A luta contra a escravidão nos EUA
Na primavera de 1861, a política mundial foi sacudida pela eclosão da Guerra Civil Americana. Ela começou rapidamente após a eleição de Abraham Lincoln como presidente dos Estados Unidos, quando sete estados escravocratas declararam sua secessão dos EUA: Carolina do Sul, Mississippi, Florida, Alabama, Geórgia, Luisiana e Texas. Somaram-se a eles Virgínia, Arkansas, Tennessee, Carolina do Norte e, posteriormente, Missouri e Kentucky (embora estes dois últimos não tenham proclamado oficialmente sua separação). O conflito sangrento que se sucedeu tomou aproximadamente 750.000 vidas entre os Confederados (que eram a favor da manutenção e expansão da escravidão) e a União (os estados leais à Lincoln, ainda que em alguns casos considerando a escravidão legal).
Marx imediatamente se pôs a estudar a situação e, no começo de julho, escreveu à Engels: “O conflito entre Sul e Norte […] finalmente chegou ao ponto culminante (se desconsideramos as novas exigências desavergonhadas da ‘cavalaria’ ) devido ao peso que o extraordinário desenvolvimento dos estados do noroeste colocou na balança.” Na visão de Marx, nenhum dos componentes do movimento separatista tinha qualquer legitimidade; esses movimentos deveriam ser considerados como “usurpações”, já que “em nenhum momento eles deixaram o povo votar em massa”. De todo modo, o que estava em questão não foi apenas a “secessão do Norte, mas também consolidar e intensificar a oligarquia dos 300.000 senhores de escravos no Sul.” (MARX, [1861c] 1985, p.300-1) Alguns dias depois, ele observou que “o assunto [foi] erroneamente representado no noticiário britânico”, já que em todo o lugar, exceto na Carolina do Sul, “havia a mais firme oposição à secessão.” (MARX, [1861d] 1985, p.305) Além do mais, em lugares nos quais a consulta eleitoral era permitida – “apenas poucos” dos estados no Golfo do México possuíam um “voto popular adequado” – ela ocorria em condições censuráveis. Na Virgínia, por exemplo, “uma enorme massa de tropas confederadas foi repentinamente posicionada no território” e “sob sua proteção legal (deveras bonapartista, isso), ela votou pela secessão” – ainda assim, “apesar do terrorismo sistemático”, houveram “50.000 votos” pela União. O Texas, que, “depois da Carolina do Sul, [possuía] o maior terrorismo e partido escravocrata”, ainda registrou “11.000 votos a favor da União”. No Alabama, não havia “voto popular nem pela secessão nem pela nova constituição”, e só foi possível a maioria de 39/61 dos delegados da convenção a favor da secessão em razão do fato de que sob a Constituição “cada escravocrata também votava por 3/5 dos seus escravos.” (MARX, [1861d] 1985, p.306-7). No caso da Luisiana, na “eleição de delegados para a convenção” foram proferidos mais votos pela União ao invés da secessão, mas um número suficiente de delegados desertou para reverter o jogo (MARX, [1861d] 1985, p.307).
Tais considerações nas cartas de Marx à Engels foram complementadas por argumentos ainda mais importantes em suas obras jornalísticas. Em adição às esporádicas contribuições com o New-York Tribune, em outubro de 1861, ele começou a escrever também para o diário liberal vienense Die Presse que, com seus 30.000 assinantes, foi o mais amplamente lido jornal na Áustria e um dos mais populares onde quer que se falasse a língua alemã. O tema central desses artigos – que também incluíam relatórios sobre a segunda invasão da França ao México – eram os efeitos econômicos da guerra norte-americana contra a Grã-Bretanha. Em particular, Marx se concentrou no desenvolvimento do comércio e da situação financeira, bem como em avaliar as tendências na opinião pública. Portanto, em Um encontro de trabalhadores londrinos (1862), ele expressou satisfação em relação às demonstrações organizadas pelos trabalhadores ingleses que, apesar de “não representados no Parlamento”, tinham conseguido exercer sua “influência política” (MARX, [1862b] 1984, p.153) e impediram uma intervenção militar da Grã-Bretanha contra a União.
