguste Cornu,Karl Marx—L’homme et l’oeuvre.De l’hégélianisme au matérialisme historique,Felix Alcan,1934.
61. Auguste Cornu,Marx et Engels,4vols,Presses universitaires de France,1955~1970.
62. 这种情况同样存在于埃米尔·博特格利( Bottigelli),他为1960年代早期新翻译出版的[手稿]写了导言。参见émile Bottigelli,“‘Présentation’to Karl Marx”,Manuscrits de 1844,éditions Sociales,1962,especially pp.lxvi ~lxix。
63. Jean Hyppolite,Studies on Marx and Hegel,Harper & Row,1969,pp.148、150.
64. Maximilien Rubel,Karl Marx:Essai de biographie intellectuelle,Rivière,1957,pp.121~123.
65. Kostas Axelos,Alienation,Praxis and Technē in the Thought of Karl Marx,Austin,University of Texas Press,1976,p.45.
66. Henri Lefebvre,The Critique of Everyday Life,vol.1,Verso,1991,pp.79~80.
67. (68)(69)(70)(71)(86)(87)Louis Althusser,For Marx,Allen Lane,1969,p.33,p.34,p.35,p.36,p.159,p.56f,p.70.也参见阿尔都塞《保卫马克思》,顾良译,商务印书馆,2010,第15页;第16页;第18页;第19页;第150页;第40页脚注;第58页。
72. Rancière,op.cit.
73. (74)(75)(76)(78)(80)Louis Althusser,Essays in Self-Criticism,New Left Books,1976,p.65,pp.65~66,p.70,p.70,p.70,p.109.也参见阿尔都塞《自我批评论文集》,杜章智、沈起予译,台湾远流出版事业股份有限公司,1990,第76页;第77~80页;第81~82页;第82页;第82页;第170页。
77. 参见Herbert Marcuse,Reason and Revolution,Humanity Books,1999,p.258;也参见马尔库塞《理性和革命:黑格尔和社会理论的兴起》,重庆出版社,1993,第235页。
79. See Marcello Musto,“Vicissitudini e nuovi studi de L’ideologia tedescha”,Critica marxista,6(2004),pp.45~49; and Terrell Carver,“The German Ideology Never Took Place”,History of Political Thought,XXXI:1(2010),pp.107~127.
81. Ernest Mandel,The Formation of the Economic Thought of Karl Marx,Monthly Review Press,1971,p.158.
82. Georg Mende,Karl Marx’ Entwicklung von revolutionren Demokraten zum Kommunisten,Dietz,1960,p.132.
83. D.I.Rosenberg,Die Entwicklung der Lehre von Marx und Engels in den vierziger Jahren des 19.Jahrhunderts,Dietz,1958.
84. 论文《正确理解拉布里奥拉的思想》在1964年首次发表于意大利共产党的理论刊物《新生》上。该论文展现了[手稿]的重要性如何在一些与苏联有联系的马克思主义者身上变得明显,例如陶里亚蒂。作者认为,“巴黎手稿”“开辟了对资本主义社会的整体批判”,这项理论任务在马克思晚年的著作中成功完成,并在《资本论》中达到顶峰。但是,这项理论任务也可以说在“巴黎手稿”中已经完成了大部分……尽管它的形式并不简单,但是我们仍能感觉到马克思主义的全部已经包含于此了(In Sur le jeune Marx,op.cit.,pp.48~49)。与之相对,德拉·沃尔佩在《卢梭与马克思》(Editori Riuniti,1956)一书中则认为马克思青年时期的主要著作不是“巴黎手稿”(该手稿是作者的经济学哲学“笔记”),而是《黑格尔法哲学批判》,在后一著作中包含了“一种新的哲学方法的一般前提”(p.150)。
85. Léonide Pajitnov,“Les Manuscrits économico-philosophiques de 1844”,in Sur le jeune Marx,op.cit.,p.98.
88. Walter Tuchscheerer,Bevor‘Das Kapital’entstand:die Entstehung der Theorie von Karl Marx,PahlRugenstein,1973.
89. (90)Erich Fromm,Marx’s Concept of Man,Frederick Ungar,1961,p.iv,p.50.
91. 这一发展趋势的先行者是悉尼·胡克,参见他的著作:Towards an Understanding of Karl Marx,Gollancz,1933.
92. Daniel Bell,“The‘Rediscovery’of Alienation:Some Notes along the Quest for the Historical”,The Journal of Philosophy,56:24(1959),p.935and 944.
93. (94)(95)Robert C.Tucker,Philosophy and Myth in Karl Marx,Transaction,2001,p.7,p.169,p.238.三年后,杜娜叶夫斯卡娅在《马克思主义和自由:从1776年至今》提出了一个非常类似的观点:“马克思在早期著作中表达的思想是马克思主义的本质,因为这些思想在之后的39年里马克思从未放弃,并且一直在不断发展。当然,马克思主义变得更为丰富,……但是,马克思从未放弃过他早期的人本主义思想,只不过在其他时期他称之为共产主义”(Marxism and Freedom:From 1776until Today,Pluto Press,1975,p.64)。
96. (97)McLellan,Marx before Marxism,op.cit.,p.162,p.256.也参见戴维·麦克莱伦《马克思主义以前的马克思》,李兴国等译,社会科学文献出版社,1992,第168页;第229页。
98. (99)Bertell Ollman,Alienation:Marx’s Conception of Man in Capitalist Society,Cambridge University Press,1971,p.xiv,p.xv.也参见奥尔曼《异化:马克思论资本主义社会中人的概念》,王贵贤译,北京师范大学出版社,2011,“序言”第6页;“序言”第7页。
100. Iring Fetscher,Marx and Marxism,Herder and Herder,1971,p.9.
101. Shlomo Avineri,The Social and Political Thought of Karl Marx,Cambridge University Press,1968,p.13.
102. (103)(104)(105)(106)(107)Mészáros,op.cit.,p.232,p.17,p.11,p.20,p.23,pp.112~113.
108. 109)Adam Schaff, Alienation as a Social Phenomenon, Pergamon Press,1980,p.49,p.102.
110. 1939~1942的第一版几乎没人知道。参见Ernst Theodor Mohl,“Germany,Austria and Switzerland”; Lyudmila L.Vasina,“Russia and the Soviet Union”,in Karl Marx’s Grundrisse.Foundations of the Critique of Political Economy 150Years Later,ed.by Marcello Musto,Routledge,2008,pp.189~201and 202~212.
111. 这一时期值得一提的著作包括:Solange Mercier-Josa,Pour lire Hegel et Marx,éditions sociales,1980; Retour sur le jeune Marx.Deux études sur le rapport de Marx à Hegel,Meridiens Klincksieck,1986; Christopher J.Arthur,Dialectics of Labour.Marx and His Relation to Hegel,Basil Blackwell,1986; Nasir Khan,Development of the Concept and Theory of Alienation in Marx’s Writings.March 1843to August 1844,Solum,1995.
112. Takahisa Oishi,The Unknown Marx,Pluto,2001; Jean-Louis Lacascade,Les métamorphosesdu jeune Marx,Presses Universitaires de France,2002.
113. 这个书目列表涵盖了截至1982年[手稿]的各种版本。这些版本出自:Karl Marx/Friedrich Engels.Das elende der klassischen deutschen Philosophie.Bibliographie,ed.by Bert Andréas,Schriften aus dem Karl-Marx-Haus,1983,pp.64~72.