Similarmente, Marx escreveu um artigo inspirado para o New-York Tribune, após o Caso Trent, quando a Marinha dos EUA prendeu de maneira ilegal dois diplomatas confederados a bordo de um navio britânico. Os Estados Unidos, escreveu Marx, não deveriam se esquecer “de que pelo menos as classes trabalhadoras da Inglaterra nunca os abandonaram”. Para elas, “a paz oscilava na balança” porque “apesar dos estímulos venenosos diariamente administrados por uma imprensa corrupta e irresponsável, não era possível realizar uma única reunião de guerra no Reino Unido durante todo o período”. (MARX, [1862a] 1984, p.137) A “atitude das classes trabalhadoras britânicas” seria ainda mais valorizada quando colocada lado a lado com “o bullying, a conduta hipócrita, covarde e estúpida da oficial e abastada figura do John Bull”; coragem e consistência de um lado, incoerência e autocontradição de outro. Em uma carta que escreveu à Lassalle em maio de 1861, ele comentou: “o todo da imprensa oficial na Inglaterra era, claro, a favor dos escravocratas. Eles são os mesmos sujeitos que fatigaram o mundo com sua filantropia comercial antiescravista. Mas algodão é algodão!” (MARX, [1861a] 1985, p.291)
Os interesses de Marx quanto à Guerra Civil vão além do possível impacto para a Grã-Bretanha; ele queria, acima de tudo, iluminar a natureza do conflito. O artigo que escreveu para o New-York Tribune alguns meses depois que a guerra eclodiu é um bom exemplo disso: “O povo da Europa sabe que uma luta pela continuidade da União é uma luta contra a continuidade da escravocracia – que nesta disputa a forma mais elevada de autogoverno popular já realizada até agora está dando embate à mais vil e vergonhosa forma de escravidão humana já registrada nos anais da história” . (MARX, [1861f] 1984, p.30)
Em alguns dos artigos para a Die Presse, Marx analisou em maior profundidade os argumentos dos dois lados opositores. Ele começou demonstrando a hipocrisia dos partidários ingleses liberais e conservadores. Em A guerra civil norte-americana (25 de outubro de 1861), ele ridicularizou a “descoberta brilhante” do The Times, então um proeminente jornal britânico, de que foi “uma mera guerra tarifária, uma guerra entre um sistema protecionista e um sistema de livre comércio” e sua conclusão de que os britânicos não tinham escolha senão declarar suporte ao “livre comércio” representado pela confederação do sul. Alguns semanais, incluindo o The Economist e o The Saturday Review, deram um passo além e insistiram que “a questão da escravidão […] não tinha absolutamente nada a ver com essa guerra”. (MARX, [1861e] 1984, p.32-33)
Ao se opor à essas interpretações, Marx chamou atenção para as razões políticas por trás do conflito. Sobre os proprietários de escravos do Sul, assinalou que seu objetivo central era manter controle do senado e, portanto, “influência política sobre os Estados Unidos”. Para isso, era necessário conquistar novas regiões (como havia acontecido em 1845 com a anexação do Texas) ou transformar partes existentes dos EUA em “estados escravistas”. (MARX, [1861e] 1984, p.33) Os defensores da escravidão na América do Norte eram “uma pequena oligarquia que sempre [foi] confrontada com muitos milhões dos assim chamados brancos pobres, cujos números haviam crescido constantemente por meio da concentração da propriedade de terra e cuja condição só se compara àquela dos plebeus romanos no período de extremo declínio da Roma”. (MARX, [1861e] 1984, p.40-41) Portanto, a “aquisição e perspectiva de aquisição de novos territórios” foi a única maneira possível de coincidir os interesses dos pobres com aqueles dos proprietários de escravos, para dar uma direção inofensiva à sua sede incansável de ação e para domá-los com a perspectiva de um dia se tornarem eles próprios donos de escravos”. Por outro lado, Lincoln perseguia o objetivo do “confinamento rigoroso da escravidão dentro de seu antigo terreno”, o que “inevitavelmente levaria, de acordo com a lei econômica, à sua extinção gradual” e, portanto, à aniquilação da “hegemonia” dos “estados escravistas”. (MARX, [1861e] 1984, p.41)
Marx usou seu artigo para argumentar o oposto: “o movimento como um todo estava e é baseado, como se vê, na questão da escravidão. Não no sentido de se os escravos nos estados escravistas devem ser completamente emancipados ou não, mas sim se os 20 milhões de homens livres do Norte deveriam continuar a se submeter a uma oligarquia de 300.000 escravocratas”. O que estava em jogo – e Marx baseava nisso o seu insight sobre o mecanismo expansivo da forma econômica – era “se os vastos territórios da república deveriam ser incubadoras para os estados livres ou para a escravidão; [e] se a política nacional da União deveria usar enquanto um dispositivo seu a disseminação armada da escravidão no México, América Central e do Sul” . (MARX, [1861e] 1984, p.41)
Essas análises realçam o abismo que separa Marx de Giuseppe Garibaldi, que havia rejeitado a oferta de um posto de comando no exército do Norte com a justificativa de que se tratava apenas de uma disputa por poder que não dizia respeito à emancipação dos escravos. Sobre a posição de Garibaldi e sua tentativa fracassada de restaurar a paz entre os dois lados, Marx comenta com Engels que: “Garibaldi, o jumento, fez a ele próprio de trouxa com sua carta aos ianques promovendo harmonia.” (MARX, [1861b] 1985, p.293). Enquanto Garibaldi falhou em entender os verdadeiros objetivos e possibilidades no processo em curso, Marx – como um não-maximalista alerta para os possíveis desenvolvimentos históricos – imediatamente percebeu que o resultado da Guerra Civil Norte-Americana seria decisivo em escala mundial para pôr em movimento o relógio da história no caminho da escravidão ou da emancipação.
Em novembro de 1864, confrontado com o rápido e dramático desenrolar dos eventos, Marx pediu a seu tio Lion Philips para refletir sobre “como, na época da eleição de Lincoln [em 1860], era apenas uma questão de não fazer mais concessões aos donos de escravos, quando agora o objetivo declarado, e que em parte já havia sido realizado, era a abolição da escravidão”. E adicionou: “deve-se admitir que nunca tamanha revolução ocorreu com tamanha rapidez. Ela terá uma influência extremamente benéfica para todo o mundo.” (MARX, [1864b] 1987, p.48).
Abraham Lincoln e Andrew Johnson
A reeleição de Lincoln em novembro de 1864 ofereceu à Marx a ocasião para expressar, em nome da Associação Internacional dos Trabalhadores, uma mensagem de felicitações contendo uma clara importância política: “se a resistência ao poder escravo era a palavra de ordem de sua primeira eleição, o triunfante grito de guerra de sua reeleição é morte à escravidão.” (MARX, [1864c] 1985, p.19)
Alguns representantes da classe dominante sulista haviam declarado que “a escravidão [era] uma instituição beneficente”, e até pregavam que era “a única solução para o grande problema da relação do trabalho com o capital” . (MARX, [1864c] 1985, p.19) Decorre daí a disposição de Marx em colocar as coisas nos seus devidos lugares:
A classe trabalhadora da Europa entendeu de uma vez, antes mesmo que o partidarismo fanático das classes superiores para com o senhorio da Confederação tivesse dado seu sombrio aviso, de que a rebelião dos donos de escravos iria soar como sinal de guerra para uma cruzada sagrada da propriedade contra o trabalho, e que para os homens do trabalho, com suas esperanças de futuro, mesmo as conquistas do passado estariam em risco naquele tremendo conflito do outro lado do Atlântico. (MARX, [1864c] 1985, p.20)
Marx então tocou em um assunto não menos importante:
Enquanto os trabalhadores, o verdadeiro poder político do Norte, permitiram que a escravidão sujasse sua própria república; enquanto diante do Negro, subjugado e vendido sem seu consentimento, eles se gabavam do mais alto privilégio do trabalhador de pele branca de vender a si mesmo e escolher seu próprio senhor; eles foram incapazes de obter a verdadeira liberdade do trabalho ou de apoiar seus irmãos europeus em sua luta por emancipação. (MARX, [1864c] 1985, p.20)
Um argumento muito similar é feito em O capital, livro I, onde Marx sublinha enfaticamente que “nos Estados Unidos da América do Norte, todo movimento operário independente ficou paralisado durante o tempo em que a escravidão desfigurou uma parte da república. O trabalho de pele branca não pode se emancipar onde o trabalho de pele negra é marcado a ferro”. Contudo, “da morte da escravidão brotou imediatamente uma vida nova e rejuvenescida. O primeiro fruto da guerra civil foi o movimento” por uma jornada diária de trabalho de oito horas. (MARX, [1867] 1976, p.414)
Marx estava bem consciente das posições políticas moderadas de Lincoln , e ele não encobriu os preconceitos raciais de alguns de seus aliados. Mas ele sempre enfatizou de maneira clara, sem nenhum sectarismo, as diferenças entre o sistema escravocrata no Sul e o sistema baseado em trabalho assalariado no Norte. Ele compreendia que, nos Estados Unidos, estavam sendo formadas as condições para demolir uma das mais infames instituições do mundo. O fim da escravidão e da opressão racial permitiria ao movimento global dos trabalhadores que operassem em uma conjuntura mais favorável à construção de uma sociedade sem classes e de um modo de produção comunista .
Com isso em mente, Marx escreveu a Mensagem da Associação Internacional dos Trabalhadores para o presidente Johnson, que havia sucedido Lincoln após seu assassinato em 14 de abril de 1865. Marx queria lembrar a Andrew Johnson que, com sua eleição presidencial, ele havia recebido “a tarefa de arrancar pela raiz a lei que havia sido cortada pela espada”: isto é, “presidir sobre o árduo trabalho de reconstrução política e regeneração social…; para iniciar uma nova era de emancipação do trabalho.” (MARX, [1865a] 1985, p.100)
Alguns anos depois, em nome da Internacional, Marx enviou uma Mensagem para a União Nacional dos Trabalhadores dos Estados Unidos (1869). Ele estava bem ciente – escreveu – que “o sofrimento das classes trabalhadoras partiu como um florete o luxo modernizado dos aristocratas financeiros … e vermes semelhantes criados pelas guerras.” (MARX [1869] apud MUSTO, 2014, p. 259) Contudo, não se deve esquecer que “a Guerra Civil Americana compensou por libertar o escravo e ímpeto moral decorrente”. “De você,” ele conclui, “depende a gloriosa tarefa de provar para o mundo que agora, finalmente, as classes trabalhadoras estão percorrendo a cena da história não mais como criados servis, mas como atores independentes, conscientes de sua própria responsabilidade.” (MARX [1869] apud MUSTO, 2014, p.260)
A questão da revolução polonesa e o papel reacionário da Rússia
Quanto às refinadas contribuições analíticas que Marx escreveu para o Die Presse, apenas uma parte delas chegou a ser publicada. Em fevereiro de 1862 ele escreveu à Engels que, “em vista do atual estado de podridão das questões na Alemanha”, o jornal vienense ainda não havia se mostrado a “vaca leiteira que ele poderia ter sido” para escorar suas finanças miseráveis. Os “companheiros” tinham impresso, talvez, “um a cada quatro”, de forma que ele não apenas havia falhado em ganhar o suficiente para atenuar as circunstâncias de sua família, mas também sofreu de “perda de tempo” e o incômodo de “ter que escrever sobre um tópico específico, quer o gracioso conselho editorial seja condescendente em concordar com o imprimatur do artigo ou não.” (MARX, [1862c] 1985, p.340) Marx repetiu a questão em abril, em um comentário sarcástico que ele enviou à Engels: “em sua Nova ciência, Vico diz que a Alemanha é o único país da Europa onde ainda se fala uma ‘lingua heróica’. Se ele tivesse tido o prazer de entrar em contato com o Presse de Viena ou o National-Zeitung de Berlin, o velho Napolitano teria abandonado essa ideia pré-concebida.” (MARX, [1862d] 1985, p.353-54) Pelo fim de 1862, Marx decidiu romper suas colaborações com o jornal austríaco. Dentro de pouco mais de um ano, ele havia conseguido publicar um total de 52 artigos, alguns deles escritos com a ajuda de Engels.
Apesar de os eventos que abalaram os Estados Unidos terem sido a principal preocupação de Marx na política internacional, ele também perseguiu com seu habitual interesse todos os principais desenvolvimentos na Rússia e no leste europeu. Em uma carta de junho de 1860 para Lassalle, Marx faz alguns argumentos a respeito de um de seus maiores enfoques políticos: sua oposição à Rússia e seus aliados Henry Palmerston e Luís Bonaparte. Ele tentou convencer Lassalle de que não havia nada de ilegítimo na convergência entre as posições de seu “partido” e aquelas de David Urquhart, um político com visões românticas partidário do Tory. A respeito de Urquhart – quem teve a audácia de republicar, para fins anti-russos e antiliberais, os artigos de Marx contra Palmerston que haviam aparecido no órgão dos cartistas ingleses no início dos anos 1850 – ele escreveu: “ele é … subjetivamente reacionário … isso de forma alguma inviabiliza o movimento da política externa, da qual ele é o líder, de ser objetivamente revolucionário. Para mim [… a posição pessoal de Urquhart] é uma questão totalmente indiferente, da mesma forma que, digamos, em uma guerra contra a Rússia também seria indiferente para você se, ao atirar nos russos, os motivos do seu vizinho na linha de tiro fossem preto, vermelho e dourado, [i. e., nacionalistas] ou revolucionários.” (MARX, [1860] 1985, p.152-53) Marx continuou: “E não é preciso dizer que, em política externa, ganha-se pouco usando slogans como ‘reacionário’ e ‘revolucionário’.” (MARX [1860] in MUSTO, 2018, p.132)
Sempre vigilante para sinais de uma revolta que pudesse limitar o papel reacionário da Rússia na política europeia, Marx escreveu para Engels no começo de 1863 (logo após a revolta polonesa de janeiro e da imediata oferta de Bismarck para ajudar a suprimi-la) que “a era da revolução est[ava] agora mais uma vez aberta na Europa.” (MARX, [1863a] 1985, p.453) E quatro dias depois, ele refletiu: “Os assuntos poloneses e a intervenção da Prússia de fato representam uma combinação que nos impele à falar.” (MARX, [1863b] 1985, p.455)
Dada a importância desses eventos, Marx não pensou que seria suficiente para eles falar apenas através de artigos publicados. Ele sugeriu, portanto, a imediata emissão de um manifesto em nome da Associação Educacional dos Trabalhadores Alemães em Londres, que se mantinha próxima de suas posições políticas. Isso o daria cobertura caso ele procedesse com a ideia de requerer a cidadania alemã e “retornar à Alemanha”. Engels deveria escrever a “parte militar” desse pequeno texto, focando nos “interesses políticos e militares da Alemanha na restauração da Polônia”, enquanto Marx assumiria a “parte diplomática.” (MARX, [1863b] 1985, p.455). Quando, em 18 de fevereiro de 1863, a câmara dos deputados condenou a política do governo e emitiu uma resolução no sentido de neutralidade, Marx disparou com entusiasmo: “devemos ter uma revolução em breve.” (MARX, [1863d] 1985, p.461). Tal como ele a via, a questão polonesa oferecia “mais uma circunstância para provar que é impossível prosseguir com os interesses alemães enquanto continuar a existir um estado próprio dos Hohenzollerns.” (MARX, [1863e] 1985, p.462). A oferta de Bismarck para apoiar o tzar Alexandre II, ou sua autorização para que “a Prússia tratasse seu território [o da Polônia] como Russo” (MARX, 1981, p.89) , deu a Marx mais motivação política para completar seu plano.
Foi nesse período, portanto, que Marx embarcou em outro de seus minuciosos projetos de pesquisa. Em uma carta que enviou à Engels no final de maio, ele reportou que nos meses anteriores – além de economia política – ele esteve estudando aspectos da questão polonesa; isso o permitiu “preencher as lacunas em [seu] conhecimento (diplomático, histórico) da questão russa-prussiana-polonesa.” (MARX, [1863f] 1985, p.474) Portanto, entre fevereiro e maio, ele havia escrito um manuscrito intitulado Polônia, Prússia e Rússia (1863), no qual documentou bem a sujeição histórica de Berlim à Moscou. Para os Hohenzollerns, “o progresso da Rússia represent[ou] a lei de desenvolvimento da Prússia”; “Não [havia] Prússia sem Rússia”. Para Marx, ao contrário, “a restauração da Polônia significa[va] a aniquilação da Rússia de hoje, o cancelamento de sua aposta de hegemonia global.” (MARX, 1981, p.7) Pela mesma razão, “a aniquilação da Polônia, sua definitiva entrega à Rússia, [significaria] o declínio certo da Alemanha, o colapso da única barragem que segura o dilúvio universal eslavo.” (MARX, 1981, p.7) O texto planejado nunca chegou a ver a luz do dia. Nessa ocasião, a responsabilidade claramente recai sobre Engels (que escreveria a parte mais substancial, sobre os aspectos militares), enquanto a “parte diplomática” de Marx, a qual ele estaria “pronto para fazer a qualquer momento”, era para ser “apenas um apêndice.” (MARX, [1863c] 1985, p.458) Em outubro, todavia, Marx conseguiu publicar uma Proclamação da Sociedade Educacional dos Trabalhadores Alemães em Londres sobre a Polônia (1963), o que o ajudou a levantar fundos para os combatentes pela liberdade polonesa. Ela começou com uma proclamação retumbante: “A questão polonesa é a questão alemã. Sem uma Polônia independente não pode haver uma Alemanha unida, nenhuma emancipação da Alemanha da dominação russa que se iniciou com a primeira repartição da Polônia”. (MARX, [1863g] 1984, p.296) Para Marx, enquanto “a burguesia alemã assistia, calada, passiva e indiferente, ao massacre da heroica nação que sozinha ainda proteg[ia] a Alemanha do dilúvio moscovita”, a “classe trabalhadora inglesa”, “que [tinha] conquistado honra histórica imortal para si própria ao frustrar as repetidas tentativas das classes dominantes de intervir em nome dos escravocratas norte-americanos”, continuaria a lutar ao lado dos insurgentes poloneses. (MARX, [1863g] 1984, p.297)
Esse conflito, que durou mais de um ano, foi o mais longo já travado contra a ocupação russa. Ele chegou ao fim apenas em abril de 1864, quando os russos, tendo executado os representantes do governo revolucionário, finalmente esmagaram a revolta. Em maio, as tropas russas também completaram a anexação do norte do Cáucaso, colocando fim a uma guerra que havia começado em 1817. Mais uma vez, Marx mostrava perspicácia, e ao contrário “do resto da Europa” – “que assistia com idiota indiferença” – ele considerava “a supressão da insurreição polonesa e a anexação do Cáucaso” como “os dois eventos mais importantes já acontecidos na Europa desde 1815.” (MARX, [1864a] 1985, p.538)
O apoio à luta polonesa durante e depois da Internacional
Marx continuou a se ocupar com a questão polonesa, que surgiu várias vezes no debate dentro da Internacional. De fato, o encontro preparatório mais importante da fundação da Internacional aconteceu em julho de 1863 e foi organizado porque um número de organizações de trabalhadores franceses e ingleses havia se encontrado em Londres especificamente para expressar solidariedade ao povo polonês contra a ocupação tzarista.
Posteriormente, três meses após o nascimento da Internacional, em uma reunião da Comissão Permanente do Conselho Geral acontecida em dezembro de 1864, o jornalista Peter Fox argumentou em sua fala sobre a Polônia que “os franceses [haviam sido] tradicionalmente mais solidários [com os polacos] do que os ingleses”. Marx então não contestou isso, mas, quando ele escreveu para Engels, já havia “desdobrado um quadro historicamente irrefutável de traições francesas constantes da Polônia, de Luís XV até Bonaparte III”. Foi nesse contexto que ele rascunhou um novo manuscrito, que mais tarde ficou conhecido como Polônia e França (1864). Escrito em inglês, ele cobria o intervalo de tempo desde a Paz de Westphalia, em 1648, até 1812.
Um ano depois, em setembro de 1865, logo após a conferência da Internacional acontecida em Londres, Marx propôs um projeto de agenda para a política externa do movimento trabalhador na Europa. Enquanto uma de suas prioridades, ele indicou “a necessidade de eliminar a influência moscovita da Europa aplicando o direito de autodeterminação das nações, e o reestabelecimento da Polônia sobre uma base democrática e social (MARX, [1865b] 1987, p.400). Levou décadas para que isso acontecesse.
Marx continuou a apoiar a causa polonesa também após a dissolução da Internacional. No outono de 1875, ele foi convidado a falar em uma reunião sobre a liberação da Polônia, mas precisou recusar em razão de seu estado de saúde precário. Na carta que enviou ao publicitário e ativista político Pyotr Lavrov, onde explica sua ausência, ele deixou claro que, se tivesse feito sua fala, poderia apenas ter reafirmado a opinião que manteve por mais de trinta anos – a de que “a emancipação da Polônia é um dos pré-requisitos da emancipação da classe trabalhadora na Europa.” (MARX, [1875] 1991, p.111).
O caso da Polônia demonstra que Marx, quando confrontado com os grandes eventos históricos em muitos lugares distantes, foi capaz de apreender o que estava acontecendo no mundo e contribuir para sua transformação. Essa perspectiva internacionalista precisa urgentemente ser revivida nos movimentos atuais de esquerda.
Tradução: Álvaro Martins
Notas
1. Professor de teoria sociológica na Universidade de York, Toronto, Canadá, e autor de inúmeros livros, capítulos de livro e artigos acadêmicos publicados em diversas línguas ao redor do mundo. No Brasil, a editora Boitempo lançou seus livros Trabalhadores, uni-vos! Antologia política da I Internacional (2014) e O velho Marx: uma biografia de seus últimos anos [1881-1883] (2018). Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0911-5907. E-mail: marcello.musto@gmail.com.
2. Doutorando em economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Membro do Núcleo Interdisciplinar de estudos e pesquisas sobre Marx e o Marxismo (NIEP-Marx) e do Grupo de estudos e pesquisas sobre ontologia crítica (Gepoc) – http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/227143. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7135157368229858. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9630-7108. E-mail: alvaromsiqueira@gmail.com.
3. Esse era o nome usado por Marx para se referir aos senhores de engenho sulistas.
4. O censo de 1860, com o qual Marx ainda não estava familiarizado no momento em que escrevia, registrou pouco mais de 394.000 senhores de escravos, ou 8 por cento das famílias norte-americanas. O número de escravos, contudo, totalizou 3.950.000. Ver Departamento do Censo dos Estados Unidos: “A população dos Estados Unidos em 1860, compilada dos resultados originais do Oitavo Censo sob a Secretaria de Interior”. Washington: Escritório governamental de imprensa, 1866.
5. Sobre o pensamento de Marx a respeito da escravidão, ver BACKHAUS (1974).
6. Sobre o caráter “inerentemente expansionista da escravidão sulista”, ver BLACKBURN (2011, p.21).
7. [M.M.] Tradução modificada.
8. Marx estava aqui citando uma fala do senhor de escravos A. Stephens in Savannah, em 21 de março de 1861, que foi publicada no New-York Daily Tribune em 27 de março de 1861.
9. [N.T.: trecho traduzido da edição brasileira: O capital, livro 1. São Paulo: Boitempo, 2013, p. 372.]
10. Sobre as diferenças entre os dois, ver também o recente trabalho: KULIKOFF (2018).
11. “Derrotar o poder escravista e libertar os escravos não destruiria o capitalismo, mas criaria condições bem mais favoráveis para organizar e elevar o trabalho, seja ele branco ou negro. Marx retratou os abastados senhores de escravos como semelhantes aos aristocratas europeus, e sua remoção enquanto uma tarefa em prol da revolução democrática que ele havia defendido no Manifesto Comunista enquanto o objetivo imediato dos revolucionários alemães.” (BLACKBURN, 2011, p.13, tradução livre)
12. Ver MARX, [1853] 1979, p.341-406.
13. Dentre os numerosos estudos dedicados às concepções políticas de Marx sobre a Rússia, ver RJASANOW (1909) e RABEHL (1977). Ver também BONGIOVANNI (1989), especialmente p.171-189.
14. Ver também MARX [1863] 1985, p.458, e ENGELS [1863] 1985, p.459.
15. Para uma coletânea tematicamente organizada dos manuscritos de Marx sobre a Polônia, ver MARX (1961). E para uma edição cronológica baseada na data de elaboração, ver MARX (1971).
16. Ver introdução de Bongiovanni (1981, p.xxv, tradução livre): “Para Marx, um observador apaixonado do grande jogo, a solução para os problemas estava em alguma medida atrelada à perigosa persistência das características arcaicas que resistiam ao progresso social […] era de certa forma preliminar à luta final, isto é, à resolução de contradições peculiares ao mundo dominado pelo modo capitalista de produção.”
Referências
BACKHAUS, Wilhelm. Marx, Engels und die Sklaverei. Düsseldorf: Schwann, 1974.
BLACKBURN, Robin. An unfinished revolution: Marx and Lincoln. London: Verso, 2011.
BONGIOVANNI, Bruno (1989). Le repliche della storia. Turim: Bollati Boringhieri, 1989.
ENGELS, Friedrich. Carta de Engels para Marx, 21 de fevereiro de 1863. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Marx & Engels collected works (MECW), v.41: Marx and Engels: 1860-64. New York: Lawrence & Wishart, 1985.
KULIKOFF, Allan. Abraham Lincoln and Karl Marx in dialogue. New York: Oxford University Press, 2018.
MARX, Karl. Lord Palmerston, 1853. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Marx & Engels collected works (MECW), v.12: Marx and Engels 1853-1854. New York: Lawrence & Wishart, 1979. p.341-406.
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